Delegado do DF vence prêmio de direitos animais por atuação no caso naja

Jônatas Silva, delegado-chefe da 14ª Delegacia de Polícia, coordenou uma das maiores investigações do país, que desmantelou um esquema de tráfico de animais, após o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck ter sido picado por uma naja kaouthia

O delegado-chefe da 14ª Delegacia de Polícia (Gama), Jônatas José Santos Silva, ganhou o II Prêmio Brasiliense de Direitos Animais - iniciativa que tem por objetivo reconhecer a personalidade mais atuante na defesa do direito animal no DF -, após conduzir as investigações do caso naja, que desmantelou uma organização criminosa de tráfico de animais. A apuração policial iniciou-se em 7 de julho, após o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck, 22 anos, ter sido picado por uma naja, que ele mesmo criava, de forma ilegal, no apartamento onde mora com a família, no Guará 2.

O prêmio foi instituído pelo Grupo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidades (Gedai) com o apoio das entidades: Castração Solidária, Comissão de Direito dos Animais da OAB-Taguatinga/DF, Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Frente de Ações pela Libertação Animal (Fala), Bana Herbivoria, Observatório de Direitos Animais e Ecológicos (Odae), Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB Brasília).

Nessa segunda edição, o concurso contou com quatro candidatas, além do delegado Jônatas. São elas: Ana Paula Vasconcelos, advogada animalista; Maria Lúcia Pinto, ex-diretora do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam/UnB); Natália Dutra, ativista vegana e feminista; e Nívea Orso, advogada e ativista vegana.

“Meu envolvimento com a proteção animal teve início no ano de 2014, quando eu tinha um perfil na rede social facebook. Vários resgates ocorreram naquela época, contudo acabei dando uma pausa no trabalho, tendo em vista o intenso desgaste. Em 2019, voltei a intensificar o trabalho em favor dos animais, oportunidade em que contei com o apoio da Ana Paula Vasconcelos”, agradeceu Jônatas.

Atuação

Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) há 14 anos, Jônatas Silva ganhou o prêmio com um total de 45,3% dos votos. Em julho, coordenou uma das maiores investigações policiais do país: o caso Naja.

As diligências, também conduzidas pelos delegados Ricardo Bispo e Willian Ricardo, começaram após o estudante Pedro Henrique Krambeck ter sido picado por uma cobra naja kaouthia em 7 de julho no próprio apartamento, no Guará. A partir do incidente, policiais deram início às investigações e desconfiaram de um grande esquema de tráfico de animais na capital, já que é proibido a criação de serpentes exóticas.

O caso logo tomou a manchete de jornais do país inteiro. Em uma reportagem exclusiva do Correio Braziliense, uma testemunha afirmou, em depoimento, que Pedro Henrique traficava cobras. Pouco tempo depois, a polícia concluiu que o estudante comprava e vendia serpentes havia três anos.

A apuração policial concluiu, ainda, que o esquema criminoso era integrado pela mãe dele, a advogada Rose Meire; o padrasto, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi; o amigo Gabriel Ribeiro de Moura; bem como outros colegas da faculdade. Os três integrantes da família e Gabriel foram indiciados 23 vezes por tráfico de animais e 23 vezes por maus-tratos e associação criminosa. Pedro responde, ainda, por exercício ilegal da profissão, uma vez que vídeos comprovaram que o jovem realizou uma cirurgia em um estabelecimento comercial da família. O processo tramita na Vara Criminal do Gama.

IVAN MATTOS/ZOOLÓGICO DE BRASÍLIA - Naja que picou Pedro Henrique
Ed Alves/CB/D.A. Press - Pedro Henrique dos Santos Krambeck Lehmkul é investigado por suposta participação em esquema internacional de tráfico de animais exóticos e silvestres
Reprodução/RedesSociais - O jovem picado pela naja segue internado no Hospital Maria Auxiliadora, no Gama
Reprodução - Delegado-chefe da 14ª Delegacia de Polícia (Gama), Jônatas José Santos Silva