NEGÓCIOS

Cocreation Lab desembarca no DF para estimular o empreendedorismo

Criado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Cocreation Lab é um projeto que chega ao DF no próximo mês e vai ajudar empreendedores interessados em saber como colocar no papel o que pode se tornar uma grande aposta de negócio

Caroline Cintra
postado em 22/01/2021 06:00
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

Dar início a um novo negócio requer passos importantes. Antes de tirar a ideia do papel, é preciso organizar as propostas e os objetivos do empreendimento — uma das etapas fundamentais do processo. Com o intuito de orientar e prestar mentoria para futuros empreendedores, um novo programa de pré-incubação de ideias desembarca no Distrito Federal: o Cocreation Lab. Fruto de uma parceria entre a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), com apoio do Instituto Federal (IFB) e da Universidade de Brasília (UnB), o espaço poderá ser usado, gratuitamente, em quatro pontos nessas instituições.

Idealizado em 2016 pelo professor de design Luiz Salomão Ribas Gomez, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o programa já atendeu mais de 500 futuros empreendedores no estado da região Sul. Por meio de editais, qualquer pessoa pode inscrever uma ideia e, se selecionada, ter acesso a orientações de profissionais do mercado e a palestras ou seminários. A iniciativa permite, ainda, a possibilidade de fazer networking com outros cocreators, ao longo dos cinco meses de participação.

Em SC, a iniciativa recebe apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de universidades, entidades empresariais, do governo do estado e de prefeituras. Atualmente, há 19 espaços em atividade no estado, e cerca de 400 projetos em fase de ideação no país. No DF, dois polos do Cocreation Lab ficarão na UnB: um no Parque Científico e Tecnológico (PCTEC) da UnB, no Darcy Ribeiro, e outro no câmpus da universidade no Gama.

Os dois demais ficarão nos campi do IFB em Samambaia e São Sebastião. O intuito é permitir que os espaços alcancem pessoas do Distrito Federal e do Entorno, para aproximá-las de um ecossistema de inovação e impulsionar o potencial da economia criativa. “Nosso objetivo é ultrapassar os muros da universidade e criar ferramentas para a ajudar a sociedade. Há muitos projetos bons que ficam fechados, mas queremos expandir e atingir a todos”, afirma o professor Luiz Salomão.

Nesta primeira etapa da implementação do programa no DF, professores das instituições de ensino superior e da comunidade empreendedora começaram a receber informações e treinamento sobre o Cocreation Lab. Depois disso, tem início a fase de inscrição e seleção de projetos. As mentorias e os trabalhos ocorrerão com uso da metodologia TXM, modelo híbrido que permite encontros presenciais e em uma plataforma digital. “Estamos preparando as equipes que farão parte do projeto e vamos abrir o edital em abril ou maio, para que as pessoas se inscrevam e participem. As orientações começam em julho e durarão cinco meses. Cada projeto terá de três a cinco orientadores. Fui até Brasília para apresentar o projeto, e todos estão maravilhados”, comemora o idealizador da proposta.

Público diverso

Vários negócios bem-sucedidos saíram do Cocreation Lab. Um deles é a startup Agendaki, que criou um aplicativo para ajudar o varejo a controlar o fluxo de pessoas em tempos de pandemia. Em três meses, a ideia foi testada e conseguiu investimento de uma grande empresa de Santa Catarina. Hoje, o Cocreation Lab tem mais de 200 mentores, entre eles, um time de especialistas no campo de atuação da ideia pré-incubada, como professores, empresários, donos de startups e profissionais consolidados no mercado.

Cada projeto conta com um mentor individual, de acordo com o campo de atuação e da necessidade de auxílio para desenvolvimento da ideia. Mais de 70% dos projetos criados em Santa Catarina viraram negócio, segundo o professor Luiz Salomão. “A partir disso, geram empregos, desenvolvimento para a economia local, pagam impostos. Temos cocreators entre 14 e 85 anos. Gente que fez universidade, gente que nunca fez, pessoas que ganharam um emprego, mas decidiram dar início a um empreendimento, gente que perdeu o emprego... É um projeto para todos”, completa.

Expectativa

Para Renata Aquino, diretora-executiva do PCTEC/UnB e coordenadora-executiva do Cocreation Lab no Distrito Federal, as expectativas para o início do projeto estão altas. Ela acrescenta que a organização dos espaços físicos começa no próximo mês. “Essa iniciativa nos mostra que o DF é um espaço de muitas ideias. Por meio dela, procuraremos soluções novas. Esperamos trazer esse olhar empreendedor, mobilizar ideias e que as pessoas tragam propostas de forma criativa e inovadora, para o surgimento de novas empresas e startups”, diz Renata.

Pró-reitora de inovação e pesquisa do IFB, Giovana Tedesco comenta que a equipe do instituto ficou animada com o início do projeto e que espera envolver um grande grupo de servidores da área de inovação. “Os campi envolvidos estão separando os espaços para receber os grupos, e estamos organizando reuniões com os diretores-gerais das unidades de Samambaia e São Sebastião para que, em breve, toda a comunidade seja envolvida”, prevê. “Os espaços ficarão abertos, para que pessoas de fora possam participar dos grupos, interagir, trocar ideias e acompanhar o desenvolvimento dos projetos”, acrescenta Giovana.

Para o diretor-presidente da FAP-DF, Marco Antônio Costa Júnior, o principal intuito dessas parcerias é contribuir com a ampliação e o fortalecimento do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação do Distrito Federal. “Somos parceiros do Cocreation Lab porque acreditamos que movimentar a economia local e regional com novos negócios, oferecendo mentoria e informações para aumentar as chances de sucesso dos empreendedores brasilienses, é uma excelente forma de ajudar na mudança da matriz econômica da capital federal, especialmente nessa fase em que vivemos”, ressalta.

O objetivo, segundo ele, é transformar Brasília na primeira cidade inteligente da América Latina. “Para isso, é essencial aquecer o ambiente de inovação, empreendedorismo, além da economia criativa e circular, gerando oportunidades, preparando profissionais e fazendo o setor deslanchar. Apoiar startups e novas ideias é fomentar o surgimento de soluções de impacto social e tecnológico que possam contribuir para o desenvolvimento da cidade e para o aumento da qualidade de vida da sociedade”, pontua Marco Antônio.

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  • Após o início da pandemia, os  encontros nos espaços tornaram-se virtuais
    Após o início da pandemia, os encontros nos espaços tornaram-se virtuais Foto: Arquivo Pessoal
  • Cocreation Lab
    Cocreation Lab Foto: Arquivo pessoal
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