Esperança para Mariana e Manuela

Graças ao diagnóstico de glaucoma congênito precoce feito na rede pública de saúde, aos nove dias de vida, as gêmeas puderão enxergar. Elas foram operadas no Hospital de Base e receberam alta

Ana Clara Alves*
postado em 09/12/2020 22:29
 (crédito: Davidyson Damasceno/Ascom Iges DF)
(crédito: Davidyson Damasceno/Ascom Iges DF)

 

Apenas 45 dias de nascidas e com um problema de visão raro em gêmeos. Mariana e Manuela passaram, esta semana, por uma cirurgia para corrigir um glaucoma congênito. Caso não fossem operadas, corriam o risco de perder a visão. A operação ficou por conta da equipe de oftalmologia do Hospital de Base. Depois de quase quatro horas de cirurgia, os profissionais envolvidos tiveram sucesso. As meninas receberam alta do hospital ontem.

As irmãs nasceram com apenas 34 semanas de gestação, em 23 de outubro, e pesando 1,5kg cada uma. O diagnóstico do problema de visão veio após nove dias. “Lá no Hospital Regional de Ceilândia, onde nasceram, nós tivemos o indicativo de uma doença, mas não informaram o que era. Foi no Hospital de Base que veio o diagnóstico e a indicação das cirurgias”, explica Milane dos Santos, 21 anos, mãe das gêmeas.

Apreensão
“Eu fiquei desesperada porque as meninas são prematuras, tão pequenas e já tiveram que passar pelo procedimento. Mas sabia que era para o bem delas”, ressalta. Para a cirurgia, a equipe médica aguardou que elas completassem 1 mês e meio de vida, o equivalente a 40 semanas de gestação, para que atingissem a maturidade neuronal e o peso ideal.

O glaucoma congênito é causado pela malformação de um tecido dos olhos, que pressiona os nervos ópticos e dificulta o escoamento do teor aquoso, gerando o aumento da pressão dentro do olho e danificando os nervos, podendo levar à cegueira.

A doença é mais comum em recém-nascidos e crianças de até 3 anos de idade. Segundo a oftalmologista Nara Lopes, médica responsável pela operação, é preciso tirar o tecido malformado para que o líquido saia e diminua a pressão. “A ideia é controlar a pressão para que elas não percam a visão. Assim, podemos acompanhar, ao longo dos anos, com estimulações visuais, como óculos e tampões. É um começo do que vem pela frente”, detalha.

Recuperação
Em Mariana, o glaucoma afetou os dois olhos e, em Manuela, apenas um. A cirurgia durou, em média, 40 minutos por olho. O procedimento controlou a pressão nos olhos e salvou o nervo óptico. “Vamos acompanhar durante os anos e descobrir o que precisam, dependendo do grau de visão que elas tiverem. Elas são muito pequenas e não conseguimos medir isso ainda. Costumo falar que criança é visão. O máximo que puder estimular esse sentido é importante para elas”, afirma a oftalmologista.

Agora, Mariana e Manuela estão em casa e serão acompanhadas toda semana pela médica. De acordo com a oftalmologista, o pós-operatório é tranquilo. As duas terão que usar colírio com antibiótico por duas semanas. “Estou muito feliz e aliviada. A recuperação está sendo boa, choram apenas às vezes, mas está tudo tranquilo. As nossas meninas estão enchendo a casa de alegria”, comemora a mãe.

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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