Coronavírus

"Estou tentando assimilar que estou vacinada", diz primeira moradora do DF imunizada

Profissionais da saúde receberam a primeira dose do imunizante contra a covid-19 em solenidade no Hran. Mais 122 idosos e 91 cuidadores do Lar dos Velhinhos Maria Madalena foram vacinados. Hoje, inicia-se a aplicação em comunidades indígenas

Cibele Moreira
Samara Schwingel
postado em 20/01/2021 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Emoção e esperança. Foram essas as palavras que a enfermeira Lídia Rodrigues Dantas, 31 anos, usou para descrever o que sentiu após ser a primeira moradora do Distrito Federal vacinada contra covid-19. “Até agora, estou tentando assimilar que estou vacinada. De qualquer forma, é uma sensação única de esperança”, relatou. Assim como ela, profissionais de saúde das redes pública e particular começaram a receber as doses da vacina chinesa CoronaVac em oito hospitais da capital federal ontem. No Lar dos Velhinhos Maria Madalena, no Núcleo Bandeirante, mais uma etapa da campanha teve início: 122 idosos e 91 cuidadores receberam o imunizante. Hoje, começa a aplicação nas comunidades indígenas do DF.

A enfermeira Lídia Rodrigues atua, desde o início da pandemia, no box emergencial do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), unidade que se tornou referência para o tratamento da covid-19 no DF desde o início da pandemia. Além dela, cinco profissionais do serviço de saúde do DF (veja Os primeiros) receberam a primeira dose do imunizante, na solenidade que marcou o início da campanha de vacinação em Brasília. Também enfermeira, Najla Simone foi a responsável por aplicar a vacina. A expectativa do Governo do Distrito Federal (GDF) é de que cerca de 53 mil pessoas sejam vacinadas nos próximos cinco dias, cobertura vacinal possível até o momento com o número de unidades enviadas pelo Ministério da Saúde — são 106.160 doses da CoronaVac, e o imunizante prevê esquema de duas doses.

Moradora do Sudoeste, Lídia conta que vivia com a mãe, na Colônia Agrícola Águas Claras, mas precisou se mudar para evitar que a idosa se infectasse. “É gratificante saber que estamos caminhando para o fim de todo esse terror.” Lídia emocionou-se. Com os olhos cheios de lágrimas, ela relembra as dificuldades que enfrentou no atendimento aos pacientes da covid-19. “Teve momentos em que achei que não conseguiríamos vencer”, confessa.

Lídia é um dos milhares de brasilienses que perderam alguém amado para a doença, um colega de trabalho. Para ela, vacinar-se é uma obrigação social. “Foram 10 meses complicados, mas está acabando, não podemos relaxar agora. Um descuido pode ser o fim da vida de alguém”, ressalta. “Nossa luta não foi em vão e vamos continuar lutando, em equipe, para o bem da população do DF.”

Glória Neri, 76 anos, foi a primeira idosa a receber a vacina no DF. “Eu estou feliz da vida porque sou a primeira pessoa (idosa) do DF a ser vacinada, em nome de Jesus”, disse. Ela mora no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, onde foi vacinada.

Segundo o Plano Distrital, a vacinação ocorrerá em quatro fases. Os primeiros a serem imunizados são profissionais da saúde; idosos acima dos 60 anos que estão em instituição de acolhimento ou asilos e pessoas com mais de 18 anos com deficiência física que vivem nessa mesma condição, bem como seus cuidadores; e a população indígena. As que não forem vacinadas, neste primeiro momento, serão imunizadas assim que mais doses forem encaminhadas ao DF.

Os idosos com mais de 75 anos estavam na lista de prioridade entre os primeiros a serem vacinados mas, com a liberação de um número reduzido de doses, esse grupo precisou ficar de fora e será imunizado assim que novas doses forem liberadas. A segunda fase prevê a vacinação de idosos com mais de 60 anos; a terceira inclui pessoas com comorbidades; e a quarta, professores e profissionais da força de segurança e salvamento.

Presente no início da vacinação no Hran, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que continuará pressionando o governo federal para que mais doses sejam registradas e entregues. “Fico feliz em saber que o Instituto Butantan (responsável pela produção da vacina chinesa CoronaVac no Brasil) pediu o registro de mais 5 milhões de doses. Vamos continuar cobrando das autoridades federais para termos um número ainda maior de vacinas para toda a população do DF”, adiantou Ibaneis. A expectativa do Executivo local é de que, até o fim do ano, toda a capital federal esteja vacinada.

Mudanças

A previsão era de que a vacinação tivesse início, simultaneamente, em 15 hospitais da rede pública de saúde. Porém, devido a atrasos na entrega dos imunizantes, oito unidades conseguiram cumprir o cronograma. Segundo a Secretaria de Saúde, todas as unidades descritas receberão as vacinas, à exceção da base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que, ao contrário do que foi divulgado anteriormente, não será um ponto de vacinação.

De acordo com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), a secretaria entregará, hoje, vacinas para o Hospital de Base e para as UPAs de Sobradinho e de São Sebastião. Nas unidades do Iges-DF, são vacinados apenas os profissionais que estão na linha de frente no combate à covid-19, conforme definido no Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, informou o instituto, em nota oficial.

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Os primeiros

Na manhã de ontem, no Hran, a enfermeira Lídia Rodrigues Dantas e mais cinco profissionais que atuam na linha de frente da unidade foram os primeiros vacinados no DF. Confira:

» Karina de Jesus Silva, técnica de enfermagem, 38
» Ana Paula Barbosa Pereira, fisioterapeuta, 49
» Juliana Bento da Cunha, médica, 32
» Narcisa Trajano de Araujo, auxiliar de limpeza, 61
» Pedro Teodoro, vigilante, 58

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