AUTORIZAÇÃO

Bares voltam a funcionar após as 23h a partir desta quinta-feira (4/2)

Estabelecimentos voltam a funcionar no horário normal. Medida começa a valer a partir de publicação de decreto no Diário Oficial do DF, prevista para esta quinta-feira (4/2). Apesar da flexibilização, comércios deverão cumprir regras

Alexandre de Paula
Darcianne Diogo
postado em 04/02/2021 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A partir de hoje, bares e restaurantes da capital poderão funcionar após as 23h. A liberação consta em decreto assinado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). O documento deve ser publicado no Diário Oficial do DF (DODF) desta quinta-feira (4/2).

Para o sindicato das empresas do setor, a autorização representa uma vitória. Na avaliação de Jael Antônio da Silva, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar-DF), os estabelecimentos estão prontos para receber os clientes com segurança. “O sindicato e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) fizeram um pedido oficial ao governador, mostrando que estávamos cumprindo rigorosamente todas essas questões referentes ao planejamento da segurança dos nossos clientes e colaboradores”, frisou.

Em 1º de dezembro, o chefe do Executivo local determinou o encerramento das atividades desses estabelecimentos às 23h, após a Secretaria de Saúde (SES-DF) emitir alerta sobre uma possível nova onda de casos da covid-19. A ideia era conter a disseminação do novo coronavírus no DF. À época, a decisão da restrição não agradou os empresários. No final do ano passado, o Sindhobar-DF, em parceria com a Abrasel-DF, enviou ao governo um pedido para que os bares e restaurantes funcionassem após as 23h nas festas de fim de ano. Ibaneis acatou a proposta e flexibilizou o horário nos dias 24 e 31 de dezembro.

Apesar da flexibilização, bares e restaurantes deverão cumprir uma série de regras para evitar o contágio pelo vírus. A partir de agora, os estabelecimentos terão de dispor de pia de fácil acesso para os clientes, com sabonete líquido, papel-toalha e lixeira sem acionamento manual.

Os locais que servem comidas e bebidas também deverão disponibilizar, no balcão de serviço, álcool a 70% em gel e orientar os clientes sobre o uso correto do item. Se não for possível instalar uma pia de fácil acesso, os estabelecimentos terão de deixar frascos com o produto nas bancadas de atendimento.

Fora dos planos

O GDF descarta, ao menos por enquanto, qualquer tipo de fechamento geral. O governador Ibaneis Rocha afirmou ao Correio, na semana passada, que não seguiria ações do tipo, tomadas em outras unidades da Federação. Ontem, uma fonte ligada ao governador confirmou que a intenção segue a mesma, e que a possibilidade de fechamento é “zero”.

A avaliação é de que, apesar do aumento de casos da covid, a situação na capital federal está sob controle. Dados do painel da Secretaria de Saúde, consultados na tarde de ontem, mostram que a taxa de ocupação de leitos para covid na rede pública é de 60,43 % (168), considerando todos os que contam com suporte de ventilação mecânica. No caso das UTIs, há 71,79% (112) em uso. Nos hospitais privados, 79,5% (159) das UTIs estavam ocupadas.

O epidemiologista Walter Massa Ramalho lembra que a medida mais efetiva para conter a disseminação do vírus, hoje, é a manutenção do distanciamento. “Se nós tivéssemos feito um lockdown antes, para que pudéssemos ter essa quebra da disseminação do vírus, já estaríamos melhor hoje, como ocorreu em Wuhan (China)”, comenta. É preciso, destaca, que as medidas sejam válidas para todos. “Enquanto valer para um e para outros não, ficaremos nesta situação, que não é boa para ninguém. O vírus está aqui, circulando, e, provavelmente, temos outras cepas que são mais contagiosas”, acrescenta.

Na avaliação dele, uma estratégia seria fazer fechamentos temporários, como um lockdown de duas semanas. “Não tem o que fazer. Enquanto não tivermos uma vacina universal, teremos esse problema. Essa estratégia de duas semanas já traz uma resposta muito rápida de declínio na pandemia”, considera.

Jonas Brant, epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB), defende que o assunto deveria ser discutido pelo governo local e a sociedade, para avaliar as medidas a serem tomadas. Ele acredita que é provável que o DF chegue a um cenário em que o fechamento seja necessário. Entretanto, na visão dele, medidas de contenção, como restrição do público, poderiam impedir a necessidade de lockdown.

“Idosos e crianças, por exemplo, são grupos que têm dificuldade de seguir as regras sanitárias e aumentam a densidade nesses lugares. São medidas que podem ser tomadas hoje para impedir que cheguemos a uma decisão radical de fechamento”, destacou o infectologista em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília. “Eu espero que a gente consiga se organizar sem precisar fechar. Por que vou levar uma criança ao shopping? Não é um passeio. Hoje, vou ao shopping porque preciso comprar algo importante, mas não vou passear, porque ao fazer isso exponho pessoas a riscos desnecessários e aumento a densidade nesses lugares”, argumentou.

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