FEMINICÍDIO

O adeus à professora Marley

Sarah Peres
postado em 13/01/2021 21:40 / atualizado em 13/01/2021 21:41
 (crédito: Monica Vieira/TV Brasília)
(crédito: Monica Vieira/TV Brasília)

Vítima do segundo feminicídio deste ano, ocorridos em um intervalo de menos de cinco dias, no Distrito Federal, a professora aposentada Marley de Barcelos Dias, de 54 anos, foi velada na manhã de ontem, no cemitério de Sobradinho. A cerimônia ocorreu sob forte comoção de familiares, amigos e colegas de trabalho.

O velório teve início às 8h, com dezenas de pessoas reunidas para prestar as últimas homenagens e dar o adeus à amiga, mãe, vizinha, colega. Os filhos da vítima, de 18 e 23 anos, foram à cerimônia. Muito abalados, os familiares de Marley não tiveram condições de falar.

Rosa Maria de Souza foi vizinha de Marley por 23 anos. “Era superinteligente e esforçada, ela se formou muito cedo. Era uma pessoa muito boa, só conhecendo para saber”, conta Rosa. Marirosa Silva trabalhou um ano com Marley. Ainda em choque, a auxiliar de educação não poupou elogios à colega. “Nesse ano em que trabalhamos juntas, pude observar que era muito tranquila, serena, reservada, muito amiga e uma chefe excelente, mesmo. Ontem, passei o dia muito abalada, ainda estou. Não é fácil a gente receber essa notícia”, desabafa.

O corpo da professora da Secretaria de Educação (SES-DF) foi enterrado em meio ao choro desesperado das pessoas mais próximas a ela. Em nota oficial, a secretaria informou que Marley se aposentou pela pasta em 2017 e lamentou o caso de feminicídio.

O crime

[FOTO2] Marley foi assassinada com três tiros. Ela estava na cozinha da casa onde vivia com os dois filhos, no Condomínio Império dos Nobres, em Sobradinho. O ex-companheiro e assassino, Geovane da Cunha, foi filmado por câmeras de segurança ao chegar à guarita, onde teria enganado o porteiro para ter acesso à residência. Nas imagens, ele estaciona o veículo da irmã, um VW Voyage branco, em frente à casa da ex-companheira.

O eletricista foi gravado pulando o muro da casa. Na área interna do lote, ele conseguiu entrar pela sala sem precisar arrombar a porta. Marley escutou a movimentação e desceu até o cômodo, onde encontrou o autor. Os dois passaram a discutir na cozinha, momento em que o filho mais velho da professora — o único que estava no local — foi ao encontro dos dois. O jovem se armou com uma garrafa de vidro, mas não conseguiu fazer nada, pois, nessa hora, Geovane disparou à queima-roupa contra a vítima.

Ele fugiu com o carro da ex-mulher, um VW Jetta branco. O acusado saiu pela garagem da casa, quase atropelando os dois cachorros de estimação da família, que latiram fazendo alarde aos vizinhos. Os moradores, que ouviram os disparos e os animais, foram os responsáveis por acionar a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Marley já estava sem vida quando o socorro chegou. Geovane, 44, durante perseguição policial horas depois, tirou a própria vida, dentro do carro de Marley.

Colaborou Ana Isabel Mansur

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