Com as medidas restritivas impostas pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), em 28 de fevereiro, por 15 dias, comerciantes e shoppings têm investido em atendimento e entrega de produtos por take-out e drive-thru. Diante da proibição de circulação de clientes dentro das lojas, alguns empresários driblam a crise com promoções, kits e retirada da venda por aplicativo.
Um dos empresários que traçou alternativas para atender os clientes nessas condições é Eduardo Camargo, 49 anos, à frente do operacional do Dudu Bar, na 303 Sul. Ele conta que criou o PF do Dudu, com um prato feito para cada dia da semana. Na compra, o cliente ganha um desconto de 20% caso opte por pegar o pedido na loja. “O prato custa R$ 35, no take-out, para quem optar pela retirada. Não acredito que nenhuma atitude que tomemos, em nível de delivery, por exemplo, consiga recuperar a venda com a casa aberta. Vamos supor que vendo R$ 100 mil em uma semana com a casa aberta. Por aplicativo, vou receber R$ 70 mil, porque 30% é deles”, explica o chef de cozinha.
No caso de shoppings, as lojas adotaram sistemas específicos, com regras para take-out definidas pelos próprios responsáveis dos estabelecimentos.
O restaurante Mayer Sabores do Brasil, na 116 Sul, que leva o nome da empresária Keli Mayer, 45 anos, é outro que tem investido no take-out de produtos. Ela reconhece que o maior cuidado, neste momento, é com a limpeza da mercadoria. “A questão é que existem duas realidades, quando a pessoa recebe uma comida embalada e quando vai à loja. Por isso, tomei muito cuidado na questão do transporte das embalagens” ressalta. “O cliente pode comprar porções para levar para casa e escolher os acompanhamentos. Fiz um risoto da chefe, que vou mandar três tipos de opções: camarão, cogumelos e filé mignon com queijo gorgonzola, por exemplo”, conta Keli.
Estratégias
À frente do restaurante Sabor dos Sertões há 14 anos, Sergio Gonçalves, 53, vende marmitas por take-out. Com o preço entre R$ 18 e R$ 40, ele começa a servir a clientela às 11h até as 15h. “Trabalhamos com um tipo de carne para cada marmita, o que varia o preço da embalagem. Vendo mais o bife acebolado, estrogonofe de frango e peito de frango. Para facilitar as vendas, temos uma lista de contatos no WhatsApp com clientes mais próximos. Aí mandamos o cardápio logo cedo, preparamos os produtos e deixamos no balcão para buscarem”, detalha.
A proprietária da Gentil Café, Pausa & Prosa, na 410 Sul, Cristine Gentil, está funcionando com horário reduzido, das 12h às 19h, de segunda a sexta-feira, e no sábado, das 10h às 19h. “Colocamos 10% de desconto em todo o cardápio para take-out, do cafezinho aos pratos de almoço. Se a pessoa combinar uma sobremesa, bebida e um prato de almoço, aumentamos o desconto para 15%. Além disso, temos um cardápio de encomendas”, detalha Cristine.
» Palavra de especialista
Retirada de produtos veio para ficar
O lockdown é uma realidade que vai ficar a curto prazo, tendo em vista dados epidemiológicos que temos. A situação afeta todas as áreas da economia, inclusive bares e restaurantes. Só que esses comércios e outros serviços de lazer têm uma característica diferente de outros setores: a recuperação deles é em V — em que há uma grande queda no faturamento e a volta rápida, no patamar de antes. No caso de bares e restaurantes, pode ser até maior. Isso porque as pessoas vão ficando dentro de casa e vão criando uma demanda por lazer, por diversão para quando a pandemia passar. Mas, neste período de isolamento social, os empresários estão buscando alternativas para continuar vendendo. Uma delas é o take-out. Esse formato é extremamente interessante e muito usado em países do hemisfério norte, pois lá a população tem o hábito de fazer as refeições em praça públicas e outros espaços da rua. É muito vantajoso para ambas as partes. No delivery, o consumidor fica muito tempo esperando. Como todos os restaurantes estão trabalhando nesse sistema, sobrecarrega o serviço de entrega e prolonga a espera das pessoas. O take-out pode ser mais interessante, porque reduz o custo de motoboys, gasolina e terceirização de serviços.
Benito Salomão, economista
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Luta por flexibilização
Para o novo presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Aparecido, eleito na sexta-feira, serviços de atendimento ao cliente, como o take-out e drive-thru, tornam-se uma boa opção para as pessoas com comorbidades evitarem o contato direto com os vendedores. “O serviço de drive-thru virou moda na pandemia. E claro que auxilia as pessoas que têm restrição de sair de casa, além do lado econômico. Virou uma opção fantástica para os grupos de risco. O serviço de take-out também, sem contar com toda a higienização dos produtos”, analisa.
Aparecido adiantou que conversará com presidentes de sindicatos associados à federação para elaborar proposta de novas medidas de segurança que flexibilizem os protocolos de segurança contra a covid-19. A intenção é apresentar a proposta ao Governo do Distrito Federal (GDF) nesta semana. “Estamos com uma segunda onda e temos de intensificar esse serviço para evitar que piore ainda mais a situação. Tenho reunião com vários sindicatos da federação nesta segunda-feira e vou pegar todas as sugestões para verificar como o governo pode avaliar. Estamos discutindo algumas medidas de segurança para levar ao governo e ver se conseguimos, gradativamente, abrir o comércio”, conclui.