Toninho Maya, músico, 59 anos

Guitarrista foi mais uma vítima da covid-19 no DF. Ele conheceu e tocou com nomes que seriam expoentes do rock na capital

» JÉSSICA MOURA
postado em 06/02/2021 21:21 / atualizado em 07/02/2021 00:34
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

O músico Toninho Maya morreu, aos 59 anos, na madrugada de ontem por complicações da covid-19. Ele estava internado devido ao comprometimento severo dos pulmões. No entanto, antes de ser intubado, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. O enterro ocorreu ontem, no Cemitério Campo da Esperança, da Asa Sul.
O músico foi internado em estado grave no Hospital Alvorada na segunda-feira passada, na UTI. Toninho chegou a apresentar melhora no quadro de saúde e foi para um leito de enfermaria. “Nós chegamos a conversar na quarta-feira, por telefone, e ele disse que estava melhor. Mas essa é uma doença traiçoeira, e que de repente, tirou a vida de um ser tão especial”, comenta o amigo e também músico Renio Quintas, 65.
Toninho Maya era paraense, de Abaetetuba, e radicado em Brasília. Por aqui, no início dos anos 1980, quando vivia no bloco da Colina, na Universidade de Brasília (UnB), conheceu outros instrumentistas que formariam bandas como Plebe Rude, Capital Inicial e Legião Urbana. Esses seriam parceiros ao longo da vida.
Renato Russo chegou a se declarar fã de Toninho. A carreira musical começou em 1978, com o rock, mas ele não se limitava ao estilo, e transitou pelo jazz, blues e música popular brasileira (MPB). “O Toninho era um grande compositor, um artista genial. Na década de 1980, fundamos o Grupo Artimanha e foi um momento de muita riqueza musical e aprendizado. São 40 anos de amizade interrompidos, e um músico brilhante que teve a carreira finalizada pelo novo coronavírus”, lamenta Renio Quintas.
Além de compor para bandas como Chackras e Ária Tribo, Toninho abriu o estúdio Artimanha. O guitarrista Marcus Magalhães lembra com carinho da cena musical oitentista. “Toninho foi ícone, quando morei em Brasília, na década de 1980, acompanhava o movimento de bandas, e ele era referência para todos nós!”, ressalta. Toninho viria a trabalhar com outros grandes nomes da cena nacional, como Raimundos, Maskavo Roots, Pato Fu, Renato Matos, Adriano Faquini, Célia Porto, Leila Pinheiro, Zélia Duncan, Cássia Eller, Dinho Ouro Preto e Eliete Negreiros.
A longa carreira ainda era dividida com outra ocupação: das 7h às 13h, Toninho era funcionário no Banco do Brasil e, no turno contrário, se dedicava à música. Por conta de sua vasta contribuição cultural à capital federal, em 2001, foi laureado com o título de Cidadão Honorário de Brasília.
Pelas redes sociais, vários músicos da cidade expressaram pesar pela perda do instrumentista. Kadu Lambach conheceu Toninho nos anos 1980. “Ele é um tipo de artista que escreveu a história da cultura de Brasília. Pois, apesar de ser um músico que amava o Jazz, era super querido em todos os estilos em Brasília. A galera do rock e punk o admirava e tinha muito carinho”, conta o músico.

Colaborou Sarah Peres

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