As férias escolares durante a pandemia da covid-19 exigem das crianças e dos responsáveis por elas atenção para questões como alimentação, atividade física e controle do tempo em frente às telas. Em entrevista ao CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília — Andrea Jácomo, coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF), fala sobre as preocupações com hábitos saudáveis e a criação de uma rotina para a vida de meninos e meninas. A especialista ressalta os cuidados necessários para comemorações de fim de ano e a importância de se manter alerta quanto às complicações da covid-19 em crianças.
Como agir, durante as férias, em relação ao tempo que as crianças ficam em frente às telas?
Agora, é hora de desconectar das telas e se reconectar com os filhos. Todos precisam da reconexão com a natureza e com o tempo de brincadeiras fora do ambiente virtual. Existe uma série de atividades, como desenho, massinha (de modelar) ou cozinhar juntos. Mas sugiro aos pais que estruturem algumas em casa, como noite do pijama, acampadentro (em ambiente interno) e piquenique.
Como propor mudanças de hábitos às crianças, nas férias, para combater o sedentarismo e o ganho de peso?
As crianças precisam desenvolver o hábito de praticar atividade física desde a primeira infância. O exercício é importante, mas precisa ser supervisionado. A criança vive um ciclo de bem-estar que necessita ser equilibrado. Mesmo de férias, deve-se procurar manter uma rotina de alimentação saudável, de sono e de atividade física. Nós vivemos duas faces nessa pandemia: as crianças que estão fora da escola perderam o suporte nutricional — acompanhado da disparada dos preços dos alimentos — e há a questão da obesidade. O que orientamos aos pais é que o momento, talvez, não seja propício a atitudes tão rigorosas, mas a refletir sobre os próprios hábitos. Temos de ter responsabilidade com a alimentação das crianças, sim. No entanto, não é o momento de estressá-las com essa situação. É importante pensar na saúde mental dos filhos e dos pais antes de fazer grandes mudanças.
Como celebrar as festas de fim de ano neste momento tão delicado de pandemia?
Ainda não estamos na pior fase, como foi em julho e agosto, mas temos observado que a taxa de transmissão do DF vem oscilando em torno de 1. É preciso ter cuidado para proteger os mais vulneráveis. Nosso grande desafio são as pessoas acima de 60 anos, que passaram o ano inteiro sem ver os netos. Temos de pensar na saúde mental desses avós. Se o coração permitir que essa confraternização seja on-line, a distância e com tranquilidade, essa é a recomendação. Saiu, esta semana, um guia de orientação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para as festividades. É aconselhado que, se a comemoração for em casa, que sejam eventos restritos ao grupo familiar. Contudo, se as pessoas optarem por se reunir, existem algumas recomendações. Por exemplo, cada grupo familiar deve se sentar em um lugar separado, com dois metros de distância (das outras mesas); todos precisam usar máscaras; o acessório deve ser retirado no momento da refeição, com higienização das mãos; evite a toalha de pano, como também falar alto; e, se estiver com alguma indisposição, fique em casa.
As pessoas precisam se manter alertas em relação aos casos de covid-19 com complicações em crianças?
Estudos chineses apontavam a existência de algumas crianças doentes e, na medida em que a pandemia evoluía para Europa e Estados Unidos, começaram a surgir relatos das síndromes multissistêmicas inflamatórias. Geralmente, essa síndrome acontece de quatro a cinco semanas após o pico da pandemia. Então, entrando em uma segunda onda, temos de acompanhar as crianças. Essa síndrome é caracterizada por febre persistente, conjuntivites, alterações cutâneas, inflamatórias, de coagulação e no coração.
*Estagiária sob supervisão de Jéssica Eufrásio
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