Faculdades particulares
Estou acompanhando com atenção as discussões sobre a necessidade da volta ou não das aulas durante a pandemia. É um tema complexo e delicado. Com certeza, os prejuízos são grandes para as crianças e os adolescentes em um período crucial de formação.
A minha filha está fazendo um mestrado em pedagogia e sentiu muito os primeiros momentos de aula remota. As dificuldades eram enormes. Mas, com o tempo, as coisas melhoraram, pois houve um processo de aprendizagem e de adaptação.
Mesmo a minha neta Aurora, de 7 anos, que faz ginástica artística e passou a ter aulas virtuais, conseguiu ter algum aproveitamento. Aprendeu a fazer estrelinha, aquele giro elegante e plástico com o corpo no ar, apoiado nas mãos. Ela tinha muitas atividades e ficou indignada com o impedimento provocado pela pandemia: “Este coronavírus é um idiota”, sentenciou.
Expliquei a ela que o vírus é somente uma reação a coisas erradas que, nós, humanos, fazemos na Terra. E, na verdade, os verdadeiros idiotas são outros personagens.
Cada caso precisa ser estudado em sua singularidade. Vimos que as escolas foram reabertas em vários países e, logo em seguida, fechadas. Tudo depende da escalada da pandemia. É falso o argumento do ministro da Educação de que se os jovens frequentam os bares por quê não poderiam comparecer às provas presenciais do Enem?
Ora, se alguns fazem baladas, a postura equivocada não pode embasar a opção de algo que envolve a própria vida e a vida de muitas outras pessoas. A decisão das faculdades particulares do DF de permanecer funcionando em educação remota, durante o primeiro semestre de 2021, foi sensata e corajosa.
Claro que existem muitos prejuízos em jogo. Mas, neste momento dramático, em que a pandemia volta a crescer de maneira avassaladora, é preciso priorizar o bem mais precioso, a vida de todos: professores, alunos, funcionários e familiares.
Ao mesmo tempo, os empresários devem pressionar os parlamentares e os governantes para que seja providenciada a vacina. É a única salvação no horizonte. Ganhadores do Prêmio Nobel advertiram que só o combate à pandemia poderia salvar a economia. E é exatamente isso que está ocorrendo em todo o mundo. Os países que tomaram as medidas corretas requeridas pela situação estão recuperando as atividades econômicas com maior rapidez e eficiência.
Em Brasília, o retorno às aulas presenciais da rede pública de ensino está previsto para março. Já em São Paulo, os professores prometem greve e os governantes ameaçam com o corte do ponto. É interessante como as excelências não fazem pressão sobre quem promove festas de arromba, causa aglomeração ou desrespeita as normas sanitárias.
Todavia, são muito corajosos com os professores. Eles precisam ser ouvidos. É necessário conversar para se chegar a um consenso sobre um tema tão complexo. A frase mais honesta que eu escutei de uma autoridade, durante a pandemia, foi a do prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Em um assomo de sinceridade, ele indagou: “A gente não consegue controlar nem o piolho nas escolas, como é que controlaremos o coronavírus?”
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