A volta do duelo entre Lula e Bolsonaro
A decisão do ministro Edson Fachin que considerou a Vara Federal de Curitiba incompetente para processar e julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agrada a vários grupos, mas principalmente lulistas e bolsonaristas. Com o petista liberado para voltar ao jogo eleitoral, retoma-se a polarização entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro que divide a maior parte do eleitorado brasileiro. Para quem torce pela reeleição, esse duelo é a grande chance de sucesso de ver Bolsonaro mais quatro anos no Palácio do Planalto. Pela rejeição ao PT e a Lula, muita gente pode tampar o nariz e seguir com Bolsonaro. Petistas enxergam da mesma forma. O ódio ao presidente e seus filhos pode fazer com que muitos eleitores engulam a contrariedade com a volta ao passado de poder do PT. Quem vai ganhar essa queda de braço? Um detalhe ou outro bem trabalhado na campanha.
Salvo por Fachin
Apesar de ver suas sentenças naufragarem, Sérgio Moro pode dormir mais tranquilo. Ao discutir a competência da Vara de Curitiba, em vez da parcialidade no julgamento do ex-presidente Lula por corrupção, o ministro Edson Fachin livrou o ex-juiz de um possível constrangimento de ver seu trabalho julgado na arguição de suspeição. É aquele velho ditado: vão os anéis e ficam os dedos.
Adversário preferido
Duas deputadas muito ligadas a Bolsonaro, Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), quase comemoraram a decisão de Fachin. As duas anunciaram que Lula se tornou novamente elegível.
Risco de prescrição
O mais provável é o ex-presidente Lula ganhe a elegibilidade sem nunca chegar a ser absolvido das denúncias de corrupção. Para o MP, a tendência é de que os processos prescrevam até porque os prazos, para Lula que tem mais de 70 anos, contem em dobro. Comentário do procurador Deltan Dallagnol: “Processos envolvendo o ex-presidente serão retomados em breve em Brasília, mas com reais chances de prescrição. Várias questões serão rediscutidas nos tribunais. Nada disso, contudo, apaga a consistência dos fatos e provas, sobre os quais caberá ao Judiciário a última palavra”.
Eles já não falam a mesma língua
O presidente Jair Bolsonaro criticou o lockdown e o toque de recolher, com multa de até R$ 2 mil por descumprimento, adotados no DF, por meio de decretos do governador Ibaneis Rocha (MDB), para reduzir a propagação da covid-19. Em entrevista na saída do Palácio da Alvorada, à equipe da CNN, Bolsonaro afirmou: “Lamento o fechamento indiscriminado como em Brasília, com toque de recolher. Isso é inadmissível. O lockdown deixa mais pobre quem já é pobre. Então critico sim o governador (Ibaneis) porque sou cidadão e moro em Brasília”.
Câmara das Deputadas
Flávia Arruda (PL-DF) presidiu ontem, no Dia da Mulher, a Câmara dos Deputados, representando as 77 mulheres da Casa. Ela falou sobre a importância da presença feminina na Mesa, citou a Câmara como “Câmara das Deputadas” e enviou mensagem para as filhas, reforçando o desafio de milhares de mães.
À QUEIMA-ROUPA
General Paulo Chagas
Candidato ao Palácio do Buriti em 2018
“Para se livrar do problema da ‘rachadinha’, ele (Bolsonaro) esvaziou a Lava-Jato”
Está decepcionado com Bolsonaro?
Muito decepcionado.
O que levou a isso?
A mudança de foco. Voltamos ao tempo do Presidencialismo de Coalizão.
O Centrão?
Sim. Além disso, para se livrar do problema da “rachadinha”, ele (Bolsonaro) esvaziou a Lava-Jato. Colocou Kassio Nunes no STF para fazer mais do mesmo na área da impunidade.
Acha que os discípulos de Bolsonaro foram injustos com o Moro?
Muito. E, sem dúvida, com a intenção de dificultar as investigações na ALERJ e do senador Flávio Bolsonaro.
E a casa do 01. O que achou?
Um tiro no pé! Em certos termos, um deboche.
E a condução da crise da covid?
Incompetência e medo da responsabilidade de assumir a condução geral do problema. Achou mais fácil e menos perigoso reduzir a importância da ameaça. Agora está correndo atrás do prejuízo.
Por que não usar máscara? Por que criticar o lockdown? Não dar importância para as vacinas? Preferir um spray israelense? Por quê?
Ele (Bolsonaro) é teimoso e vaidoso. Não tem humildade para admitir que errou. Ele acredita que é um “mito”, um iluminado por Deus, predestinado a salvar o Brasil.
O senhor acredita que Moro pode ser o candidato da direita à Presidência?
Um dos! Há outros que precisam ser sondados e estimulados na hora certa. O que não podemos é ter mais de um candidato.
Muita gente acha que, apesar de tudo, Bolsonaro é imbatível. Acredita nisso?
Não.
Os militares vão seguir com Bolsonaro?
Quais militares?
Em geral. Os que estiveram com ele na eleição. Muitos já se arrependeram, como o senhor... Mas há vários outros.
Como você vê, ele não é mais unanimidade entre os militares. Além disso, só para começar, existem 42,5 milhões de brasileiros, que não votaram em Jair Bolsonaro nem no Haddad, em busca de um nome
Acredita que Bolsonaro ainda tem o apoio do general Mourão?
Não acredito. Os indícios indicam que ele está tão decepcionado quanto eu. Além disso está sendo desconsiderado pelo presidente da República. Mourão não é vaca de presépio.
Bolsonaro se sente ameaçado por Mourão?
Ele (Bolsonaro se sente ameaçado por qualquer um que tenha luz própria e que não precisa dele para sobreviver na política.
Como Moro?
Sim. como Santos Cruz, como Bebiano.
Quem deveria ser o próximo ministro do STF, no lugar de Marco Aurélio?
Alguém honesto e comprometido com a Justiça e não com amigos. Alguém que não deve favores, porque deles não precisa.
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