Os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis pesou no orçamento das empresas que trabalham com delivery. Com a gasolina custando, em média, R$ 4,96 e o álcool R$ 3,72 no Distrito Federal, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os comerciantes afirmam não terem como repassar a porcentagem ao consumidor e temem serem derrubados pela concorrência.
O empresário Maurício Silveira, 47 anos, tem um restaurante na Asa Norte, que faz entregas. No mercado há 26 anos, ele abriu a última loja em maio do ano passado — quando a gasolina estava bem mais barata. “Estava em R$ 3,89, mas agora já está em R$ 5. O aumento foi muito expressivo”, diz.
O restaurante trabalha com as duas modalidades de entrega: delivery próprio e terceirizado. Maurício se diz preocupado com custos tão altos e explica como funciona a cadeia de aumento de preços, que vai desde o fornecedor até a entrega da comida na porta da casa do cliente. “Pagamos as diárias dos entregadores, tem a logística do preço que eles cobram por quilômetro rodado. Depois, os fornecedores. Temos uma pessoa que entrega leite, por exemplo. Não podemos pedir de uma vez só e estocar o alimento. E ele acaba cobrando mais caro, porque tem que vir três, quatro vezes por semana”, diz.
Maurício conta que não está repassando o aumento aos clientes. No entanto, a alta tem impactado fortemente no orçamento do restaurante. “Vamos ter que nos adaptar”, afirma. A reclamação também é feita por Odair Leite, 46 anos, dono de uma destilaria há 16 anos, em Taguatinga. Os motoboys da empresa são terceirizados e o preço do serviço também subiu. “Paramos de fazer entrega com o carro da empresa justamente por causa do custo da gasolina”, diz.
O empresário conta que manteve os valores para os clientes, pois teme perder o público conquistado. “Qualquer aumento afeta. Muita gente está parando de fazer delivery. Eu mesmo saí de um aplicativo de entrega porque a taxa do motoboy era alta e a nossa margem (de lucro) ficou muito pequena”, explica. “Chega a ser surreal”, diz, sobre o preço da gasolina.
Para o empresário Guilherme Sette, 38 anos, dono de uma distribuidora de bebidas no Lago Norte, o combustível impacta em 20% do custo operacional da empresa. “Temos como premissa não cobrar taxa de entrega por achar que isso é um diferencial competitivo. Estamos tendo que nos reinventar para escapar desses aumentos de preço — que não são só na gasolina”, diz.
A solução encontrada foi investir em carros refrigerados que ficam em pontos estratégicos da cidade e, além de manterem os produtos da temperatura ideal, trazem economia de até 70%, segundo o empresário. “No início do dia, abastecemos o nosso estoque que é basicamente de bebidas e os carros ficam espalhados por Brasília. Quando chega uma demanda, o nosso sistema reconhece o veículo que está mais próximo e faz a entrega”, explica.
Na última segunda-feira, a Petrobras anunciou nova tabela de preço para gasolina e diesel, com aumento de R$ 0,168 e R$ 0,124, respectivamente. No entanto, na quinta, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, informou que, na próxima terça-feira (16/2), haverá mais um aumento, de R$ 0,10, referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
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