JUSTIÇA

Padre Robson de Oliveira se torna réu após juíza aceitar denúncia do MPGO

Outras 17 pessoas também são acusadas . Ministério Público continua a afirmar que o padre é lider de um grupo que desviou recursos por meio da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO)

Correio Braziliense
postado em 19/12/2020 14:30 / atualizado em 19/11/2021 14:38
 (crédito: reprodução )
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O padre Robson de Oliveira e outras 17 pessoas se tornaram réus na Justiça, nesta quinta-feira (10/12), após a juíza Placidina Pires aceitar denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). O sacerdote e os demais acusados são suspeitos de desvio de dinheiro por meio da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO).

Foi o MPGO que deflagrou a Operação Vendilhões, em 21 de agosto. Na ocasião, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em Trindade e em Goiânia. O MP suspeitava da prática de crimes de apropriação indébita e lavagem de dinheiro. A quantia investigada ronda os R$ 2 bilhões.

Em 6 de outubro, no entanto, o Tribunal de Justiça de Goiás arquivou a investigação. Na ocasião, o desembargador Nicomedes Domingos Borges, que foi seguido pelos colegas da 1ª Câmara Criminal, afirmou que as evidências obtidas pelo MP não comprovavam que o pároco desviava dinheiro para benefício próprio por meio da Afipe. Na semana seguinte, o MPGO anunciou que recorreria da decisão, pedindo a nulidade desta.

Nesta quinta-feira, a juíza Placidina Pires afirmou que aceitou a denúncia, realizada na segunda-feira (7/12), "principalmente diante da existência de elementos probatórios acerca da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria". Para o Ministério Público, padre Robson é o "líder do suposto grupo criminoso".

O advogado Pedro Paulo de Medeiros, que representa o padre, lembrou que o Tribunal de Justiça de Goiás afirmou, por unanimidade, que não houve crime. O defensor disse ao site UOL que vai ao Superior Tribunal de Justiça para confirmar ou não esse entendimento. "Nesse tempo, o MPGO e a juíza querem iniciar um processo sem ter crime. Nada mudou. Continuamos tranquilos e nunca houve ilegalidade", frisou.

Operação Vendilhões

Segundo os procuradores, foi descoberta uma teia de movimentações financeiras, envolvendo a compra e venda de imóveis — casas, apartamentos e fazendas — em Goiás e outros estados, além de transferências de valores entre contas bancárias. Entre os imóveis investigados, está uma casa de praia na Bahia.

No mesmo dia da operação, a Justiça também autorizou a quebra de sigilo dos dados bancários, fiscais e telefônicos do padre. Um dia depois, o sacerdote pediu afastamento das funções de reitor do Santuário Basílica de Trindade e da presidência da Afipe.

O Ministério Público chegou a pedir a prisão do padre, sob o argumento de que a detenção seria necessária porque os desvios de dinheiro estariam ocorrendo há anos. No entanto, o pedido foi negado pela juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais da comarca de Goiânia.

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  • Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos
    Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos Foto: Danilo_Eduardo/AFIPE
  • padre Robson de Oliveira
    padre Robson de Oliveira Foto: reprodução
  • Sacerdote atuava na Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), e é investigado desde dezembro
    Sacerdote atuava na Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), e é investigado desde dezembro Foto: Reprodução
  • Padre Robson, administrador do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO)
    Padre Robson, administrador do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO) Foto: Santuário Divino Pai Eterno/Divulgação
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