VIOLÊNCIA

Vítima de feminicídio será velada nesta segunda no Campo da Esperança

Família de Isabel Ferreira Alves, assassinada pelo marido, não terá condições de velá-la na cidade natal, no Maranhão

Darcianne Diogo
postado em 11/01/2021 06:00
 (crédito: MATERIAL CEDIDO AO CORREIO)
(crédito: MATERIAL CEDIDO AO CORREIO)

Sem condições financeiras de transportar o corpo para o Maranhão, a família de Isabel Ferreira Alves, primeira vítima de feminicídio do Distrito Federal em 2021, velará o corpo no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, na tarde de hoje. A auxiliar de serviços gerais morreu na noite de sexta-feira, após ser atingida por facada desferida pelo marido, Marcos Soares Pereira, 36 anos, preso em flagrante. Isabel, que tinha 37 anos, deixa três filhos.

Ao saber da morte da irmã, Ana Maria Ferreira, 35, saiu de Santa Inês (MA) na sexta-feira e chegou a Brasília na manhã de ontem. A intenção, segundo ela, era levar o corpo da familiar até a cidade natal para ser sepultado. “Como o seguro não cobriu, o valor para o translado ficaria em mais de R$ 15 mil. Não temos essa condição de jeito nenhum”, contou, em entrevista ao Correio.

O sepultamento ocorrerá hoje, às 14h30, e terá duração de 30 minutos. Isabel se mudou para Brasília há 12 anos, onde teve três filhos, fruto de outro relacionamento. O velório não contará com a presença da mãe dela. “Só vim eu do Maranhão. Minha mãe e minhas outras irmãs não tinham o dinheiro da passagem. Como vem? Tudo isso é muito triste”, lamentou.

O caso

A auxiliar de serviços gerais foi morta com uma facada no tronco pelo companheiro, dentro de casa, na QNN 3 de Ceilândia Norte. O filho caçula da vítima, de 15 anos, presenciou o crime e precisou correr e esconder-se em um cômodo da casa para não ser atingido. O homem foi preso em flagrante no sábado.

Em depoimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam 2), o agressor contou que queria sair de casa e os dois tiveram uma discussão. “Ele teria pedido dinheiro a ela, mas a vítima falou que não tinha o valor e cogitou pedir aos vizinhos. Depois disso, ele disse que a matou com, ao menos, uma facada”, detalhou a delegada-adjunta da Deam 2, Karina Duarte.

Ao Correio, a irmã de Isabel contou que Marcos proibia a mulher de se comunicar com os parentes. O agressor acumula oito ocorrências por crimes diversos contra a mulher.

Dados da Secretaria de Segurança Pública indicam redução de 56,6% no número de feminicídios registrados entre janeiro e novembro de 2020, em comparação ao mesmo período de 2019. No ano passado, 13 mulheres morreram vítimas de violência de gênero, contra 30 nos 11 primeiros meses do ano anterior.
Em dezembro, ao menos quatro mulheres foram vítimas desse tipo de crime. Levantamento atualizado com os dados consolidados de dezembro deve ser divulgado este mês.

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