Eixo capital

Ana Maria Campos
postado em 08/02/2021 21:25
 (crédito: Hamilton Ferrari/CB/D.A Press)
(crédito: Hamilton Ferrari/CB/D.A Press)

Entre a política, os negócios e a pandemia

A Sputnik V é o projeto da vida do milionário Fernando Marques, dono e CEO da União Química. Empresarial e político. Há pouco mais de três anos, em novembro de 2017, quando não se tinha ainda nenhum sinal conhecido do novo coronavírus, Marques inaugurou no Polo JK a Bthek Biotecnologia, uma fábrica dedicada ao desenvolvimento e à produção de biofármacos, como medicamentos para tratamento das hepatites B e C, além de alguns tipos de leucemia. À época, foi um investimento de
R$ 100 milhões, com equipamentos compatíveis com os usados na produção da vacina russa contra a covid-19. Um dos presentes ao evento: o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, hoje deputado federal pelo PP-PR e líder do governo Bolsonaro na Câmara, um dos maiores defensores da flexibilização de regras da Anvisa, com menos exigências de testes em brasileiros para autorização emergencial da Sputnik V no Brasil. A vacina russa, desenvolvida no Instituto Gamaleya, em Moscou, já é aplicada na Rússia, Bielorrússia, Argélia, Argentina, Bolívia, Sérvia, no Paraguai e, agora, está chegando ao México.

Candidato e doador

Enquanto expandia seus negócios, Fernando Marques apostava na política. Ele tinha amizade com o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) e chegou a ser cotado como suplente de Rodrigo Rollemberg (PSB) na disputa ao Senado em 2010. O PT fez questão de indicar Hélio José para a chapa, e ele acabou virando senador por quatro anos, projeto que poderia ter sido encabeçado por Marques. Na última eleição, ele apostou alto. Candidato com o maior patrimônio declarado à Justiça Eleitoral (R$ 667,9 milhões), Fernando Marques concorreu ao Senado pelo Cidadania e, além de bancar a própria campanha, desembolsando R$ 2,7 milhões, doou R$ 1 milhão para a candidatura de Rogério Rosso (PSD) ao Palácio do Buriti, e R$ 335 mil para a Cristovam Buarque (PPS-DF), que concorreu e perdeu a reeleição. Rosso, aliás, abraçou a mesma causa, como diretor de Negócios Internacionais da União Química, cargo que assumiu depois da eleição. O sucesso da imunização contra a covid-19 com a vacina russa que, segundo estudos, tem 91,6% de eficácia, tendo a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) em Brasília, representará, sem dúvida, o sucesso empresarial e político de Fernando Marques.

 

Refis na pauta

A Câmara Legislativa deve apreciar, hoje, a prorrogação do Programa de Incentivo à Regularização Fiscal (Refis 2020). A ideia é ampliar o prazo para a adesão de pessoas físicas e jurídicas até 31 de março. A proposta de extensão foi encaminhada à Casa pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), na semana passada.Há acordo para que o projeto entre na pauta da sessão.

 

Muitos planos para mais dois anos de mandato

O delegado Rafael Sampaio foi reeleito para mais dois anos à frente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciária (ADPJ). A entidade tem como meta para o próximo biênio o estabelecimento da Lei Orgânica das Polícias Civis e a criação de marco regulatório para a criação de centros de Cibersegurança. Sem deixar de acompanhar e trabalhar contra possíveis cortes na segurança com a aprovação da PEC Emergencial, que cria gatilhos para cortes salariais quando as despesas do governo crescerem mais que as receitas. A cerimônia de posse da nova diretoria será realizada hoje, a partir das 20h, no Coco Bambu do Lago Sul.

 

Justiça inocenta Kokay de acusação de desvio de salário de assessora

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) foi absolvida de denúncia de apropriação indevida de salário de uma ex-assessora, quando a parlamentar cumpria mandato na Câmara Legislativa. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) — apresentada em dezembro de 2017 — R$ 14,9 mil teriam sido repassados, entre 2006 e 2007, para contas bancárias de Erika Kokay e do então chefe de gabinete dela, Alair José Martins Vargas. A sentença de absolvição é do juiz Newton Mendes de Aragão Filho, da 7ª Vara Criminal de Brasília. Erika argumentou que o Ministério Público e o Judiciário só tomaram conhecimento da acusação depois que ela mesma denunciou à Polícia Federal e à Polícia Civil do Distrito Federal, em 2010, uma tentativa de extorsão por parte da então assessora. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) não recorreu da sentença, que já transitou em julgado.

 

Só papos


“A força-tarefa se encerra como um modelo de sucesso em termos de responsabilização de corruptos, recuperação de dinheiro desviado e diagnóstico da macrocorrupção política brasileira”

Deltan Dallagnol, procurador e ex-coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, que chegou ao fim

 

“Os diálogos provam que a Lava-Jato manipulou o sistema de justiça, atentou contra a soberania nacional, em acordos ilegais com agentes estrangeiros, corroeu a democracia, contribuiu para o golpe de 2016, prendeu Lula sem provas e, com isto, levou a extrema direita ao poder”

Dilma Rousseff, ex-presidente da República

 

À QUEIMA-ROUPA

Deputado Eduardo Pedrosa (PTC)

“Alguns estudos dizem que o risco de morte desse grupo (com síndrome de Down) é 10 vezes maior”

O senhor fez um pedido ao governo do DF de prioridade na vacinação de pessoas com síndrome de Down. Qual foi a repercussão?
Fiz um pedido ao governo e a repercussão foi grande, pois vai atender ao pleito de muitas pessoas.

Tem ideia de quantas pessoas serão beneficiadas no DF?
No DF, há cerca de 10 mil pessoas com síndrome de Down.

Por que essa parcela da população deve passar na frente de quem tem outras comorbidades graves?
Na verdade, essas pessoas não vão passar na frente de quem tem comorbidades graves. Elas estarão inseridas nesse mesmo grupo. Essas pessoas têm uma pré-disposição de ter cardiopatias; por isso, são um grupo de alto risco. Alguns estudos dizem que o risco de morte desse grupo é 10 vezes maior.

Como é em outros países?
No Reino Unido, na Colômbia e nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas com síndrome de Down estão no grupo prioritário, e, agora, no DF também.

Não há risco de surgirem lobbies para várias categorias passarem à frente na vacinação?
Acredito que não. É uma situação excepcional, e as pessoas terão bom senso para avaliar o grupo em que estarão inseridas. E, caso alguma injustiça aconteça, como nesse caso, vamos trabalhar para resolver e para que cada um seja vacinado de acordo com o risco.

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