Entrevista

"Estamos vertendo R$ 1,2 bilhão para o caixa do GDF", afirma presidente da CEB

À frente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Edison Garcia considera o processo de privatização benéfico para o Distrito Federal e nega a possibilidade de haver aumento de tarifas em consequência da venda da estatal

Ana Clara Avendaño*
postado em 03/03/2021 06:00
Edison Garcia, no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Edison Garcia, no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A assinatura do contrato de venda da subsidiária de distribuição da Companhia Energética de Brasília (CEB-D), homologada na terça-feira (3/3), gera questionamentos em relação a possíveis aumentos no valor da conta de luz. Agora, a empresa ficará sob administração da Bahia Geração de Energia, do grupo Neoenergia. Com esse tema em foco, nessa terça-feira (3/3), o programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — recebeu o presidente da CEB, Edison Garcia.

O CEO falou sobre a alienação da empresa, defendeu a venda da CEB como algo benéfico para o DF e negou a possibilidade de haver aumento de tarifas em consequência do processo. “O lucro dessa venda é de R$ 1,7 bilhão. Imaginamos que, dentro dessa divisão de 80% para o GDF (Governo do Distrito Federal) e 20% para os acionistas minoritários, estamos vertendo algo como R$ 1,2 bilhão para o caixa do GDF”, afirmou Edison ao jornalista Vicente Nunes.

O que muda na vida dos consumidores de energia do DF com a assinatura desse contrato?
Hoje (ontem), foi assinado o contrato de compra e venda em que a CEB (Companhia Energética de Brasília), como vendedora, transferiu a titularidade das ações que detinha da CEB Distribuição para o grupo Neoenergia. Houve a liquidação da transferência e a liquidação financeira, por meio da qual o banco da B3 (a Bolsa de Valores brasileira) transferiu para nossa conta do BRB (Banco de Brasília) R$ 2,51 bilhões, quitando e liquidando a operação de venda das ações. Temos grande expectativa de que os investimentos feitos pela Neoenergia — de R$ 211 milhões, apenas este ano — em novos equipamentos, na rede (elétrica), na frota (de veículos para serviço) e na criação de novos empregos nos darão uma boa expectativa de melhora da qualidade de serviço para a população. Todo o conceito que norteou o GDF (Governo do Distrito Federal) a fazer esse processo de privatização foi em função da necessidade de investimentos novos na companhia, porque ela vinha de um processo de desequilíbrio econômico, de falta de investimento e de fadiga de material.

Haverá aumento na conta de luz?
O reajuste tarifário que vai sair agora, em princípio, não tem nenhum efeito sobre o trabalho que vai ser desenvolvido pela Neoenergia de 2021 a 2026. De uma conta de R$ 100, a energia custa, mais ou menos, 40%. Para trazer essa energia da usina até a cidade, custa 7%, ou seja, de R$ 100, a energia mais a distribuição custam 47%. Para transportar a energia, a CEB cobra 15%. Então, a tarifa dedicada à distribuição custa 15%, e a diferença são os impostos. Quando se fala de problema de aumento na conta de energia, de barragem vazia, sazonalidade, estamos tratando da tarifa de remuneração da usina. Não tem nada a ver com distribuição.

O que muda para os trabalhadores da CEB?
Tudo o que tenho ouvido do presidente da Neoenergia e, pela história que eles têm, é que o empregado que quiser trabalhar e se dedicar à companhia será muito valorizado e bem-vindo, mas quem quiser ganhar salário e não quiser trabalhar terá dificuldades.

Dos R$ 2,5 bilhões que entraram nos cofres, quanto fica para o DF?
Há pagamentos de impostos, que dão, mais ou menos, 34%. Eles incidem sobre a diferença entre o valor histórico da companhia, que estava em R$ 800 milhões. O lucro dessa venda é de R$ 1,7 bilhão. Imaginamos que, messa divisão de 80% para o GDF e 20% para os acionistas minoritários, estamos vertendo algo como R$ 1,2 bilhão para o caixa do GDF.

*Estagiária sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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