“Estamos falando de vidas e plantamos vida”, define Edmi Moreira, 52 anos. O gestor ambiental é o idealizador da ação Gênesis Renascer, projeto que promoveu o plantio de uma árvore para cada vítima da covid-19 no Distrito Federal. A ação foi dividida em oito etapas e concluída na manhã de ontem, no Parque da Cidade, quando o grupo plantou 500 árvores próximo ao Estacionamento 4, em um espaço de mais de 2 mil m². Ao todo, 4.100 mudas foram plantadas em diferentes regiões do DF. “Fazemos esse trabalho ambiental há 25 anos, geralmente na segunda quinzena de outubro. Neste ano, lançamos o projeto para homenagear cada pessoa que se foi para a covid”, explica Edmi.
O grupo é pequeno, reúne 20 pessoas a cada ação, para evitar aglomerações. “Já passamos por locais como o Taguapark, Parque Três Meninas, Vivencial do Setor O, dentre outros. Realizamos os berços onde serão feitos os plantios, geralmente, uma semana antes, e, depois, plantamos. Tudo é feito de forma humanizada, com muito cuidado, evitando o estresse da planta”, comenta o idealizador. As intervenções foram autorizadas pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), e o Jardim Botânico realizou a doação de 1.500 mudas. “Plantamos, no Parque da Cidade, ipê-branco, quaresmeiras, angico-do-cerrado, árvore-do-sabão, jenipapo, jacarandá-mimoso e duas paineiras-brancas, que são consideradas umas das mais bonitas do mundo. Todas são plantas do cerrado”, detalha Edmi.
Apesar do início de domingo chuvoso, o grupo não desanimou. A estudante Gabriela Lopes, 26, saiu de Samambaia para o Parque da Cidade por conta da importância e do simbolismo do ato. “Isso é muito forte para mim, relembrar quem morreu por conta do vírus. Na pandemia, fiquei muito envolvida com os projetos voltados para a natureza. Percebi que a gente tem que colocar a mão na terra quando quer se reconectar consigo mesmo. Precisamos estar na natureza para isso. Por isso, acordei cedo e vim, entusiasmada”, diz.
Memória e família
Quem perdeu um ente querido para a doença participou da ação com outro olhar. É o caso de Keile Sousa, 35. A servidora pública perdeu a tia, que faleceu por complicações do novo coronavírus. “Ela já estava debilitada e não resistiu. Então, hoje é uma homenagem a ela. E fazemos isso, também, porque é uma forma de compensar a natureza. Retiramos muito do meio ambiente e plantar é uma forma de retribuir”, avalia Keile. O plantio foi organizado garantindo a formação de “ilhas” e “corredores”, permitindo uma ambientação com espaços para que as árvores cresçam de forma saudável e que o público caminhe entre os espaços.
Vanderlin Castro, 45, participou da atividade com a família. “Penso que estamos homenageando os que morreram por uma doença que ataca, principalmente, o pulmão, e plantamos árvores, que são o pulmão do planeta. É como se fosse uma vacina que também precisamos. Passo isso para meus filhos”, conta.
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DF ultrapassa 244 mil casos
O Distrito Federal ultrapassou os 244 mil casos do novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, 409 pessoas tiveram o diagnóstico positivo para a doença. Com o número, a capital soma 244.243 registros. Do total de ocorrências confirmadas, 95,6% já estão recuperados. Mais sete pessoas morreram em decorrência de complicações da covid-19. Sendo assim, o DF atinge a marca de 4.145 mortes. Os dados foram divulgados, ontem, no boletim emitido pela Secretaria de Saúde.As mortes notificadas ocorreram de 12 de julho a 19 de dezembro.
A letalidade do Distrito Federal é de 1,8%, enquanto a taxa de mortalidade é de 124,5 por 100 mil habitantes. A maior letalidade por faixa etária está no grupo de 80 anos ou mais, bem como a maior taxa de mortalidade. Ceilândia continua sendo a região com maior número de casos, 28.521. Em seguida aparecem Plano Piloto, com 21.379; Taguatinga, 19.883; e Samambaia, que soma 14.769 registros.
Leitos
A Superintendência do Hospital de Base protocolou, na tarde de ontem, duas circulares que alertam que “torna-se urgente a tomada de medidas de controle ainda nessa fase inicial da segunda onda, para assim evitar consequências graves”. Os documentos detalham o momento atual da pandemia no Distrito Federal — como a alta taxa de transmissão do vírus e o “início de uma segunda onda” —, e solicitam ações a serem tomadas de forma imediata. Entre elas, está a orientação para o cancelamento das cirurgias eletivas a partir do dia 25, até que se minimizem os riscos da covid-19 e exista sinalização da Secretaria de Saúde.
Outra solicitação é a desocupação nas enfermarias e nos pronto-socorro, com a meta de manter 50% da ocupação nestes locais do dia 16 de janeiro de 2021 até o final da segunda onda, para isolar leitos.