BEM-ESTAR

Projeto da UnB com o Governo Federal abrirá núcleos para a prática de saltos ornamentais

Referência na modalidade, Universidade de Brasília (UnB) lança projeto para democratizar o esporte. Atletas comentam os benefícios da prática e a importância da iniciativa

Gabriela Chabalgoity*
postado em 02/03/2021 06:00 / atualizado em 02/03/2021 14:37
Centro de Excelência de Saltos Ornamentais da UnB foi inaugurado em 2014 -  (crédito: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
Centro de Excelência de Saltos Ornamentais da UnB foi inaugurado em 2014 - (crédito: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)

Voar, fazer acrobacias e mergulhar. Cada movimento é milimetricamente pensado e exige uma mistura de elasticidade, equilíbrio e coordenação. Esses são os desafios dos atletas de saltos ornamentais. E até conseguir a excelência no esporte, quem trilha esse caminho é movido por sonhos despertados ainda na infância, ao assistir a ídolos do esporte brilharem em competições nacionais e internacionais.

Foi assim com Anna Lúcia dos Santos, 19 anos, que começou a saltar logo cedo. “Eu iniciei os saltos aos 7 anos de idade, no Defer, fazendo escolinha. Fazia junto com a ginástica, mas, depois de um tempo optei mesmo pelos saltos. Em seguida, fui para o Mackenzie treinar com o Ricardo Moreira e, assim que abriu o projeto na Universidade de Brasília (UnB), fui pra lá, o que é magnífico. Tem outra estrutura, atendimentos com nutricionista, psicóloga, fisioterapeuta... É tudo voltado para a evolução do atleta, o que mais me ajuda”, conta ela sobre os benefícios do Centro de Excelência em Saltos Ornamentais da UnB. O projeto é uma parceria com a secretaria especial de esportes do Ministério da Cidadania.

Anna Lúcia já participou de campeonatos brasileiros, sul-americano juvenil, pan-americano juvenil, mundial juvenil e jogos olímpicos da juventude: “Agora entrei na categoria adulta e vou para cima. Vou participar do sul-americano e, depois, da Copa do Mundo”.

Para quem é fascinado pelo esporte, há boas notícias. A modalidade de saltos ornamentais no Brasil dá um passo rumo à massificação. Em parceria com a Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social do Ministério da Cidadania (Snelis), a UnB implementou o projeto Um Salto na Educação, que visa difundir a prática em todo o país, por meio da abertura de dez núcleos de saltos ornamentais, em todas as regiões.

  • Anna Lúcia dos Santos, atleta de saltos ornamentais
    "Essa foi uma das minhas maiores conquistas no sul-americano: ganhei três medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze", celebra Anna Lúcia Arquivo pessoal
  • Ao lado direito, Kawan Pereira, nos jogos Pan-Americanos de 2019
    Kawan Pereira nos Jogos Pan-Americanos de 2019, em Lima: atleta defende que o exercício fortalece a saúde mental Arquivo pessoal
  • Luana Lira, Anna Lúcia dos Santos, atleta de saltos ornamentais, no Troféu Brasil 2019
    Luana Lira começou a treinar saltos ornamentais aos 8 anos, em João Pessoa. No fim de 2014, mudou-se para Brasília e passou a praticar no Centro Olímpico da UnB Arquivo pessoal

Projeto social

Para Ricardo Moreira, presidente da Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais e professor voluntário da UnB, essa é uma ação fundamental porque possibilita que crianças na faixa de seis a 14 anos, de todas as classes sociais, pratiquem esse esporte de difícil acesso.”Atualmente, no Brasil, há apenas 400 praticantes da modalidade. Com esse projeto, pretendemos alcançar 1.120 jovens, praticamente o triplo”, afirma.

“O projeto vai permitir que realizemos cursos de capacitação para treinadores, pessoas responsáveis pela difusão da modalidade, o que incentiva o início de uma cultura em torno desse esporte. Além disso, cria a possibilidade de alunos de graduação já terem contato com os saltos ornamentais, acompanhar as aulas, treinamentos e ter acesso a um laboratório de práticas educativas. Assim, é mais fácil esse estudante criar uma sensibilidade para encarar o desafio dessa mobilidade no futuro”, completa o coordenador do projeto pela UnB, Alexandre Rezende.

O Distrito Federal é o local onde a modalidade — que demanda uma piscina específica, com 5m de profundidade — é mais desenvolvida no país. Ao todo, são 150 atletas e, com a implementação do projeto, a intenção é que esse número quase dobre, chegando a 260 praticantes.

De acordo com o Termo de Execução Descentralizada (TED) assinado entre as duas instituições, a UnB receberá R$ 4,44 milhões para execução ao longo de 24 meses. Os estados que serão beneficiados com núcleos de treinamento são Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Alagoas, Paraíba, Ceará e Amazonas, além de dois no Distrito Federal, sendo um deles no Centro Olímpico (CO) da UnB.

Novos talentos

A relação de Luana Lira com a modalidade teve um início diferente. Aos 8 anos, começou a treinar saltos ornamentais em João Pessoa, na Paraíba. No final de 2014, quando se mudou para Brasília, passou a treinar no centro da UnB e, desde então, todo seu preparo e acompanhamento é feito por lá. A atleta de 24 anos já participou de campeonatos brasileiros, pan-americano juvenil, jogos pan-americanos, mundial juvenil, mundial de esportes aquáticos e etapas de Gran Prix. Em abril, disputará a Copa do Mundo de Saltos Ornamentais, em Tóquio. A competição serve de seletiva para os Jogos Olímpicos, previstos para julho, também na capital japonesa.

Depois de 7 anos praticando a modalidade no centro da UnB, a atleta elogia a dinâmica. “Além de todos os equipamentos e o ginásio, na UnB, temos a nossa equipe como psicóloga, preparador físico, massagista, tudo para nos ajudar a alcançar melhores resultados”, ressalta.

Ela acrescenta que o projeto de extensão é de suma importância para si e para outros atletas: “Essa extensão é importante para novos atletas continuarem com a modalidade e, principalmente, para novos talentos”.

Já para Kawan Pereira, o trajeto teve início mais recentemente. Em 2013, no Centro Olímpico do Gama, começou seus treinamentos, mas logo em seguida foi treinar no centro da UnB. O atleta já participou de importantes campeonatos, como o Mundial da Coreia e os jogos pan-americanos, onde obteve seu melhor resultado, na plataforma de 10 metros no salto sincronizado.

Na visão dele, além do físico, a iniciativa também fortalece a saúde mental dos atletas: “Você cresce mais rápido e vai ter mais percepção da vida nas atividades físicas. Além disso, o projeto tira muita gente das ruas, alguém que poderia estar largado está focado na modalidade.”

*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão

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