Violência

Emoção e revolta marcam velório de vítima de feminicídio

Maria Jaqueline foi assassinada a facadas pelo namorado no Sol Nascente

Jéssica Moura
postado em 14/12/2020 09:53
O enterro de Jaqueline está marcado para as 10h30 desta segunda -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais )
O enterro de Jaqueline está marcado para as 10h30 desta segunda - (crédito: Reprodução/Redes Sociais )

Familiares e amigos de Maria Jaqueline da Silva, 34 anos, se reuniram na manhã desta segunda-feira (14/12) para prestar as últimas homenagens. A mulher foi assassinada na última sexta-feira (11/12) pelo namorado dela, na casa onde viviam no Sol Nascente.

Por isso, os presentes compartilhavam sentimentos de tristeza pela perda e revolta pelo feminicídio de Jaqueline. A sobrinha, Jennifer Moreira, 22 anos, lembra que era muito próxima da tia. "Ela era simples, brincalhona, muito sorridente. A ficha nem caiu ainda".

Helena Caetano, 66 anos, amiga de Jaqueline há 8 anos, lembra dela com saudade e se revolta contra o algoz. "Ele, para mim, é um monstro. O feminicídio está tomando conta, deveria ter uma providência mais drástica".

A mãe biológica de Jaqueline não conseguiu passagem para vir ao enterro da filha, que deixa quatro filhos. A família precisou fazer uma vaquinha on-line para pagar os custos do sepultamento. O enterro está marcado para as 10h30.

O caso

Jaqueline foi assassinada dentro de casa pelo companheiro Ricardo Silva Sousa, e morreu no local. Ela chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), mas não resistiu. Um vizinho percebeu as agressões e acionou a Polícia Militar, que flagrou o homem atacando a vítima. Eles tentaram contê-lo com uma arma de choque, mas ele continuou desferindo os golpes, é só parou quando foi alvejado pelos policiais. Agora, ele está sob custódia da Polícia Civil.

Onde pedir ajuda

Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República

  • Telefone: 180 (disque-denúncia)

Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)

  • De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
  • Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)

  • Asa Sul: Entrequadra 204/205 Sul / (61) 3207-6172
  • Ceilândia: QNM 02, AE, Conjunto G/H / (61) 3207-7391

Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos

  • Telefone: 100

Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar

  • Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350

Feminicídio

Reconhecido como crime hediondo desde 2015, o feminicídio consiste no assassinato de mulheres por razão de gênero. Conhecer as nuances e as características que envolvem esse tipo de violação, é fundamental para ter um enfrentamento efetivo e evitar que existam novas vítimas.

Fonte: Agência Patrícia Galvão

Tipos de violência contra a mulher

Nem todos sabem, mas a violência contra a mulher vai muito além de agressões, estupros e assassinatos. A Lei Maria da Penha sancionada em 2006, classifica em cinco categorias os tipos de abuso cometido contra o sexo feminino, são eles: violência física, violência moral, violência sexual, violência patrimonial e violência psicológica.

Além das violências físicas mais conhecidas como as agressões, estão também enquadradas na primeira categoria ações como atirar objetos com a intenção de machucar a mulher, apertar os braços, sacudi-la e segurá-la com força.

A violência moral está atrelada ao constrangimento que o agressor pode causar a vítima como expor a vida íntima do casal para outras pessoas e o vazamento de fotos íntimas na Internet. Calúnias, difamação ou injúria também fazem parte desse tipo de violência.

Diferentemente do que muitos podem pensar, a violência sexual não se resume a forçar uma relação íntima. Obrigar a mulher a fazer atos que a causem desconforto, impedi-la de usar métodos contraceptivos, ou a abortar, também são considerados formas de opressão.
Controlar os bens , guardar ou tirar dinheiro sem autorização da mesma, e causar danos de propósito em objetos são alguns exemplos de violência patrimonial.

Por fim, a violência psicológica consiste em diminuir a autoestima da mulher, sendo com humilhações, xingamentos, desvalorização moral que implicam em violência emocional. Tirar direitos de decisão e restringir liberdade também fazem parte da última categoria.

Fonte: Agência Patrícia Galvão

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