A Quarta-feira de Cinzas é marcada pelo encerramento do período carnavalesco e início da quaresma, tempo de penitência e oração para os católicos. Durante quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, os cristãos dedicam-se à reflexão e à conversão espiritual. O tempo de penitência prioriza o resguardo e a oração para lembrar o tempo de Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz. Ontem, as celebrações na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida começaram às 12h.
Segundo o padre João Firmino, pároco da Catedral, o período carnavalesco que antecede a Quarta-feira de Cinzas também é uma festa cristã. “É o tempo em que comemos carne, fazemos churrasco, já que ao longo do período quaresmal iremos refletir mais sobre a própria vida por meio da abstinência”, diz. Ele explica a importância da solenidade. “É um dia em que participamos de uma missa e fazemos um pequeno sacrifício, para lembrarmos que somos pó. Temos um valor importante, tanto é que a liturgia preserva
isso, mas é preciso lembrar que há algo superior a nós, a presença ou figura de Deus”, ressalta.
Segundo o sacerdote, a data marca o início de um tempo que deve ser regado com muita caridade. “É um dia de se fazer jejum, mas não é simplesmente ficar sem comer. É para que aquilo que eu não vá comer possa se tornar caridade, auxiliando alguém que está em período de necessidade ou sofrimento. A partir daí, eu posso oferecer um alimento, esmola, um presente ou até dar atenção”, ressalta. “Devemos nos lembrar da necessidade do amor misericordioso de Deus conosco, e também da necessidade daqueles que estão à nossa volta, para que assim possamos vivenciar esse tempo nos preparando para vivenciar a alegria que vai ressuscitar”, reforça João.
Viver o tempo de doação é o desejo da estudante universitária Nathália dos Anjos, 21 anos. Com as penitências e jejuns já definidos, a moradora do Gama diz que pretende aproveitar o tempo de penitência. “É um momento em que a igreja nos convida à reflexão, oração e, principalmente, caridade. É tempo de refletirmos que do pó viemos e ao pó retornaremos, então, não somos nada aqui. Estamos buscando a vida eterna por meio de Jesus, porque queremos alcançar o céu”, defende.
A renúncia surge da vontade do cristão de reviver o sofrimento de Jesus durante os quarenta dias no deserto. Nós iremos relembrar esse momento, e será também um deserto para nós. Um pouco diferente, mas não deixa de ser”, defende Nathália. “Eu já escolhi as minhas penitências, e acredito que seja uma forma de nos educarmos, não só espiritualmente, mas também fisicamente. É uma forma de aprender a abdicarmos de coisas para não cedermos às vontades da nossa carne”, acredita.
Protocolos
Durante a missa, celebrada na Catedral, os fiéis mantiveram distanciamento entre si, como medida de segurança contra a covid-19. Apesar da recomendação para evitar contato direto com fiéis, houve a imposição de cinzas na testa dos presentes e entrega de hóstias em mãos. Por causa da pandemia, a celebração passou por mudanças, com a definição de protocolos divulgados pela congregação para o culto e a disciplina dos sacramentos. Em vez da testa dos fiéis, as cinzas devem cair sobre a cabeça de cada um dos presentes na igreja, em silêncio. O padre não precisaria tocar a cabeça do fiel.
O mesmo protocolo definiu que após a oração de bênção das cinzas e depois de aspergir com água benta, em silêncio, o sacerdote deve dizer de uma só vez para todos: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” ou “Lembra-te que és pó da terra e à terra voltarás”. O sacerdote, então, higieniza as mãos, coloca a máscara e impõe as cinzas a todos os presentes.
Fraternidade
Com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, a campanha da fraternidade marca o início da quaresma. “A campanha vai nos pedir para cuidar do outro, olhar para quem sofre, para a mulher que é violentada, para aquele que sofre algum tipo de exclusão. Muitas vezes, a caridade pode ser para alguém da minha casa, do meu ambiente que, às vezes, por conta da pandemia, está mais estressado, mais nervoso ou depressivo. É um convite para olhar menos para si e olhar para outro”, pontuou o padre João Firmino.
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