Fui buscar um livro que um leitor enviou para o jornal, quando esbarramos em uma barreira policial ao entrarmos no Eixão, próximo ao Palácio do Buriti. Logo, imaginei que havia uma manifestação dos empresários contra o lockdown. É justa a preocupação dos que vivem e geram empregos com atividades comerciais. A quebra de uma empresa é um acontecimento dramático, que afeta diretamente a vida de muitas pessoas. Pela minha observação, os comerciantes bons estão pagando pelos maus.
Algumas vezes, vou a uma lojinha de festas e compro balões para os netos. É impressionante o cuidado da dona da loja. Depois de embrulhar as compras, ela faz questão de borrifar as mãos e os pacotes dos clientes com álcool em gel. De outra parte, assistimos na tevê, a todo momento, aglomerações insanas em bares, verdadeiras coronasfest. A tragédia que vivemos é anunciada.
Os epidemiologistas, nossos atuais profetas do óbvio, avisaram que as festas do fim do ano, as celebrações do carnaval e as aglomerações do comércio terminariam nas UTIs. E, isso, quando há vaga nas UTIs. Mas parece que as pessoas querem viver como se não houvesse pandemia. Esse é, como alguém disse, nosso novo anormal.
Desde o início da pandemia, economistas detentores do Prêmio Nobel dizem que é falsa a contraposição entre economia e saúde. Sem enfrentar a pandemia, não será possível retomar a economia. A situação de caos na qual estamos mergulhados não é culpa apenas do vírus, mas também da gestão da pandemia. Não temos ministro da Saúde, não temos vacina e não temos o exemplo que vem de cima. A gestão da pandemia pelo governo brasileiro foi considerada por uma agência internacional como a pior do mundo, figurando no lugar 82 do ranking.
Acreditar nas fake news e nas mentiras do Zap é algo que contribui para o agravamento da crise. As pessoas correm o risco de morrer nas ambulâncias, sem receber atendimento médico. Diante da tragédia humana, o distanciamento social é a última chance de defender a vida. O Reino Unido pretende retomar a vida normal no meio do ano. O primeiro-ministro Boris Jonhson declarou que o sucesso do combate ao coronavírus se deve não apenas às vacinas, mas também às medidas de distanciamento social e ao uso das máscaras. Enquanto isso, no Brasil, suas excelências sabotam as únicas armas que temos.
Espero que o lockdown propicie um momento de reflexão para todos nós. Precisamos fazer manifestações na frente dos palácios para pedir a compra de vacinas em ritmo de urgência urgentíssima. É a única chance que temos de salvar nossas vidas e as vidas das empresas.
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