ECONOMIA

Mercado de franquias deve apresentar rápida recuperação em 2021

Em tempos de crise, empreendedores procuram apostar em negócios mais seguros. Sistema de franchising se mostra resistente aos efeitos da pandemia da covid-19 na economia e, mesmo depois de um segundo semestre desafiador, anima especialistas e representantes do setor

Samara Schwingel
postado em 15/01/2021 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A pandemia da covid-19 causou efeitos negativos na economia de todo o mundo e fez com que empreendedores procurassem apostar em negócios mais seguros. No Distrito Federal, foram as franquias que se mostraram mais resistentes. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), mesmo após registrar queda de 10% no faturamento do 2º trimestre de 2020, em comparação ao mesmo período de 2019 — saindo de R$ 1,29 bilhão para R$ 1,16 bilhão — o segmento conseguiu fechar o 3º trimestre do ano passado com 2.772 unidades abertas no DF — 7% a mais do que em 2019. Especialistas e representantes do setor afirmam que este mercado é promissor e deve apresentar rápida recuperação em 2021.

Ainda de acordo com a ABF, os setores da capital federal que fecharam o 3º trimestre com mais lojas abertas foram alimentação (34,6%); saúde, beleza e bem-estar (16,8%); e moda (15,1%). Quando comparados ao mesmo período de 2019, os dados apresentam alta de 4,6%; 8,4%; e 0,5%, respectivamente. Apesar de os dados do 4º trimestre ainda não estarem disponíveis, a diretora da associação regional do DF, Cláudia Vobeto, considera o crescimento como certo. “Pelas movimentações que sentimos nos últimos meses do ano, o mercado de franquias deve ter resultados positivos em comparação ao ano anterior e, também, ao longo de 2021, principalmente nos segmentos de alimentação e saúde”, pontua.

Hudson Souza, 53 anos, é dono de uma franquia de uma marca de pães artesanais. Em meados de agosto de 2020, ele inaugurou uma unidade em um shopping no Sudoeste. “Fomos pegos de surpresa pela pandemia, no meio das obras. Como o dinheiro já estava investido, resolvi continuar”, conta. Então, mesmo com medo das baixas vendas, Hudson arriscou. “Surpreendentemente, o movimento está melhor do que imaginei. Pensei que seria muito baixo, até por se tratar de um shopping. Mas, até o momento, não foi tão ruim”, diz.

Hudson está confiante para o desempenho ao longo de 2021. Segundo ele, o mercado tem grandes possibilidades de registrar crescimento nos próximos meses. “Muitas pessoas estão com dinheiro parado e querem investir. E o modelo de franquias é o melhor, mais seguro e menos burocrático no momento”, avalia. Otimista, Hudson abrirá mais duas unidades da padaria em outras localidades do DF. “Estamos expandindo para Águas Claras e Asa Sul. Apesar de estar surpreso e investindo, sei que podemos melhorar. Por isso, espero que 2021 seja ainda melhor e que traga o fim da pandemia”, complementa.

Mais segurança

O modelo de franquias oferece mais segurança e menos burocracia, tanto para o franqueado quanto para o franqueador, pois é um modelo que agrega o conhecimento com um modelo de negócios que já está estabelecido no mercado e é conhecido pelo grande público. A gerente-geral do Ibmec Brasília e especialista em finanças, Rina Xavier, afirma que a pandemia forçou as grandes empresas a flexibilizarem ainda mais o modelo. “Para não sofrerem tanto com a crise econômica, as marcas abaixaram os custos de investimentos e de tamanho das franquias. Hoje, há mais possibilidades para quem queira investir, mas não quer se tornar uma gigante logo de cara”, comenta.

Por isso, Rina afirma que as microfranquias, ou seja, aquelas com investimento inicial de até R$ 90 mil, foram as responsáveis pelo desempenho do setor. Jeane Resende, 41, investiu, em agosto de 2020, R$ 69 mil em uma franquia de uma marca de beleza e bem-estar. Mesmo em meio à crise sanitária, ela optou pelo modelo por acreditar que é mais seguro, e deve inaugurar a nova loja, na Asa Sul, em fevereiro deste ano. “Prefiro usar o meu conhecimento agregado ao nome e reconhecimento que uma grande franquia já tem”, afirma.

Jeane conta que avaliou os prós e contras antes de iniciar o investimento e percebeu que o momento era ideal. “É um segmento que registrou crescimento e, além disso, vi que, se eu esperasse o fim da pandemia, concorreria com vários outros empreendedores. Ou seja, a concorrência seria bem maior”, explica. Animada com o novo negócio, Jeane espera que 2021 seja um ano positivo. A gerente-geral do Ibmec Brasília avalia que o cenário para este ano deve ser satisfatório, principalmente para os setores de alimentação, saúde e bem-estar e serviços gerais. Porém, ela alerta aos entusiastas que, para ter uma franquia, não basta ter o dinheiro do investimento. “O conhecimento sobre o negócio também é muito importante”, ressalta.

Números do setor no DF

Segmento Unidades

Alimentação 958
Saúde, beleza e bem-estar 467
Moda 418
Serviços de Educação 306
Serviços e outros negócios 179
Casa e construção 145
Comunicação e eletrônicos 109
Limpeza e conservação 69
Turismo e hotelaria 60
Serviços automotivos 52
Entretenimento e lazer 9
Total 2.772

Fonte: ABF


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O que são franquias?

É um tipo de negócio que “copia” a operação de uma empresa já existente, e, com um certo investimento, o aplica em outro ponto comercial. A gestão, a operação e a divulgação da empresa são repassadas para o empreendedor que investiu no negócio.

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