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Correio Braziliense
postado em 11/02/2021 21:47 / atualizado em 11/02/2021 21:48
 (crédito: Orlando Brito/Divulgação)
(crédito: Orlando Brito/Divulgação)

“Proteger as obras de Athos Bulcão é proteger a memória e a cultura de Brasília”
Valéria Cabral

 

Obra de Athos Bulcão na fachada do Piantella é leiloada
O conjunto de blocos de mármore na fachada do point dos poderosos em Brasília foi retirado para leilão. O painel era assinado pelo artista Athos Bulcão e chegou a ser avaliado em R$ 400 mil.

O restaurante Piantella, na 202 Sul, fechou as portas em março do ano passado por causa da pandemia. Apesar da manifestação contrária da Fundação Athos Bulcão, a obra foi a leilão ontem.

A entidade enviou notificação desautorizando a venda das peças.

“O lote referido no leilão não deve ser vendido como obra do artista. Informamos também que, dada a última intervenção no painel, sem autorização desta Fundação e aval do Iphan, o mesmo foi retirado do Inventário de obras de Athos Bulcão.”

 

Lance mínimo
A fundação solicitou que a referência ao nome do artista fosse retirada do lote à venda, assim como a imagem da placa que identifica a obra. A notificação foi enviada, ontem, à Quadrilátero Leilões, que divulgou a realização do leilão. O lance mínimo era de R$ 250 mil. O painel faz parte de acervo particular, que estava em área do setor privado. Até o fechamento desta edição, o leilão não havia sido finalizado.

 

Dono é empresário carioca
As peças estão sob a posse do ex-proprietário do Piantella, o empresário carioca Omar Peres. Ele é dono de dois tradicionais locais no Rio de Janeiro, o Bar Lagoa e o restaurante Fiorentina, no Leme. Peres comprou o Piantella em 2017. O gestor do negócio foi o irmão Roberto Peres, que mora em Brasília.

Ele explicou à coluna que deixar a obra no local sem manutenção e passando o ponto adiante poderia causar danos ao painel, já que não encontraram interessados para assumir o espaço com as peças.

 

Sem interesse
“Entendemos a fundação no sentido de retirar a referência da obra como de Athos para o leilão. Acatamos o pedido. Queremos que o legado fique em Brasília, oferecemos a empresários da cidade, mas não houve interesse. O futuro proprietário poderá remontar o painel em novo lugar e deverá buscar a fundação para tentar certificar lá novamente”, disse Roberto Peres.

 

Remoção polêmica
A entidade, no entanto, afirma que a remoção da obra não foi autorizada. “Trata-se, assim, de violação da Lei nº 9.610/98, portanto, de obra descaracterizada de seu projeto original, o que desvincula o artista Athos Bulcão de sua autoria, conforme reza a legislação vigente”, afirma. A notificação é assinada pela secretária executiva da entidade, Valéria Maria Lopes Cabral.

 

Proteger a memória da cidade
“Temos como missão institucional promover e proteger as obras desse artista, cujos trabalhos são de importância inigualável para a história da capital. Proteger as obras de Athos é proteger a memória e a cultura de Brasília”, ressalta Valéria.

Ela esclarece que o legado do artista não é de domínio público, como muitos acham. “Flagramos distorções absurdas da obra dele. Isso é um desrespeito ao conceito original do artista”, ressalta. A fundação tem 260 obras catalogadas.

 

Loja on-line
A fundação conta com uma loja, onde se vendem obras e objetos devidamente licenciados. É o que sustenta a entidade. Nos meses em que ficou fechada por causa da pandemia, ela foi essencial para arrecadar recursos. Houve uma expansão, e a coleção de objetos com a grife do artista foi para vários locais do Brasil. “Fizemos promoções, como oferecer frete grátis, para impulsionar as vendas”, conta Valéria. A loja física reabriu e voltou, com os devidos cuidados, a atender o público, na 404 Sul.

 

Homenagem no calendário
Os trabalhadores da área da Saúde foram homenageados no tradicional calendário anual da Fundação Athos Bulcão em 2021. O projeto bateu recorde de doações para a produção.

Nas páginas, obras de Athos que estão expostas em hospitais, como a Lula, no hospital Sarah.

“Superou as nossas expectativas, foi emocionante”, conta Valéria.

O calendário está à venda por R$ 30 na loja.

 

Museu
Criada há 28 anos, a fundação luta para ter uma sede própria com a inauguração do Museu Athos Bulcão. O projeto é assinado pelo arquiteto João Filgueiras, o Lelé; e o terreno próximo à Funarte já foi destinado na época do governo Arruda. Uma cerimônia chegou a lançar a pedra fundamental, mas o processo não caminhou mais.

 

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