COVID-19

Início de testes com vacina belga no Distrito Federal ainda é incerto

Médico responsável pela pesquisa afirma que retomada dos testes não tem data garantida, pois depende de resultados das avaliações clínicas dos voluntários

Mesmo com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a retomada dos testes da vacina belga contra a covid-19, o início da aplicação das doses em 800 voluntários do Distrito Federal ainda não tem data marcada. Segundo Eduardo Freire, um dos médicos responsáveis pela pesquisa em Brasília, a previsão era de que os participantes começassem a receber as doses na próxima semana, mas isso vai depender das avaliações clínicas do grupo participante.

O estudo com o medicamento desenvolvido pela farmacêutica belga Janssen-Cilag — vinculada à Johnson & Johnson — havia sido interrompido em 12 de outubro, depois de um voluntário nos Estado Unidos apresentar resposta adversa grave. No entanto, em 3 de novembro, a Anvisa autorizou o início dos testes no Distrito Federal. A partir de então, dezenas de voluntários, entre os 6 mil inscritos, passam por exames que vão determinar as condições de cada indivíduo.

Os testes são necessários para a elaboração de um estudo representativo com vários segmentos populacionais. A medida é importante para observar as respostas à vacina em pacientes com condições diversas. "Quando analisamos subgrupos diferentes, buscamos informações (para verificar) se a resposta terapêutica será semelhante", afirma Eduardo.

Maior estudo com vacina

O estudo completo deve contar com 70 mil participantes de 10 países (África do Sul, Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Colômbia, Filipinas, Estados Unidos, México e Ucrânia). A previsão de conclusão é em fevereiro de 2021, quando a comercialização da vacina será avaliada pelas autoridades sanitárias de cada país — caso os resultados sejam bem-sucedidos.

No Brasil, ao todo, são 7 mil voluntários. Eles ficaram divididos entre quatro grupos: jovens saudáveis, idosos saudáveis, adultos e idosos com doenças crônicas. Ainda segundo o médico Eduardo Freire, esse é o estudo com maior número de voluntários para testar uma vacina contra a covid-19 até agora. Todos os participantes são avaliados previamente e serão acompanhados durante dois anos.

*Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio