Às vésperas de completar um ano desde o primeiro caso de covid-19 registrado oficialmente, o Distrito Federal vive um momento, agora, em que os jovens adultos são o grupo que mais demanda atenção. A avaliação é da professora do curso de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB) Carla Pintas, entrevistada de ontem do programa CB. Saúde — parceria do Correio e da TV Brasília. “Os pacientes que estão, hoje, nas unidades de saúde, são mais novos e sem comorbidade. Ou seja, o tempo de internação desse usuário é maior e, por isso, estamos entrando no colapso”, afirmou Pintas durante a entrevista à jornalista Carmen Souza. Confira os principais pontos da conversa:
Um ano de pandemia
“O primeiro caso de covid no DF foi muito próximo do primeiro nacional. Logo em seguida, o governador decretou lockdown e fechamento dos serviços. Essa é uma medida extremamente importante do ponto de vista epidemiológico, porque se conseguiu frear um pouco o número de casos novos. Eram muito mais casos importados do que locais. E isso mostra, para quem ainda não acredita, que as medidas de distanciamento, restritivas de acesso a serviços ainda são as melhores para a contenção da pandemia. Tivemos um grande número de casos em julho e agosto [do ano passado] e depois um decréscimo. Aí veio Natal, ano novo, férias e carnaval, e estamos nesta situação hoje. (…) Tivemos um desenho interessante. Começou no Plano Piloto, com pessoas que vieram de uma viagem internacional, como foi no resto do país. A gente começa a ver a situação da pandemia, da doença e da expansão quando ela chega nos grandes rincões de pobreza e desigualdade desse país. No DF, temos isso muito claro. O Entorno e as cidades que fazem divisa são as mais afetadas. Hoje, o maior número de casos está em Ceilândia. É a maior cidade em números populacionais, mas também é uma população extremamente vulnerável.”
Lockdown
“Era (o momento de decretar lockdown). Acho até que poderia ter sido uma semana antes, considerando que vínhamos percebendo um aumento importante no número de internações. Esse é um indicador muito interessante de começar a olhar. Não só nos casos, mas também no número de internações por covid-19. Os pacientes que estão, hoje, nas unidades de saúde, são mais novos e sem comorbidade. Ou seja, o tempo de internação desse usuário é maior e, por isso, estamos entrando no colapso. “
Jovens
“Vimos que os idosos se isolaram, evitaram contato com os familiares, os filhos deles cuidaram para que eles não tivessem contato. Mas os jovens estão na rua fazendo aglomerações, festas e encontros de forma muito desmedida. Precisa ter um pouco mais de inserção sobre essa população, como acontece nas propagandas de controle ao uso do álcool, do tabaco e de dirigir embriagado. As questões educacionais neste momento são fundamentais.”
Mudanças nos decretos
A condução deve ser única e precisa. O Governo do Distrito Federal tem os dados, tem bons epidemiologistas e tem um grupo técnico da Secretaria de Saúde muito capacitado. Ouvir essas pessoas é fundamental. Um decreto que a todo tempo muda, as pessoas ficam sem entender. Obviamente, o prestador de serviço vai se rebelar. O fechamento é importante, mas deve ser feito com cautela, com orientação para a população para que ela saiba que não basta o comércio estar fechado, sendo que ela está andando de ônibus lotado pela cidade.
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