Cartazes pretos estampam as lojas do Distrito Federal com descontos, queimas de estoque e promoções de uma das datas mais esperadas para o comércio no ano, a Black Friday. As ofertas começaram, oficialmente, nesta sexta-feira (27/11), mas os lojistas aproveitaram o bom momento para tentar minimizar as perdas provocadas pela pandemia e estenderam o evento até domingo. Segundo pesquisa do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), as vendas podem subir 3% na data deste ano, contra um aumento de 4% em 2019. O levantamento mostra que tem descontos acima de 45%, movimentando R$ 230 milhões, com gasto médio de compras entre R$ 210 e R$ 250, na capital.
“Como dia 30 é feriado, as vendas podem durar até segunda-feira. As pessoas ficaram ansiosas com a Black Friday, o movimento nos shoppings, lojas e sites está muito bom. O lojista sabe que não tem como enganar o consumidor, dizendo que tem um desconto de 40%, mas na verdade é só 5%, porque as pessoas pesquisam muito os preços, a internet contribui com isso”, avalia o presidente do Sindivarejista-DF, Edson de Castro. Para ele, as novas tendências de consumo e hábitos de vida deste ano de pandemia e isolamento social influenciam diretamente nos tipos de produtos mais comprados. “Os eletrodomésticos são mais procurados, até porque, aos finais de ano, lançam modelos novos, e os antigos são colocados em liquidações. Celulares e televisores são os mais vendidos, principalmente, pela internet. Nas lojas físicas, perfumaria e sapato aquecem, como uma antecipação do Natal”, diz Edson.
Ricardo Alves, 41 anos, renovou os eletrodomésticos de casa. “Comprei um micro-ondas que achei em uma boa promoção, porque vi diferenças grandes de preço de uma loja para outra. Nos últimos meses, adquiri um grill e uma fritadeira para nossa cozinha”, detalha o segurança, morador de São Sebastião. Além de renovar a casa e atualizar os aparelhos eletrônicos, o brasiliense também têm direcionado compras pensando no bem estar. É isso que observa Maurízio Rodrigues Golçalves, 29 anos, gerente da Bio Mundo do Conjunto Nacional.
“Percebemos uma tendência de alimentação saudável em todas as unidades da rede, as pessoas abriram mais a cabeça para isso este ano. Nessa Black Friday, fizemos promoções de até 40%, com produtos saindo a preço de custo. O movimento não é o mesmo de outros anos, mas também percebemos um e-commerce muito forte, então damos opções aos clientes de compras pelo site, com delivery, nossas redes sociais dando suporte mostrando produtos”, conta.
Internet
O Sindivarejista aponta que as vendas pela internet representaram 41% do faturamento das lojas na Black Friday em 2019, algo que deve crescer em 2020 por conta das recomendações de distanciamento social. Expectativa é de que chegue a 60% até a noite de domingo. Camila Canuto, 43, é gerente de uma loja de roupas e diz que o ambiente virtual chegou para ficar. “As pessoas estão comprando mais on-line, com as opções que demos de trocar o produto em uma loja física, assim, não tem erro. Este ano, o cliente pode esperar promoções de roupas que ficaram no estoque durante o fechamento do comércio, trabalhamos com peças que chegam a 80% de desconto”, calcula.
Há, também, quem goste de aliar os dois ambientes, virtual e presencial. Bruna Sabóia, 24, conta que cada um deles tem benefícios. “Esses dias, usei um aplicativo que mostra as promoções do mesmo produto em diferentes sites. Mas, nas lojas físicas, gosto de ver a qualidade do que estou comprando, é mais fácil verificar. Aproveitei a data e esses descontos para levar um filtro, uma blusa e um brinquedo para meu filho”, explica a estudante, mãe de Davi Sabóia, 2 anos. Marta Lima, 41, usa todos os artifícios para encontrar o melhor preço. “Pesquisei na internet e pesquisei nas lojas do shopping antes de comprar uma batedeira e um liquidificador. A gente tem que fazer isso, porque, senão, compra por um valor e, depois, encontra bem mais barato”, aconselha a auxiliar de serviços gerais.
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Francisco Maia lembra que o pequeno empresário foi o que mais sofreu com a crise econômica dos últimos meses, mas pode aproveitar a data para inovar. “O que falamos, todo dia, é que os empresários precisam se adaptar a esse ambiente da internet. Os pequenos negócios precisam de ferramentas on-line, porque podem perder espaço para grandes empresas. Até do ponto de vista da economia local, isso é ruim, diminui o faturamento da região”, pontua. Com a proximidade da data mais aguardada pelo varejo, Francisco crê em bons números. “Uma pesquisa nossa mostrou que o Distrito Federal deve ter um crescimento de 2,2% nas vendas do Natal deste ano, e a Black Friday é como se fosse uma prévia natalina”.
Segurança
A intensificação do e-commerce traz alternativas ao consumidor, mas acende alertas. Especialistas em segurança digital ressaltam que, neste período da Black Friday, aumentam os casos de golpes pela internet. Para evitar cair em armadilhas, algumas dicas são essenciais. “Desconfie de promoções absurdas. Muitos criminosos criam sites falsos ou, até mesmo, enviam e-mails se passando por outras instituições. O nome dessa prática é phishing. O objetivo dos criminosos, nesse caso, é induzir a vítima a inserir dados pessoais e bancários para aplicar algum golpe financeiro como, por exemplo, capturar o número do cartão de crédito”, detalha o consultor de tecnologia Luís Felipe Taveira.
Uma ferramenta que pode auxiliar na hora de dar segurança ao cliente é o cadeado exibido na barra do endereço eletrônico do site, que mostra que aquela página tem proteção para informações pessoais. “Também, pesquise o nome da loja em mecanismos de busca, insirindo a palavra ‘golpe’ ou ‘fraude’ em seguida. Se aparecerem resultados de produtos não entregues ou de qualidade aquém do esperado, fuja daquela loja”, avisa Luís. Neste ano, as compras por cartões de crédito devem representar 97% do faturamento das lojas. Para o consumidor do e-commerce, outro caminho para dar segurança é a utilização do cartão virtual — gerado para ser usado apenas uma vez, evitando roubo e uso desses dados.
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Novas tendências
O carro-chefe da Black Friday, geralmente, são eletrodoméstico, eletrônicos, principalmente, televisor e aparelho de telefonia. Percebemos que aumentou a demanda por objetos de casa, cozinha, estofados e cafeteira. Como o consumidor ficou mais tempo em casa, teve aquela vontade de substituir um produto mais antigo, reformar algo. O home office trouxe a necessidade de ter uma mesa de escritório, um aparelho que atenda melhor ao serviço. Vimos que as lojas de telefonia tiveram um bom movimento nos últimos meses, muita gente querendo substituir um plano ou trocar de celular, por exemplo.
Ticiana Pessoa, gerente de marketing regional do Conjunto Nacional
Higienização e prevenção
O Conselho Federal de Química (CFQ) preparou materiais educativos sobre higienização de produtos e objetos diante a urgência da prevenção contra a covid-19. Um vídeo explica o passo a passo de como evitar a infecção ao chegar com compras em casa. “Higienize as mãos, com água e sabonete ou álcool 70%, e retire todas as compras das sacolas plásticas ou retornáveis que foram utilizadas. Lembre-se de descartar as sacolas ou higienizá-las antes de serem reutilizadas. Embalagens que não entram água devem ser lavadas com água e sabão ou com pano embebido em álcool 70%. Embalagens permeáveis devem ser higienizadas com um pano e álcool em gel 70%”, informa o CFQ.
Conjuntura
Expansão das vendas
3%* em 2020 x 4% em 2019
Vendas pela internet
60%* do faturamento das lojas em
2020 x 41% em 2019
Gasto médio
R$ 240* em 2020 x R$ 280 em 2019
Injeção no comércio
R$ 230* milhões em 2020 x R$ 280 milhões em 2019
*Expectativa
Fonte: Sindivarejista-DF