Com camisetas pretas, microfones nas mãos e no alto de um trio elétrico, comerciantes de Ceilândia fizeram, ontem, uma carreata no centro da cidade contra o fechamento de setores e serviços. A medida, decretada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), passou a valer no domingo. Às 9h30, cerca de 50 pessoas se reuniram em frente ao Shopping Popular de Ceilândia para protestar contra as ações restritivas que interromperam atividades consideradas não essenciais. Cerca de 20 motoristas acompanharam a manifestação.
O trânsito da região ficou lento por alguns minutos. Com buzinaço, os participantes reivindicaram, dizendo palavras de ordem como “Lockdown não funciona, lockdown não tem base científica, lockdown mata, lockdown coloca pessoas na miséria, na ruína, gera desemprego, fome, depressão e desgraça”. O Correio tentou contato com a organização do ato e com alguns dos manifestantes, mas ninguém quis dar entrevista.
Esse foi o quarto protesto contra a suspensão das atividades registrado no DF nesta semana. No domingo e na segunda-feira, cerca de 500 empresários se juntaram em frente ao Palácio do Buriti para fazer uma manifestação com a mesma pauta. Com faixas e cartazes, os participantes alegavam que o comércio da capital federal não sobreviverá a mais um fechamento. Na terça-feira, um grupo ateou fogo em pneus na BR-070, durante outro ato, bloqueando a pista no sentido Taguatinga.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), decidiu proibir o funcionamento de parte das atividades por 15 dias, para conter o aumento de casos da covid-19 e a superlotação de unidades de terapia intensiva (UTIs). No entanto, ontem, o chefe do Executivo local tirou mais alguns tipos de estabelecimentos do decreto que trata do assunto. Atividades educacionais presenciais da rede privada de ensino e academias de todas as modalidades esportivas poderão funcionar a partir de segunda-feira — com restrições a qualquer tipo de aula coletiva.
Por volta das 11h de ontem, outro protesto ocorreu. Dessa vez, na Comercial Norte, em Taguatinga. Os manifestantes seguiram em carreata, com buzinaço e acompanhando outro trio elétrico. No discurso, um dos líderes do movimento dizia que o cancelamento das aulas seria uma proposta para que “crianças não tivessem merenda escolar ou educação para reivindicar os direitos delas no futuro”. “Isso é para (elas) não saberem protestar. Mas a gente precisa de todos vocês. Sabem quando pessoas sem instrução conseguem fazer o mundo mudar? Quando elas se unem”, gritava um dos líderes.
Por outro lado, na terça-feira, um grupo de profissionais da educação e pais de estudantes promoveu uma carreata no Eixo Monumental, em apoio às medidas de restrição impostas pelo governo distrital. Participaram cerca de 400 pessoas, que demonstraram preocupação com o desrespeito aos protocolo de segurança durante a pandemia, principalmente nas salas de aula. Eles defendiam que as escolas permanecessem com as atividades apenas na modalidade remota. A manifestação ocorreu no mesmo dia em que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) havia pedido o retorno imediato das aulas presenciais na rede pública de ensino.
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