ENTREVISTA

Queremos fazer de Brasília uma cidade inteligente e sustentável, diz secretário

À frente da pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação, Gilvan Máximo detalhou projetos que pretende concretizar neste ano no DF. Entre os planos estão o lançamento de bolsas universitárias para estudantes de baixa renda e a organização de mais uma edição da Campus Party

Em entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, Gilvan Máximo, detalhou, ontem, projetos voltados à promoção da inclusão digital na capital do país. Entre os planos, segundo o chefe da pasta, estão a abertura de laboratórios de robótica, parcerias com instituições do setor produtivo e a ampliação do projeto Wi-Fi Social.

Na semana passada, o Correio divulgou que o sistema de oferta gratuita de internet funcionava em apenas metade dos ônibus em circulação no DF. No entanto, durante a conversa com o jornalista Fernando Jordão, o secretário destacou que há diversos pontos com o serviço espalhados pela capital federal, como Rodoviária do Plano Piloto, hospitais, unidades de pronto-atendimento (UPAs), paradas de ônibus e estações de metrô.

Além disso, Gilvan Máximo comentou sobre os trabalhos para transformar Brasília em uma cidade inteligente, principalmente por meio da reciclagem de lixo eletrônico, bem como sobre a ampliação do número de carros elétricos para servidores públicos e de um programa que oferecerá bolsas de estudo para 10 mil estudantes com renda individual de até um salário-mínimo e meio (R$ 1.650).

Quais são os projetos da secretaria para tornar a ciência mais inclusiva?
(Sobre) nosso projeto de inclusão digital, digo que ele não é um projeto de inclusão digital, mas de inclusão social. A prova disso é democratizar as tecnologias. Colocar internet de graça na Rodoviária (do Plano Piloto), por exemplo, por onde passam 800 mil pessoas (por dia), nos hospitais, nas UPAs (unidades de pronto-atendimento), nas paradas de ônibus, (estações de) metrô e outros espaços públicos. Lançaremos um edital para incentivar 50 startups com ajuda de até R$ 50 mil, por exemplo. Além disso, temos a Campus Party, que, de âmbito regional, tornou-se nacional. Junto ao escritório do evento, estamos trazendo um consultório de robótica, com a pretensão de abrir 50 laboratórios, e temos 15 prontos para serem inaugurados. Esses locais funcionarão em administrações regionais, nos centros de juventude e escolas. Começaremos a inaugurar esses laboratórios a partir da semana que vem, com a volta às aulas.

O que seria transformar Brasília na primeira cidade inteligente da América Latina?
Nós lançamos, por exemplo, nossa usina de reciclagem de lixo eletrônico que fica no Gama, em um prédio que o Ministério da Ciência, Tecnologia (e Inovações) nos emprestou e, assim, montamos a primeira usina de reciclagem de lixo eletrônico da América Latina. Temos trabalhado muito, e é um sucesso. Em uma só ação, no Parque Olhos d'Água, na Asa Norte, conseguimos 10 toneladas de lixo em um fim de semana que foram descartadas. Na usina, fazemos com que esse lixo volte para a população de baixa renda, como é o caso de notebooks e computadores. Ali, 90% é recuperado do lixo eletrônico. A prova disso é que, este ano, vamos abrir 100 centros de capacitação tecnológica com computadores usados que iam para o lixo contaminar e poluir o meio ambiente. Com isso, queremos fazer de Brasília não só uma cidade inteligente, mas sustentável também.

Como está o projeto dos carros elétricos?
Devido à pandemia, paramos o projeto, mas, agora, estamos retomando aos poucos. Esse carro foi uma parceria com o Parque Ecológico de Itaipu e com a Agência Brasileira de Desenvolvimento da Indústria (ABD). Eles estão sem vidro, e estamos em um período chuvoso, mas, assim que parar de chover ou colocarem vidro nos carros, retomaremos esse programa. É um projeto voltado apenas para servidores públicos. Os funcionários poderão ficar até 15 minutos com o carro, que pode ser pego no Buriti, nos órgãos das secretarias locais e na Esplanada dos Ministérios. Temos pontos de carregamento para carro elétrico totalmente de graça, como na Administração Regional do Lago Sul, do Lago Norte, do Paranoá, de Vicente Pires e de Samambaia.

E o projeto de bolsas universitárias para 10 mil estudantes?
As faculdades vivem um momento difícil com a pandemia. O governador Ibaneis (Rocha) está muito preocupado com essa questão da educação e mostramos para ele o projeto, que lançaremos com a Secretaria de Economia. Nosso objetivo é dar 10 mil bolsas este ano, a partir do próximo semestre. O projeto está em fase de estudo e bem encaminhado. A iniciativa vai ajudar as pessoas que estão com matrícula trancada e jovens que não têm condição de frequentar a universidade e pagar o curso. O governo chega como um ombro amigo para esses jovens de baixa renda. Estamos preparando o edital junto com a Secretaria de Economia para lançar o programa.

Como será a seleção desses estudantes?
Os alunos com renda individual de até um salário-mínimo e meio (R$ 1.650) estarão aptos a entrar e pleitear a bolsa universitária. Podem ser os estudantes que estão na universidade ou que no ensino médio e vão pleitear o vestibular. A seleção ocorrerá a partir das notas nos vestibulares das instituições de ensino. O aluno que estiver com nota 10 será o primeiro da fila. Temos a pretensão de lançar o edital neste semestre. Para monitorar o aluno contemplado, usaremos inteligência virtual para acompanhar a frequência dele. Assim, aqueles que tiverem mais de 20% de falta durante o semestre serão automaticamente desligados do programa.

Quanto à Campus Party, há previsão de ela voltar a Brasília?
Estamos planejando para que o evento ocorra em 15 de novembro, bem no fim do ano, quando boa parte da população estará vacinada. Em nossa outra Campus, havia 125 mil pessoas. Nossa estimativa é de que a próxima passe de 150 mil e que venha gente do mundo todo para cá.

*Estagiária sob supervisão de Jéssica Eufrásio