Patrimônio Histórico

Azulejos dos anos 1970: Moradores da 314 Sul poderão optar por instalação semelhante

Trabalho do arquiteto Eduardo Negri havia sido retirado das paredes do Bloco B da quadra, em setembro. Artista plástica propôs instalação de peças semelhantes escolhidas pelos moradores

Para tentar por fim à polêmica que envolve a retirada de azulejos históricos do Bloco B da 314 Sul, uma artista plástica de Brasília, contratada pelo condomínio, apresentará três propostas de desenhos para substituir os antigos. As peças compunham obra do arquiteto Eduardo Negri e enfeitaram as paredes do pilotis da década de 1970 até este ano, quando foram removidas durante uma reforma.

Após o conflito entre moradores e representantes de entidades do ramo da arquitetura, a artista plástica propôs a instalação de novos azulejos, semelhantes aos de Eduardo Negri. Caberá aos moradores decidir qual modelo será instalado, em votação ainda neste mês.

O debate teve início em setembro, quando começaram as obras no prédio. Antônio Augusto Pinheiro, síndico do condomínio, afirma que as peças precisavam ser retiradas, porque estavam deteriorados pelo tempo.

"Havia a constatação de que os azulejos estavam danificados. Não conseguimos retirar nem 2% deles de forma intacta. O projeto (da reforma) preserva as características arquitetônicas da construção. O piso é igual, as pilastras são iguais, mas ele (o projeto), evidentemente, conserta o que estava estragado, razão pela qual tivemos de retirar os azulejos", justifica.

Reações

Mesmo com aprovação dos condôminos, a reforma provocou reações negativas. À época, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU-DF) publicou nota na qual classificou a retirada dos azulejos de Negri como "errônea", diante da importância desses exemplares para a memória da capital federal e para manter os patrimônios arquitetônico e histórico de Brasília preservados.

Daniel Mangabeira, presidente do CAU-DF, reconhece que não há lei que obrigue os prédios a manter as peças. Porém, ele defende que haja conscientização sobre os valores material e estético dos edifícios originais. "O procedimento correto seria colocar os azulejos com os desenhos originais. Não tem problema nenhum que eles sejam reproduzidos por outro artista. No caso do Athos Bulcão, existe direito autoral envolvido. No caso do Eduardo Negri, não. Essa restauração é totalmente possível", argumenta.

Selo

Nesta quarta-feira (2/12), o conselho começou a distribuir o Selo CAU-DF — Arquitetura de Brasília 2020. A iniciativa visa reconhecer o valor histórico das edificações não monumentais de Brasília. Oito prédios do Plano Piloto receberão a marca, sendo cinco na Asa Sul e três na Asa Norte.