Após as festividades de fim de ano, o comércio do Distrito Federal começa a investir em promoções com objetivo de queimar os estoques e se preparar para receber novos produtos. Este ano, de acordo com a estimativa do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), mais de 700 estabelecimentos da capital federal devem promover, até 17 de janeiro, liquidações que variam de 30% a 60% de descontos em itens variados. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), a expectativa é de que o faturamento do mês seja de R$ 65,4 milhões. As vendas de 2021 devem corresponder a 40% do registrado em janeiro de 2020, quando o valor chegou a R$ 151 milhões (entre comércio, serviço e turismo). Porém, as cifras podem cair com o fim do auxílio emergencial cedido pelo governo federal. Apesar disso, preços reduzidos atraem consumidores, e representantes do setor prevem que o e-commerce seja o principal meio de vendas.
“Essas promoções de início de ano são tradicionais e servem para que as lojas abram espaço nos estoques para receberem produtos mais novos”, explica o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro. Ele afirma que os descontos chamam a atenção do comprador, mesmo em período de pandemia. “Geralmente, os itens que entram na liquidação são aqueles de última oportunidade, ou seja, com poucos tamanhos ou variedades disponíveis. Isso instiga o consumidor, e muitas pessoas deixam para comprar depois que acaba o ano, pois os preços, realmente, caem”, considera. Edson destaca que roupas, objetos para o lar e calçados são os setores que mais devem promover descontos.
Simone Malty, 51 anos, sempre espera o período após as festas de fim de ano para comprar. “Acredito que é nesta fase que ocorrem as verdadeiras queimas e promoções que, realmente, valem a pena”, diz. A arquiteta e moradora da Asa Sul revela que se considera uma pessoa que compra por impulso, principalmente, durante liquidações. “Tudo que eu economizo durante o ano gasto nestas promoções. Agora, estou aproveitando para comprar presentes, pois prefiro este período às promoções de Natal”, detalha.
Simone garante que se organiza para não deixar de pagar impostos e contas fixas. “Sei que temos que arcar com as despesas necessárias. Cheguei a sentir aperto, mas procuro me planejar e até quitar o que for possível antes”, pontua. A arquiteta conta que, este ano, não viu muitas promoções, mas continua procurando. “É algo que observo nas lojas e gosto de ver”, ressalta.
Não são só os consumidores que aguardam pelas promoções. De acordo com a Fecomércio, a expectativa era de que, no Natal de 2020, as vendas crescessem 2,2%. Seria um índice positivo, considerando que o setor chegou a ter uma queda de 11,63% nas vendas entre abril e maio. Os dados dos últimos meses do ano passado ainda não foram divulgados. A gerente de uma loja de vestidos na Asa Sul Rosangela Moura, 44, afirma que o comércio está otimista com as vendas neste início de 2021. “Muitas pessoas aguardam por estas promoções”, considera. Ela espera que o movimento deste período ajude a recuperar o faturamento que caiu após o início da crise sanitária da covid-19. “Sofremos bastante com a pandemia. Conseguimos arranjar outras formas de vender, como, por exemplo, pelo sistema delivery, mas esperamos que a liquidação chame cada vez mais clientes e que eles comprem”, completa.
Finanças
Seguindo a estimativa do Sindivarejista, durante este período de descontos, cerca de 95% dos consumidores devem optar por pagar as compras com o cartão de crédito. O professor de finanças do Ibmec Brasília William Baghdassarian explica que essa tendência ocorre devido às facilidades que o cartão de crédito proporciona. No entanto, ele alerta para os perigos de não saber usar corretamente a ferramenta. “O cartão é um instrumento como qualquer outro, e tudo depende de como ele é utilizado. Caso a pessoa não tenha maturidade financeira, com certeza vai acabar endividada”, frisa.
Para evitar o endividamento, William ressalta que é preciso criar o hábito de gastar menos do que se recebe. “Independentemente do valor da renda da pessoa ou da família, é possível se endividar se não ficar atento. Por isso, recomendo que sempre se tenha uma reserva emergencial equivalente a três meses de salário, além de investir em educação financeira”, conselha o professor. E alerta para os perigos de parcelar as faturas do cartão. “Algumas pessoas costumam jogar as parcelas para frente e isso só adia o pagamento, além de contar com juros que aumentam ainda mais a dívida”, completa.
Sônia Bentim, 57, veio do Rio de Janeiro para visitar a família e aproveitou para passear pelo comércio da Asa Sul. “Entrei em uma loja para trocar um presente, vi as promoções e acabei comprando mais um sapato”, conta a aposentada. Antes de efetivar uma compra, ela avalia vários pontos. “Penso se o produto é útil para mim, se a qualidade é boa e se condiz com o preço. Só depois de pensar nisso tudo, compro. Só não consigo fazer isso quando gosto muito da mercadoria, porque, quando isso acontece, eu compro sem nem pensar”, confessa.
Retrospectiva
Desempenho do comércio em 2020, em comparação ao mês anterior:
Maio 11,63%
Junho 13,53%
Julho 18,68%
Agosto 23,42%
Set 26,08%
Out 24,32%
Fonte: Fecomércio-DF
*Dados de novembro e dezembro não foram divulgados.
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