Saúde

Chuva acende alerta para a chegada do período de transmissão da dengue

No período das precipitações, aumenta a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Em 2020, ocorreu um crescimento de 22% no número de pessoas infectadas em comparação com 2019

Luana Patriolino
postado em 18/01/2021 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press    )
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )

A chegada do verão e a volta da época de chuvas acendem um sinal de alerta: o perigo da transmissão de dengue. Somente em 2020, foram registrados 47 mil casos — aumento de 22% em relação ao ano anterior, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde.

A dengue é uma doença febril grave causada por um arbovírus: são vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmente, os mosquitos. Existem quatro tipos de vírus da dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4). Cada pessoa pode ter os quatro sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele. O transmissor é o mosquito Aedes aegypti.

“A doença pode evoluir, desde pessoas sem sintomas até manifestações graves com sangramento, parada cardíaca e morte. Essa evolução vai depender do perfil da pessoa infectada e do número de infecções que ela teve”, afirma a infectologista Joana D’arc.

A bióloga e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Denise Valle ressalta que o problema pode ser ainda maior por causa da pandemia de covid-19. “A vigilância de Aedes é feita, basicamente, pelos agentes de controle de endemias, com visitas às casas das pessoas. Com isso, eles levantam um índice de quantos mosquitos existem, quanto tem deles nas diferentes regiões, e é isso que vai nortear as ações de combate”.

Enfrentamento

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal trabalha com as regras definidas no Programa Nacional de Combate à Dengue (PNCD). Subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero destaca a autorização para contratação de 500 novos profissionais de vigilância ambiental (AVAs) e de 500 para agentes comunitários de saúde (ACSs).

“Neste período, estamos intensificando as ações de combate vetorial em todas as regiões administrativas. Foi publicada a autorização para que a Secretaria de Saúde pudesse contratar mais mil agentes de saúde, o que vai contribuir muito na estratégia de combate ao vetor”, diz Valero.

Além do combate à larva, o subsecretário afirma que a pasta pretende trabalhar simultaneamente com a análise epidemiológica para otimizar a aplicação do inseticida nas cidades com maiores números de incidência.

Valero ressalta que a secretaria vem fazendo um trabalho conjunto com outros órgãos, como o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e a Secretaria de Educação. “Assim, vamos conseguir massificar a informação da necessidade de participação da população no combate ao Aedes”, reitera.

De acordo com o representante de Vigilância à Saúde, na próxima semana, a pasta deve divulgar um plano estratégico com programações de visitas e intensificar ações nas cidades em que os índices entomológicos ultrapassaram o número esperado.

Casos

No DF, a taxa de incidência é de 1.553,52 ocorrências por 100 mil habitantes. Houve aumento no número de contaminados nas 31 regiões da capital. Apesar disso, o número de mortes diminuiu: em 2019 foram 61 óbitos por causa da dengue; em 2020, 44.

As cidades com maior número de casos foram Ceilândia (5.230), Gama (4.722), Santa Maria (3.800) e Samambaia (3.774). O subsecretário de Vigilância à Saúde chama atenção para Planaltina e Guará. “Recentemente, fizemos alguns levantamentos, e essas duas cidades estão demonstrando um índice elevado de Aedes nas áreas urbanas”, diz.

Divino Valero afirmou que a prevenção também é de responsabilidade individual dos moradores. “O problema ocorre dentro das casas das pessoas. Por mais esforços que a gente tenha empenhado nessa ação, se não tivermos a participação, a simplicidade e o entendimento da população, dificilmente conseguiremos ter êxito em qualquer outra ação ou metodologia proposta pela área técnica”, pondera.

“De cada cinco lugares para colocar ovos, quatro estão dentro da casa das pessoas. Depende de uma ação do poder público e, também, da atuação proativa de cada morador”, conclui a pesquisadora da Fiocruz Denise Valle.

Zika e chigungunha

O Aedes aegypti é responsável pela transmissão da dengue, febre chigungunha e do vírus zika. Os números para essas duas últimas doenças são preocupantes. Foram 154 infecções prováveis de chigungunha em Brasília. O aumento é de 34%, em relação ao mesmo período de 2019. Entre os infectados, 146 (94,8%) eram moradores do DF.

Em relação à doença aguda causada pelo vírus zika, foram relatados 64 casos, entre 29 de dezembro de 2019 e 19 de dezembro de 2020. Desse total, 92% eram do Distrito Federal. O número de ocorrências distribuídas por região é, pelo menos, quatro vezes inferior, quando comparado a 2019

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Prevenção

Dicas importantes

» Tampe os tonéis e caixas d’água;
» Mantenha as calhas sempre limpas;
» Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
» Mantenha lixeiras bem tampadas;
» Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
» Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
» Faça uma revisão semanal ao redor de casa e esvazie possíveis depósitos de água;
» Limpe entulhos;
» Retire plantas que acumulem água;
» Se tiver entre 9 e 45 anos e já teve dengue alguma vez, vacine-se.

Principais sintomas da dengue

» Febre alta, acima de 38,5ºC
» Dores musculares intensas
» Dor ao movimentar os olhos
» Mal-estar
» Falta de apetite
» Dor de cabeça
» Manchas vermelhas no corpo

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