Crime

Homem que lançou carro contra sede do Ministério da Justiça vira réu

O Ministério Público Federal entendeu que o objetivo era promover um atentado contra o Supremo Tribunal Federal (STF), protestando o que "considerava como uma ditadura do Judiciário e mostrar uma ruptura institucional"

Darcianne Diogo
postado em 21/01/2021 17:36 / atualizado em 21/01/2021 17:36
O atentado aconteceu na madrugada de novembro de 2020 -  (crédito: PMDF/Divulgação)
O atentado aconteceu na madrugada de novembro de 2020 - (crédito: PMDF/Divulgação)

A Justiça Federal recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) e o engenheiro Luiz Antonio Iurkiewiecz tornou-se réu em um processo que aponta crime contra a Segurança Nacional. Na madrugada de 16 de novembro do ano passado, o homem lançou um Renault Duster branco contra a sede do Ministério da Justiça (MJ). O veículo foi encontrado por policiais militares no espelho d’água.

No interior do veículo, os militares encontraram um pedaço de madeira preso sobre o acelerador. O MPF entendeu que o objetivo era promover um atentado contra o Supremo Tribunal Federal (STF), protestando o que “considerava como uma ditadura do Judiciário e mostrar uma ruptura institucional.” Luiz foi preso no mesmo dia do atentado, no começo da tarde, por agentes da Polícia Federal (PF), quando estava prestes a deixar o hotel em que havia se hospedado no Plano Piloto.

Em depoimento, o réu confessou a prática e alegou ter agido por inconformismo político. “Ao avançar com um automóvel contra o Palácio da Justiça — acreditando ser ali a sede do poder Judiciário —, Luiz só não provocou problemas maiores pois o carro caiu da rampa de acesso ao prédio e parou no espelho d’água, ao colidir com a estrutura de uma luminária”, frisou o MPF.

Com o homem, foram apreendidos uma espingarda calibre 12, duas espadas, um arco e sete flechas de madeira, além de dois canivetes. No documento enviado à 15ª Vara da Justiça Federal, o Ministério Público Federal reuniu elementos que comprovam a materialidade e a autoria dos fatos. A peça traz fotos, imagens do circuito interno de TV do Palácio, bem como depoimentos de testemunhas. Para o MPF, ficou comprovado o inequívoco perigo de lesão ao regime democrático e ao Estado de Direito, na medida em que Luiz “pretendia não só intimidar as autoridades judicantes, mas também incentivar outras pessoas a praticarem atos violentos que atentem contra a ordem vigente”.

A decisão que recebeu a denúncia na segunda-feira (18/1) destacou que “encontram-se presentes os pressupostos processuais e condições da ação, podendo-se extrair de todo o arrazoado, e do conjunto probatório reunido até o presente momento, elementos que evidenciam a materialidade do(s) crime(s) e indícios de autoria, os quais justificam a instauração do processo penal”. A reportagem tenta contato com a defesa de Luiz.


Quem é Luiz Antonio Iurkiewiecz?


O paranaense é formado em engenharia industrial elétrica e em direito. Luiz Iruki, como também é conhecido, chegou a se candidatar a deputado federal em 2006 pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Paraná, mas não foi eleito. Nas redes sociais, ele chegou a postar uma foto com uma bandeira, com o lema “Muda, Brasil”. A mensagem refere-se a um movimento que visava protestar contra os escândalos do mensalão. No dia do crime, o Correio apurou que Luiz teria alugado o carro em uma locadora de automóveis no Aeroporto de Brasília.

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