O Correio Braziliense é um dos vencedores do 1º Prêmio do Instituto de Garantias Penais (IGP) de Jornalismo e Justiça com a série Incansáveis — A Luta das Mulheres por Direitos Fundamentais. Três reportagens retrataram temas atuais sobre direitos femininos, como a Lei Maria da Penha, os desafios das mulheres trans e as dificuldades de acesso ao mercado de trabalho. O resultado da premiação foi divulgado na tarde de ontem.
Esta é a primeira edição da premiação, que tem o intuito de estimular e valorizar a publicação de histórias reflexivas sobre justiça e liberdade. O IGP recebeu mais de 150 inscrições e premiou as três melhores. O Correio conquistou a 3ª colocação. “O IGP, ao lançar esse prêmio, reforça seu apoio ao trabalho do jornalismo isento e da Justiça na garantia de direitos fundamentais. O número alto de inscrições e a excepcional qualidade dos trabalhos mostram que a imprensa brasileira é um importante elemento na luta diária de todos nós pelo Estado democrático de direito e que terão sempre, no IGP, um parceiro”, diz o presidente do instituto, o advogado Ticiano Figueiredo.
A série Incansáveis — A Luta das Mulheres por Direitos Fundamentais foi escrita pelos jornalistas Adriana Bernardes, Mariana Niederauer e Guilherme Marinho. O trio compõe o time da editoria de Cidades do Correio Braziliense. “Para nós, foi uma grande alegria estar entre os vencedores. Tanto pela importância do prêmio quanto pelo tema da reportagem. Entendemos como um sinal de que estamos cumprido a nossa missão como profissionais de imprensa. E que, de alguma forma, estamos contribuindo para pavimentar o caminho que leve a uma sociedade mais justa, na qual mulheres cis e trans sejam respeitadas e possam ter uma vida plena de direitos”, disse Adriana, coordenadora do caderno de Cidades.
A jornalista atribui o resultado da premiação às mulheres. “Esta não é uma vitória só nossa ou do Correio Braziliense. É uma vitória de todas as mulheres que lutam para continuarem vivas, para receberem salários compatíveis com suas qualificações profissionais, para não serem abusadas dentro do transporte público, para não serem assediadas por colegas de trabalho ou superiores. É uma vitória para todas as mulheres que lutam para existir de forma plena e feliz”, declarou.
A editora Mariana Niederauer ressalta que a série teve como objetivo dar visibilidade à luta diária de mulheres trans e cis por direitos fundamentais. “As reportagens mostraram o quanto avançamos, mas, também, o quanto ainda precisamos romper barreiras para ter acesso a educação, trabalho, justiça e segurança. Recebemos a notícia da premiação com muita alegria e ficamos honrados com esse reconhecimento do IGP. Mostra que caminhamos de maneira convergente na busca por mais respeito e igualdade”, afirmou.
O subeditor Guilherme Marinho destacou a importância de dar visibilidade às questões que, muitas vezes, são ignoradas pela sociedade. “Mulheres transexuais são, quase que automaticamente, ligadas à prostituição e a uma vida marginalizada, e isso não é necessariamente verdade. Mulheres, trans ou não, precisam ter o direito de escolher. É preciso abrir o mercado de trabalho para essa parcela da população e respeitar a vida delas como sujeitos de direito. Isso é básico”, enfatizou.
Reconhecimento
Jurado da premiação, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell afirmou que a série Incansáveis demonstra, com veracidade, a luta das mulheres em busca dos direitos fundamentais. “A partir de um intenso trabalho de pesquisa, envolvendo vários especialistas, ficou claro que, apesar dos avanços dentro do sistema judiciário, ainda é preciso execução de programas que promovam a equidade de gênero e o aumento dos institutos de proteção à mulher”, frisou. O magistrado ressaltou que, de fato, essa é uma agenda que merece atenção por parte dos poderes públicos devendo, inclusive, envolver debates entre os setores organizados da sociedade.
Ao se referir à série, a jornalista Daniella Goulart, também do júri, questionou: “Quanto ainda precisamos caminhar para garantir às mulheres brasileiras o acesso aos direitos fundamentais?”. Na avaliação dela, as publicações têm como ponto de partida essa pergunta. “Ao longo das reportagens, os repórteres identificam os avanço, como aplicação da Lei Maria da Penha, e destacam os desafios a serem enfrentados, como a definição de políticas públicas que assegurem, de fato, esses direitos”, disse.
Ela salienta a participação, nas reportagens, de especialistas, como advogados, fontes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). “E deram vozes às mulheres vítimas de violência doméstica. Trabalho de fôlego e jornalismo de qualidade”, completou Daniella.
A primeira colocação ficou com a reportagem Projeto Inocência, do jornalista Marcelo Canellas, exibida pelo Fantástico, na TV Globo. O segundo lugar foi para a reportagem Em cinco anos, Estado do Rio foi condenado a indenizar 78 pessoas presas injustamente, do jornalista Rafael Pinto Soares, dos jornais Extra e O Globo. As duas produções falam sobre pessoas detidas ou condenadas pela Justiça erroneamente.
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