Economia

Leilão hoje na Bolsa de Valores é o último passo para privatizar a CEB

CEB Distribuição vai a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo. Preço mínimo de venda está avaliado em R$ 1,42 bilhão, e três empresas disputam a estatal. Expectativa do GDF é de que o valor final supere o estimado

Ana Maria Campos
postado em 04/12/2020 06:00
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A Press)

Foram meses de controvérsias políticas e debates judiciais. Com aval do Judiciário, a CEB Distribuição, que atende mais de um milhão de consumidores, vai, hoje, a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo. Três concorrentes estão credenciadas para participar, segundo o Correio apurou no mercado. São empresas controladas por holdings com atuação internacional e no Brasil.

Com sede em Brasília, o grupo Equatorial atua na distribuição de energia em quatro estados: Alagoas, Maranhão, Piauí e Pará. A Neonergia, controlada pela espanhola Iberdrola, tem como acionistas a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (PREVI) e o Banco do Brasil Investimentos. A empresa opera na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e no interior de São Paulo.

A terceira concorrente é a CPFL, controlada pela chinesa State Grid, que opera em vários países como Austrália, Filipinas, Geórgia, Grécia, Hong Kong, Itália, Portugal e Brasil.

Inicialmente, eram seis interessadas. Uma das empresas que desistiu do negócio foi a italiana Enel, que tem concessão da distribuição de energia em Goiás, Rio de Janeiro, Ceará e São Paulo, mas com resultados considerados pífios.

Após a aquisição da Enel Distribuição São Paulo (antiga Eletropaulo), em 2018, a empresa tornou-se o maior grupo em distribuição de energia do país. No entando, segundo o ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Enel está entre os piores desempenhos do país. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), falou até em estatização da CELG Distribuição S.A., controlada pela Enel.

O valor mínimo de privatização da CEB Distribuição foi fixado em R$ 1,42 bilhão, mas a expectativa do Governo do Distrito Federal (GDF) é de que, por conta da disputa, o preço final de venda tenha um ágio. Será uma concorrência lance a lance, subindo cada vez em R$ 15 milhões, até que o martelo do vencedor seja batido.

Ninguém se arrisca, porém, a fixar um percentual para o sobrepreço. O certo é que o mercado não aposta em nada menos do que R$ 1,5 bilhão, pelo potencial de crescimento da empresa sob forte investimento na capital do país.

Controvérsia

O faturamento bruto da CEB Distribuição em 2019 chegou a R$ 4,2 bilhões. Mas, as ações judiciais, movidas por nove parlamentares, podem prejudicar o preço final, sob o argumento de insegurança jurídica. Até o momento, no entanto, o GDF tem vencido todas as ações, com o entendimento de que existe legislação que permite o processo de venda das ações e controle da empresa. Por isso, não há que se falar em aprovação pela Câmara Legislativa.

O Supremo Tribunal Federal (STF) não recebeu e arquivou, ontem, uma reclamação contra o edital do leilão. Na Justiça do DF, as batalhas também foram vencidas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Ele pretende destinar o dinheiro arrecadado na venda da empresa na área social. Como o GDF detém 80% das ações, Ibaneis terá mais de R$ 1 bilhão para apostar em investimentos.

Um dos entraves políticos está relacionado aos empregados da empresa. Hoje, são 900 funcionários, com salários e benefícios altos. Um eletricista, por exemplo, chega a ganhar cerca de R$ 22 mil entre renda e vantagens acumuladas. O valor é bem acima dos pagos pelas empresas privadas e, mesmo assim, a categoria está em movimento grevista por reajustes e manutenção de benefícios.

Quem assumir a CEB Distribuição certamente, para realizar uma recuperação e saneamento da empresa, terá de fazer ajustes. Para tornar a CEB Distribuição mais atrativa, a holding deu início a um processo de demissão voluntária. Quem permanecer nos quadros da empresa terá mais estabilidade, pelo menos a curto e médio prazos.

Um dos argumentos usados pelo governo para a venda da CEB é de que entre as sete empresas mais produtivas, todas são privadas. Entre as sete com piores resultados, estão três concessões públicas, como a CEB Distribuição. Hoje, há estatais apenas no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Distrito Federal.

Presidente da CEB, Edison Garcia viajou, ontem, a São Paulo, para acompanhar o leilão.

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Ranking da ANEEL

Produtividade das concessionárias de energia

As 10 melhores

1ª CPFL Santa Cruz (Companhia Jaguari de Energia)

2ª Equatorial PA (Equatorial Pará Distribuidora de Energia SA)

2ª EMG (Energisa Minas Gerais — Distribuidora de Energia SA)

4ª ESS (Energisa Sul-Sudeste — Distribuidora de Energia SA)

5ª EMT (Energisa Mato Grosso — Distribuidora de Energia SA)

5ª ETO (Energisa Tocantins — Distribuidora de Energia SA)

7ª EPB (Energisa Paraíba — Distribuidora de Energia SA)

8ª CEMAR (Companhia Energética do Maranhão)

8ª COSERN (Companhia Energética do Rio Grande do Norte)

8ª ESE (Energisa Sergipe — Distribuidora de Energia SA)

As cinco piores

1ª CEEE-D (Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica)

2ª ENEL-GO (Celg Distribuição S.A)

3ª ENEL-RJ (Ampla Energia e Serviços S.A.)

4ª ENEL-CE (Companhia Energética do Ceará)

5ª CEB (Ceb Distribuição SA)

*De acordo com o Indicador de Desempenho Global de Continuidade (IDGC) em empresas com número de unidades consumidoras maior que 400 mil.

 

 

 

No páreo

Veja as empresas que estão disputando o leilão

Equatorial

Com sede em Brasília, o grupo Equatorial atua na distribuição de energia em quatro estados: Alagoas, Maranhão, Piauí e Pará. No total, responde pelo fornecimento de energia a 10% dos consumidores e detém 6,5% do mercado. Também opera na geração de energia e no sistema de telecomunicações.

Neoenergia

A Neonergia, controlada pela espanhola Iberdrola, tem como acionistas a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (PREVI) e o Banco do Brasil Investimentos. A empresa tem 13,7 milhões de clientes distribuídos pelos estados da Bahia, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e, em cidades do interior de São Paulo, por meio da Elektro. Com forte atuação no segmento de fontes renováveis, a Neoenergia possui parques eólicos na Bahia, no Rio Grande do Norte e na Paraíba e uma usina solar em Fernando de Noronha (PE).

CPFL

CPFL tem a sua origem em São Paulo. Foi privatizada pelo governo de São Paulo nos anos 2000. Hoje, é controlada pela chinesa State Grid, que opera em vários países, como Austrália, Filipinas, Geórgia, Grécia, Hong Kong, Itália, Portugal e Brasil. Atua no Brasil desde 2010 e está presente em 12 estados. Também opera na geração de energia.

 

 

 

A empresa

Confira o desempenho

Lucro Líquido no exercício de 2020 (9 meses): R$ 35,20 milhões, 49,30% abaixo do mesmo período de 2019 (R$ 69,43 milhões).

CEB Geração: em 2020, resultados na ordem de R$ 64,7 milhões, sendo 14% a mais do que o apurado no mesmo período do ano anterior. Destaca-se, nesse grupo, o resultado de equivalência patrimonial da Corumbá Concessões S.A. que, em 2019, apresentou resultado de R$ 700 mil e, em 2020, saltou para R$ 19,1 milhões, um aumento de 2.628%.

CEB Distribuição: em 2020, a subsidiária apresentou prejuízo no montante de R$ 21,2 milhões, tendo, no mesmo período do ano anterior, um lucro de R$ 13,5 milhões.

*Fonte: Apresentação aos acionistas dos resultados da CEB do 3° trimestre da CEB

 

Leilão

R$ 1,42 bilhão valor mínimo de venda

R$ 15 milhões cada lance

3 concorrentes

 

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