Combate à pandemia, à fraude e ao egoísmo

Após denúncias de descumprimento da lista de prioridades para vacinação, governador do DF garante que, caso comprovadas as irregularidades, os envolvidos serão punidos. Hospital de Campanha de Ceilândia, com 60 novos leitos, foi inaugurado ontem

Samara Schwingel
postado em 21/01/2021 20:00 / atualizado em 22/01/2021 02:18
 (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press                         )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )


Em meio à preocupação com o agravamento da crise sanitária e ao reforço das medidas de distanciamento para evitar aumento no número de infecções, o Governo do Distrito Federal (GDF) abriu mais 60 leitos para o tratamento de pacientes com covid-19. As novas unidades ficam no Hospital de Campanha de Ceilândia, inaugurado ontem pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Durante o evento, o chefe do Executivo local lamentou as denúncias de descumprimento da ordem de prioridade para vacinação contra a doença. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que recebeu reclamações sobre os fura-filas, iniciará uma investigação para apurar o caso.

“Espero que sejam denúncias infundadas. O que percebi em outros Estados é que estas queixas acompanhavam vídeos e fotos, mas, aqui no DF, não vi isso, apenas relatos”, disse o governador. Apesar disso, ele defendeu a investigação do Ministério Público e afirmou que, caso as denúncias sejam comprovadas, os culpados serão punidos. “O MP está em sua função, espero que tudo seja apurado devidamente. De qualquer forma, é um absurdo que, neste momento de pandemia, se deixe de vacinar alguém que esteja na linha de frente para vacinar outras pessoas. Então, vamos apurar e, se houver realmente ocorrido isso, vamos punir os envolvidos”, completou o emebedista.

Responsável pela força-tarefa contra covid-19 do MPDFT, o procurador José Eduardo Sabo Paes informou que o órgão recebeu diversas denúncias e, por isso, notificou o GDF. A Secretaria de Saúde tem até o fim da tarde de hoje para enviar explicações ao Ministério, porém, segundo Sabo, independentemente da resposta da pasta, haverá uma investigação acerca dos fatos relatados. Ao Correio, o procurador lamentou as circunstâncias. “É uma situação vergonhosa, não deveríamos estar passando por isso. Claro que todos queremos ser vacinados, mas é necessário entender que, atualmente, não há doses para todos. É uma vergonha tudo que está acontecendo e que existam pessoas furando a fila de prioridades”, comentou.

Além da investigação, Sabo afirmou que o MPDFT avaliará, após receber o parecer da Saúde, a necessidade de acompanhar presencialmente as vacinações no DF. “Se considerarmos necessário, vamos, sim, às unidades que estão vacinando para fiscalizar o processo. Vivemos uma pandemia, não podemos admitir cenários tão vergonhosos”, completou o procurador. A Secretaria de Saúde não havia enviado uma resposta ao MP até o fechamento desta edição. Porém, o secretário, Osnei Okumoto, no evento de inauguração do Hospital de Campanha em Ceilândia, afirmou que se reuniu com os superintendes regionais e está apurando as informações. “Ontem (quarta-feira), chamei os responsáveis em vigilância em saúde e das regiões e fizemos um levantamento de tudo que estava acontecendo. Todas as irregularidades serão solucionadas, e estaremos, cada vez mais, fiscalizando.”

Investimento

O Hospital de Campanha de Ceilândia foi construído ao lado da unidade de pronto atendimento (UPA) da região administrativa, na QNN 27, Área Especial D. As obras deveriam ter sido concluídas no fim de setembro do ano passado, porém, segundo o governador Ibaneis Rocha, o atraso ocorreu devido à escassez de mão de obra e materiais de construção, reflexo da pandemia da covid-19. “Em novembro, tivemos falta de material de construção, o que nos foi relatado pela empresa responsável pela obra. Por isso, a entrega atrasou. Entretanto, o que importa é que (o hospital) está funcionando”, avaliou Ibaneis.

O GDF investiu na edificação R$ 10,4 milhões, gerando, segundo a pasta, pelo menos, 250 empregos. Após a pandemia, o GDF estuda dar outra destinação ao local. Uma das ideias é transformá-lo em um hospital materno-infantil. Neste primeiro momento, o hospital vai atender apenas pacientes com coronavírus. Serão 60 leitos, sendo 20 de unidade de terapia intensiva (UTI) e 40 de enfermaria. Dezenove pacientes chegaram no fim desta quarta-feira e estão em tratamento na enfermaria da unidade. A UTI segue sem pacientes.

De acordo com os dados da Secretaria de Saúde, no DF, a rede pública tem 97 dos 125 leitos de UTI voltados para o tratamento da covid-19 ocupados; e a rede particular, 29 dos 47. Segundo a pasta, não há risco de colapso na rede pública do DF, pois há abastecimento de equipamentos de proteção individuais (EPIs) e medicamentos para intubação.

Mesmo assim, a secretaria afirma que criou um plano de mobilização de leitos de UTI, que apresenta as etapas de ampliação do número de leitos de acordo com o avanço da doença, se houver. Atualmente, os hospitais regionais da Asa Norte e de Samambaia são referência para o atendimento a casos suspeitos ou confirmados da doença, mas, segundo a secretaria, as unidades básicas também estão preparadas para o primeiro atendimento.

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Covid no DF

O Distrito Federal registrou 834 novos casos de covid-19 e 10 mortes pela doença foram notificadas em 24 horas, de acordo com boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Saúde. No total, a capital acumula 267.340 infectados e 4.452 mortes. Outras 256.246 pessoas se recuperaram da doença. A região com mais número de infectados é Ceilândia, com 30.201 casos, seguida por Plano Piloto, com 24.271, e Taguatinga, com 21.660. A média móvel de mortes é oito e de casos, 731.

Estrutura

Veja quanto custou e qual a capacidade de atendimento do Hospital de Campanha de Ceilândia

10,4 milhões
investidos na construção da unidade

40 leitos
de enfermaria voltados para o tratamento da covid-19

20 leitos
de unidade de terapia intensiva (UTI) para o tratamento da covid-19 250 profissionais trabalhando no atendimento, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de limpeza, administração, entre outros

22.900 m²
área total ocupada pelo hospital

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