Crônica da Cidade

Severino Francisco
postado em 31/12/2020 13:58

Votos para 2021

Que o Brasil acorde do surto de deficit cognitivo que o acometeu nos últimos tempos e comece a agir baseado na consciência, nos fatos e na realidade.

Que as tolices, as sandices e as asnices de excelências e celebridades não ganhem na mídia o status de “declarações polêmicas” e, em vez disso, sejam chamadas pelos verdadeiros nomes.

Que eu torça para o Corinthians ser campeão e não me retorça na poltrona para que ele não seja rebaixado para a Segunda Divisão.

Que aprendamos a respeitar e a reverenciar os nossos mortos.

Que não nos recusemos a viver as nossas experiências e a extrair lições delas, por mais duras que sejam, em vez de negá-las e mergulharmos na mentira, na farsa e na alienação.

Que o santo nome do Cristo não seja invocado em vão por quem comete quase todos os pecados capitais dos 10 mandamentos e quase todas as infrações do Código Penal.

Que os magistrados exerçam a função para a qual foram designados com dignidade, para que não sejamos obrigados a viver numa nação em que o crime compensa. Que aberrações não sejam normalizadas pela ausência de punição.

Que as excelências que são poetas, quando não abrem a boca, tenham o pudor de permanecer silentes.

Que nos livremos do autoengano, do negacionismo e da servidão voluntária.

Que durante as crises e tormentas cada um de nós não revele o que temos de pior, mas, sim, o que temos de melhor.

Que o Congresso Nacional desperte para a urgência de defender as nossas florestas, os nossos índios e o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos.

Que 2021 seja o ano da cura, com vacinação para todos.

Que os espíritos de Rondon, de Clarice Lispector, de Rubem Braga, de Cecília Meireles, de Darcy Ribeiro, de Gilberto Freyre, de Glauber Rocha, de Zumbi dos Palmares, de Euclides da Cunha e de Machado de Assis nos ilumine e nos dê coragem para construir um Brasil do qual nos orgulhemos e não que nos envergonhemos.

Que prevaleça a defesa da vida acima de tudo e a Constituição acima de todos.

Que nos concientizemos que 2022 será resultado do que fizermos em 2021.

Que pratiquemos em 2021 as duras lições de fatalidade, de tragicidade, de essencialidade, de solidariedade, de humildade, de finitude, de fragilidade e de humanidade que aprendemos ou deveríamos aprender com a pandemia.

Que apoiemos os líderes, os magistrados, os cientistas, os educadores e os artistas que nos ajudem a dar passos de civilização e não de barbárie.

Que façamos a nossa parte e não deixemos tudo nas mãos dos deuses. Mas, também, que os deuses joguem seus dados.

Que o Brasil tome vergonha na cara em 2021. Que o Brasil seja Brasil.

Que saibamos construir um bom 2021 para todos, com saúde, paz, trabalho, dignidade, consciência, coragem, responsabilidade, solidariedade, humanidade, alegria e luta.

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