Crônica da Cidade

por Mariana Niederauer mariananiederauer.df@dabr.com.br (cartas: SIG, Quadra 2, Lote 340 / CEP 70.610-901)

Correio Braziliense
postado em 31/01/2021 23:51 / atualizado em 31/01/2021 23:51


A descoberta do podcast

Descobri o mundo dos podcasts tardiamente. É claro que sabia da ascensão desse tipo de mídia, mas sempre me frustrava a falta de tempo e de concentração para acompanhar episódios inteiros. A saudade de ter o conteúdo em mãos, para ler em outra plataforma que não o computador ou o smartphone também pesava na escolha.

Nas últimas semanas, porém, decidi me aproximar desse universo. E me deparei com algumas dicas valiosas. Além do óbvio, de ouvir nos trajetos de carro, achei genial a ideia de acompanhar as gravações lavando louça. Por mais que se adiante a limpeza da casa, não há como sair da pia antes de meia hora. É realmente o momento perfeito.

Os podcasts que mais me atraem, assim como ocorre na leitura, são os modelos tradicionais, de comentários e discussões sobre notícias da semana. Ainda não me aventurei pelo leque extenso de possibilidades, do entretenimento aos tutoriais sobre mercado financeiro ou aulas dos mais variados temas. Falta ainda um tanto de exploração do território.

Fico pensando se a pandemia pode ter contribuído de alguma forma para aumentar o potencial dessas gravações em áudio. A leitura e a escrita são companheiras inegáveis dos momentos de solidão e de isolamento, mas, quando essa se torna a regra, a falta da conversa pune os corações.

Para mim, que sou daquelas pessoas que abominam mensagens gravadas, essa sensação se exacerba. Prefiro a troca de ideias pelos aplicativos de chat por meio de texto. Assim me expresso melhor e consigo também entender rapidamente o que o interlocutor quer comunicar, sem ter de colocar o celular no ouvido ou conectar o fone.

Mas, às vezes, ouvir a voz do outro, de alguém diferente do núcleo familiar mais próximo, faz falta. E nisso os podcasts ganham de lavada. É como a aproximação que o rádio permite, mas sem a necessidade do ao vivo.

Na última semana, em conversa com o professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Fragelli para o podcast do Correio Luz aos Fatos, uma outra variável dessa equação surgiu. Não chega a ser novidade para ninguém, mas falamos sobre como é difícil se manter concentrado em uma explanação ou leitura mais do que alguns segundos.

É a lógica dos comerciais, que vale para textos publicados on-line, posts em redes sociais e assim por diante. Um link leva a outro, que leva a mais um e, quando vemos, não temos a mais remota ideia do que nos trouxe para a frente da tela. Minha nova mania de podcast tem a ver com isso. Deixar o som me levar sem permitir que a mente se perca nos labirintos da web. E você? Quando pretende começar a dar o play?

 

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