Professor da Faculdade de Direito e do programa de pós-graduação em metafísica da Universidade de Brasília (UnB), Miroslav Milovic morreu, ontem, em decorrência da covid-19. Aos 65 anos, deixa os filhos Lia e Nikola. Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre o velório do docente, uma vez que o traslado do corpo, que está em Recife, precisa ser feito.
Em nota, a direção da Faculdade de Direito, "com pesar", informou o falecimento do professor e declarou luto oficial de três dias. "Condoídos pela inesperada perda, manifestamos sentimentos de solidariedade, especialmente aos seus familiares, na superação desse difícil momento", acrescentou na nota.
Nascido na antiga Iugoslávia, em 1955, o professor estudou na Faculdade de Filosofia de Belgrado, hoje capital da Sérvia, formou-se doutor em filosofia pela Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e pela Universidade de Sorbonne, em Paris, e fez pós-doutorado na Universidade de Ioannina, na Grécia.
Miroslav era docente efetivo da UnB desde junho de 2000, tendo antes atuado como professor de filosofia na ex-Iugoslávia, Turquia, Espanha e Japão. O último artigo publicado pelo docente, Pandemia como História, abordou a emergência sanitária da covid-19.
Reflexão
Em relação ao seu país de origem, Miroslav era crítico à longa guerra de dissolução e de uma pressuposta globalização usada na resolução dos embates. “O conflito iugoslavo mostra o perigo das soluções consensuais que excluem a política. Consenso esconde conflitos. Na ex-Iugoslávia, mostrou-se que crer em consenso pode ser uma grande ilusão”, afirmou em seu livro Política e Metafísica, de 2017.
No mesmo livro, teceu críticas aos processos globalizadores, chamando-os de "uma forma de colonização do mundo." Miroslav chamou a atenção, em 2008, para a posição brasileira em relação à globalização. "O futuro do Brasil não é seguir os caminhos estabelecidos e metafísicos da globalização. Isso seria muito estranho, ou seja, um país tão grande ficar como uma pequena nota de rodapé na história", destacou.
Homenagens
O advogado e ex-aluno de Miroslav, Bruno Henrique Moura, 24 anos, relembrou com carinho das aulas de metafísica. "Ele tinha pureza e elegância. Nunca perdia a paciência nas aulas. Uma das mentes mais brilhantes que eu conheci", homenageou.
O Centro Acadêmico de Direito da UnB, por meio das redes sociais, também prestou homenagens ao professor. "Deixa sua marca em diversas gerações que passaram pela Faculdade de Direito, sem mencionar o seu impacto inigualável no desenvolvimento do direito e da filosofia", afirmou o grupo de discentes.
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