Dois detentos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) foram assassinados, ontem, na porta da unidade prisional, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), enquanto saíam para o trabalho externo — benefício concedido pela Vara de Execuções Penal (VEP) aos presos do regime semiaberto. Ao Correio, testemunhas do crime relataram momentos de terror. Valdemir da Silva Santos, 36 anos, e Ivan Nunes Costa, 29, morreram em uma diferença de menos de sete horas. Dois suspeitos pelo homicídio de Ivan foram detidos pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), ontem, no Riacho Fundo 2. A principal motivação, segundo a Polícia Civil, é a guerra do tráfico de drogas.
O primeiro caso ocorreu por volta das 7h da manhã de ontem. Valdemir, conhecido como Barriga, deu entrada no CPP em 27 de outubro do ano passado, após a Justiça ter concedido o regime semiaberto. Contemplado com as saídas temporárias, ele saiu da unidade prisional, ontem, para trabalhar. O carro dele, um Golf prata, estava estacionado próximo ao CPP. Ao entrar no veículo, criminosos encapuzados passaram em um automóvel e atiraram 20 vezes contra o detento, que morreu na hora. O Corpo de Bombeiros do DF esteve no local para prestar os primeiros socorros, mas a vítima estava sem vida. Até o fechamento desta edição, os responsáveis pelo homicídio de Valdemir não haviam sido presos.
Segundo assassinato
No começo da tarde, às 13h30, Ivan Nunes Costa, 29, foi o segundo custodiado assassinado. “Ouvimos os tiros. Eram muitos, não consegui contar, mas todos ficaram desesperados e com medo. Fechamos as lojas imediatamente”, relatou uma testemunha, que preferiu não revelar a identidade. Policiais penais e civis interditaram a rua e impediram a passagem de carros. Cápsulas de bala foram encontradas na calçada, a poucos metros do corpo. O material passará por exames periciais.
Testemunhas anotaram o número da placa do carro dos criminosos, um Chery branco, e repassaram à PMDF. Pouco menos de duas horas, os militares conseguiram encontrar os dois responsáveis pelo assassinato de Ivan. A dupla, de 25 e 33 anos, foi abordada no Riacho Fundo 2, em tentativa de fuga. Os policiais montaram um cerco, mas os criminosos desceram do carro e conseguiram correr. Um deles invadiu uma casa no conjunto 2, da QN 14, e o outro subiu pelo telhado, mas foram capturados e encaminhados à 27ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo).
Investigações revelaram que os acusados integram a maior facção criminosa do DF, o Comboio do Cão. “Tanto a vítima quanto o autor já foram presos. Uma possível guerra de tráfico de drogas teria motivado o assassinato”, detalhou o delegado-adjunto da 27ª DP, Diogo Carneiro.
Na delegacia, os dois usaram o direito de permanecer em silêncio. Os investigadores constataram que a Chery branca usada por eles para cometer o homicídio havia sido roubada no ano passado, em Samambaia, e estava com a placa adulterada. Os dois homicídios ficarão a cargo da 8ª DP (SIA), local onde os fatos ocorreram. Agora, a polícia trabalha para localizar os envolvidos no assassinato do primeiro preso, Valdemir.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF) informou que, com relação à segurança do CPP, houve reforçou no efetivo de policiais penais da respectiva unidade prisional, bem como a implementação de rondas externas, que contam com o apoio da PMDF na realização do policiamento nas proximidades do presídio. “As medidas visam o aumento da segurança no Centro, que tem características de casa de albergado — condição que não permite a construção de um muro mais alto do que o existente no local, tão pouco a instalação de concertinas, a exemplo do que ocorre nos demais estabelecimentos penais do DF”, esclareceu a pasta.
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