Crônica da Cidade

Mariana Niederauer
postado em 14/02/2021 22:06

O carnaval que sonhei para 2021

No carnaval que sonhei para 2021, tinha festa nas ruas. Os foliões se aglomeravam pelo Setor de Diversões Sul, batizado dessa forma justamente em homenagem à festa de Momo. A seriedade da semana de trabalho virando descontração, música e dança em meio ao concreto.

A Funarte ganhou bloquinhos paz e amor e no Parque da Cidade a Baratinha desfilou sua tradição. O Pacotão tomou a W3 e o Divinas Tetas celebrou, mais uma vez, a Tropicália. O Eixão fechou para ver o Raparigueiros passar sem violência e o Eduardo e Mônica tocou as músicas mais famosas do rock da capital. Até o Babydoll de Nylon resolveu dar o ar da graça, com o hit que gruda na mente. “Você, você, você!”

Teve também abre-alas, baianas, mestre-sala e porta-bandeira desfilando na Sapucaí. A verde-e-rosa reinou absoluta, com chuva de elogios de comentaristas e jurados impressionados. As outras escolas também fizeram bonito, em um show de cores e de protesto por mais igualdade social.

Teve camarote ocupado pelas celebridades mais importantes do momento: médicos e enfermeiros pularam e celebraram o fim da pandemia. Sob a benção de todos os santos, lavaram a alma na Baía de Guanabara.

No sonho que sonhei para este ano, teve viagem para a praia. Pé descalço, à beira-mar, sol a pino, água de coco. Um guarda-sol e um bom livro para distrair depois de admirar a paisagem sem pressa. Tudo no seu tempo.

Férias despreocupadas, saudade fora do vocabulário e amor transbordando nos sorrisos descobertos, desvelados, revelados. Nada de máscara de proteção. Nem de pano, nem de malha, N-95 ou cirúrgica. Aliás, todo o vocabulário aprendido nos meses de pandemia estava guardado na pasta do esquecimento da memória.

Havia vacina. Ah, muita vacina! Estavam todos vacinados e aptos a um carnavalizar sem fim. Ir pra avenida, celebrar a vida, ouvir batuque e repique, como cantaram os Tribalistas, do fundo do corasamborim. O Olodum tocou no Pelô nesse sonho sonhado na noite passada. Tirou a todos da solidão, nos deu a mão.

E amanheceu e nada mudou. Continuei no sonho para só despertar no próximo carnaval. 2022 que me aguarde!

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