2021 é o ano da cura
Todos os dias faço preces de agradecimento por não estar doente. A covid-19 chegou perto de amigos e de parentes. Não estou vendo nenhum motivo para celebrações, a não ser o fato de estar vivo quando quase 200 mil pessoas morreram em nosso país, vítimas do novo coronavírus e da irresponsabilidade.
No momento em que vislumbramos uma saída com o surgimento das vacinas, vejo alguns jornalistas propondo debates estapafúrdios, como se já não existisse confusão suficiente propagada por governantes insensatos.
Argumentam que a epidemiologia não é a única ciência e que o distanciamento social é inútil.
No entanto, de uma maneira geral, os epidemiologistas têm acertado os diagnósticos e prognósticos essenciais durante a pandemia com uma obviedade humilhante.
A segunda onda é resultante do relaxamento dos cuidados para não se contaminar em todo o mundo. Mas não é preciso ir para muito longe, podemos constatar a evidência ao nosso redor. Nos lugares em que governantes irresponsáveis fizeram campanhas em favor do novo coronavírus o nível de contaminação foi alto. Claro que as condições de desigualdades sociais têm um peso enorme.
Grande parte da população é obrigada a tomar ônibus abarrotados para trabalhar e se expõe à contaminação. No entanto, nada disso pode ser pretexto para a promoção de baladas com grandes aglomerações, que se caracterizam como festas macabras, no contexto de uma pandemia. Festas com alta probabilidade de terminarem em uma UTI, se tiver vaga.
É insensato tergiversar. Se alguém contrair a covid-19 não adianta consultar o sociólogo ou o antropólogo; precisa consultar um médico epidemiologista.
Os governantes dormiram e não negociaram as vacinas necessárias para a imunização dos brasileiros. O plano de vacinação não tem datas para início, vacinas, seringas e agulhas. E isso porque o ministro da Saúde é especialista em gestão.
Mas essa é a nossa única esperança factível. Forjar falsas questões e falsas polêmicas é um desserviço à saúde pública. É muito importante que o jornalismo coloque no centro da pauta a necessidade urgente de adquirir vacinas para que os governantes se movimentem com a mesma presteza que tiveram para conseguir cloroquina, medicamento sem nenhum respaldo científico no tratamento da covid-19.
Cada dia de atraso na vacinação em massa aumenta a ameaça de que mais vidas se percam. E, também, de que a retomada da economia seja a mais tardia de todos os países do mundo. Não há tempo a perder. Como já disseram vários economistas, neste momento, a melhor estratégia para a economia é distanciamento social, máscara, álcool em gel e vacina. Este 2021 precisa ser o ano da cura. É a única utopia a nosso alcance. Ter ou não ter vacina: essa é a grande questão.
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