Quando falaram em vacina para o coronavírus, a curto prazo, fiquei cético. Antes, a vacina mais rápida havia sido a produzida contra a cachumba, que demorou quatro anos. A contra o ebola precisou de 14 anos. O imunizante contra a catapora consumiu 18 anos. A média de tempo para a criação das vacinas é de 10 a 15 anos de pesquisa e experimentação.
Mas, para a feliz surpresa de todos, surgiram várias contra o coronavírus, em um período recorde. A maioria está em fase avançada ou na fase final de testes para aprovação. É uma façanha que já entrou para a história da ciência.
União Europeia anunciou que os 27 países do bloco começarão a campanha em breve. E não é questão apenas de dinheiro, mas de logística. Os Estados Unidos iniciaram a imunização em massa dos americanos. Os nossos vizinhos Chile e Equador também vacinarão contra a covid-19 antes do Brasil. Eis a razão para a cortina de fumaça que tentam jogar no noticiário cotidiano: os governantes não negociaram vacinas necessárias para imunizar os brasileiros. É muito barulho para esconder o nada.
Agiram como se existisse vacina de esquerda, de centro, de direita e de extrema-direita. O resultado dessa brincadeira com a vida dos brasileiros é uma crise de consequências imprevisíveis. Vivemos uma situação absurda em que a cura se avizinha pela vacina no mundo inteiro, menos em nosso país. E isso acontece simplesmente porque, apesar das 180 mil mortes, do colapso da economia, do estouro das contas públicas, os governantes agem como se não houvesse pandemia.
Por quê autoridades atropelam tanto as leis e continuam impávidos? As instituições barram, algumas vezes, mas não punem. A irresponsabilidade na gestão da pandemia permanece um crime sem castigo. O problema da impunidade é que ela normaliza o delito e legitima a aberração. E, também, porque a mentira, a asnice, a estupidez e o desrespeito ganham o status de “declarações polêmicas”.
Ora, a imprensa dos Estados Unidos nos deu uma lição de compromisso com a verdade. Em uma entrevista coletiva, após ser vencido nas urnas por Biden, o presidente Donald Trump afirmou que havia fraude nas eleições, sem apresentar provas, mas teve a transmissão interrompida pelas principais redes de televisão, com o aviso de que Sua Excelência estava mentindo.
Ser contra a vacina é ser contra a vida, a economia, a ciência e a saúde. Eu acho que deveríamos perguntar para as mães e os pais dos governantes negacionistas se, quando eram crianças, eles não tomaram vacinas contra poliomelite, varíola, febre amarela, caxumba, tuberculose, difteria ou tétano. O que seriam deles sem as vacinas?
Quanto mais negar a ciência, pior para suas excelências e pior para o Brasil. Os Estados Unidos encerram a campanha de vacinação em junho de 2021. O Brasil planeja imunizar todos os brasileiros em um ano e quatro meses, sabe-se lá a partir de quando. Quer dizer, se começasse agora, terminaria em meados de 2022. E isso se houver demanda.
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