Após pouco mais de um mês da morte de um motorista de aplicativo, que perdeu a vida enquanto trabalhava no Distrito Federal, Geraldo Iris Gontijo, de 51 anos, foi executado com um tiro na nuca e teve o corpo jogado no porta-malas do próprio carro. O crime ocorreu depois que ele atendeu uma corrida na madrugada desta terça-feira (12/1), no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria. Dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) indicam que, entre janeiro e julho de 2020, cinco trabalhadores dessa categoria foram vítimas de latrocínio. Até a última atualização dessa reportagem, ninguém havia sido preso.
O genro da vítima, que preferiu não se identificar, narrou a situação e alertou os trabalhadores. “Queria pedir para a galera tomar cuidado com esses aplicativos. Quando deu 1h [terça-feira], meu sogro recebeu uma chamada pelo 99, aqui em Porto Rico. Ele foi lá atender e os caras entraram no carro. Não sei se ele reagiu ou não, mas eles deram um tiro na nuca do meu sogro, mataram ele e o colocaram dentro do porta-malas.” Em entrevista ao Correio, ele define o sogro como uma pessoa “tranquila” e “sossegada”. “Estava sempre disposto a ajudar, tratava a todos bem e era pai de família. Infelizmente, o perdemos para a criminalidade. Nunca teve desavenças com ninguém e trabalhava à noite e pela madrugada, pois achava mais tranquilo devido ao trânsito”, completou.
Geraldo prestava serviços havia cerca de dois anos para empresas de transporte por aplicativo. Como o motorista tinha o costume de sair para trabalhar durante a madrugada, a família não estranhou. O genro conta que a vítima entrou no WhatsApp pela última vez por volta da 1h30 de terça-feira (12/1). “Não conseguimos mais contato. Acreditamos que esse tenha sido o horário que os bandidos o abordaram”, disse.
Investigação
A polícia colhe informações para descobrir se Geraldo foi assassinado ainda no DF ou em Valparaíso (GO), o que definirá se o caso ficará a cargo da 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) ou da delegacia do município goiano. Como consta na ocorrência, com Geraldo no carro, os criminosos dirigiram até Valparaíso 2, à procura de um rival, identificado como Dyego de França, 31. Após localizarem o rapaz, os suspeitos o colocaram à força no carro e o levaram até a Quadra 37, Anhanguera B. Lá, o balearam diversas vezes, fugindo em seguida.
Horas depois, três pessoas passaram pelo local e avistaram o carro abandonado. Ao aproximarem-se do veículo, o trio constatou que havia um homem sangrando no banco interior do automóvel. Sem ainda saber que o corpo do motorista de app estava no porta-malas, as testemunhas levaram o rapaz, com o carro de Geraldo Gontijo, até o Centro de Atendimento Integrado à Saúde (Cais) de Valparaíso, mas, segundo relataram à polícia, não havia cirurgiões disponíveis e, por isso, seguiram até o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). O estado de saúde do rapaz não foi divulgado.
Somente no HRSM, os socorristas do hospital perceberam que havia outro corpo dentro do porta-malas, mas inconsciente e sem sinais vitais. Policiais militares, então, conduziram as testemunhas e o veículo até Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Valparaíso, mas, chegando lá, foram orientados que o caso era atribuição do DF e seguiram até a 20ª DP (Gama). Contudo, o caso foi transferido à 33ª DP, onde está sendo investigado como homicídio em apuração e localização ou remoção de cadáver. No entanto, a tipificação pode mudar no decorrer das diligências policiais.
Medidas
Procurada pelo Correio, a 99 lamentou a morte de Geraldo e diz apurar o caso para saber se o crime ocorreu durante corrida pelo aplicativo. “Nos solidarizamos com a dor dos familiares e estamos buscando contato com eles para oferecer o suporte necessário. A plataforma se coloca à disposição da polícia para compartilhar informações que possam ajudar a esclarecer os fatos e a punir os responsáveis”, garantiu a empresa.
Questionada pela reportagem sobre as medidas adotadas para combater crimes desse tipo, a 99 afirmou que investe “continuamente em segurança antes, durante e depois das corridas”. Esclareceu, ainda, que, como formas de prevenção antes das chamadas, “a companhia mostra aos motoristas informações sobre o destino final, a nota do passageiro e se ele é frequente, além de exigir que todos os passageiros incluam CPF ou cartão de crédito”.
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