Crônica da Cidade

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por Mariana Niederauer
postado em 07/03/2021 22:55

Luta diária e incessante

Todo dia é um marco para as mulheres. Sobreviver e viver numa sociedade que exclui e agride constantemente pela condição de gênero é uma vitória diária. Contra tudo e contra todos, erguemos nossos lares, construímos nossas relações, moldamos nossas carreiras e criamos nossos filhos. Algumas alcançam todas essas metas ao mesmo tempo. Outras precisam abrir mão de várias delas para tentar conquistar alguma.
Apesar de todas as evidências, os negacionistas preferem apostar num modelo patriarcal que há muito se mostra ineficiente para atender as demandas de um mundo globalizado. Quando meninas e mulheres têm acesso à educação, as comunidades onde vivem tendem a vivenciar esse sucesso em conjunto. É sinal de mais qualidade de vida pelo resto da vida. Levadas por esse espírito feminino, que não é apenas feminista nem somente maternal — mas é tudo isso e mais um pouco —, elas impulsionam o crescimento de famílias e povos pelos continentes. Fazem florescer em terrenos áridos.
Não se enganem. Não somos todas iguais, muito menos carregamos os mesmos anseios e objetivos. E respeitar essas diferenças faz parte do que esperamos de pessoas genuinamente comprometidas em nos respeitar. O preconceito que permeia nossas vidas, às vezes, também desnorteia nossas ações. Temos muito ainda o que aprender, não somos perfeitas. Precisamos ensinar nossos filhos a serem homens amorosos e delicados. Mostrar para nossas filhas que as opções estão ao alcance delas e que elas merecem viver os sonhos que sonharem.
Mas esse aprendizado não pode mais ocorrer de uma postura de submissão. Nós lutamos, e essa é palavra, porque o suor e as lágrimas escorrem de nossas faces e o grito extravasa o peito quando a dor é dilacerante. A luta por trabalho, renda, saúde, educação e segurança é constante. Não nos peçam paciência no momento de explicar que o machismo mata. Que faz vítimas entre homens e mulheres diariamente. Que destrói nossos lares e traumatiza nossos filhos. Que é uma chaga enraizada no que há de mais retrógrado e injusto nesse tecido social.
Este 8 de março é dia de lembrar disso tudo. Mas a celebração das mulheres deveria ser cotidiana, pelas conquistas que a todo tempo se esforçam para atingir. Negá-las é reverenciar um passado decadente em que as questões de gênero eram negligenciadas e impedir que aconteça um futuro mais humano. E como precisamos de humanidade neste momento. No aqui e agora, o que podemos garantir é que as mudanças estão apenas começando e temos a força sobre-humana para levá-las adiante.

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