Eixo capital

Ana Maria Campos
postado em 10/03/2021 22:58
 (crédito: MINERVINO JUNIOR                    )
(crédito: MINERVINO JUNIOR )

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Situação se agravou e hospitais estão em colapso
O governador Ibaneis Rocha (MDB) e integrantes de sua equipe pareciam abalados ontem, como nunca se viu desde o início da pandemia. Técnicos da Secretaria de Saúde alertavam para os prognósticos de piora na contaminação por covid, mortes e colapso hospitalar nos próximos 15 dias. O problema é que a ficha ainda não caiu para muitas pessoas que já haviam se acostumado com a pandemia. A situação é bem mais grave agora. Há risco de falta de atendimento ou cuidados precários para pacientes, inclusive com outras doenças porque hospitais das redes pública e particular estão lotados. Ibaneis já começou a cogitar abrir leitos em hotéis para pacientes que precisem de isolamento.

Lockdown total
O ex-deputado Geraldo Magela (PT) é uma das vozes favoráveis ao lockdown total no DF. “Numa hora como a que estamos vivendo agora, o governador Ibaneis precisa ter coragem de tomar decisões antipáticas mas necessárias. É preciso fechar os comércios totalmente por 15 dias. Só deixar funcionar o que for realmente imprescindível. Só assim vamos parar a contaminação e salvar vidas.”

Remanejamento no MPDFT
O procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou projeto de lei ao Congresso que modifica o quadro de pessoal do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) transformando cargos de técnico em procuradores ou comissionados. Serão 141 cargos de técnicos transformados para 8 de Procurador de Justiça e de cargos comissionados do MPDFT. Sem aumento de despesas.

O efeito Lula: PT se fortalece para eleições no DF
O jogo mudou. Lula só não será candidato se não quiser. Jair Bolsonaro chega às eleições já com a pecha de velha política e ainda desgastado pelas escolhas que fez durante a pandemia e no processo da rachadinha envolvendo o filho 01, Flávio Bolsonaro. Enfraqueceu o discurso da novidade e do combate à corrupção. Precisa vacinar a maioria da população brasileira e frear a pandemia para pensar em reeleição. Enquanto isso, Lula defende a vacina, planta sonhos de recuperação e união. O reflexo nos estados parece evidente. Em redutos eleitorais bolsonaristas, como Santa Catarina e até o DF, a pandemia chega forte nesse começo de 2021.

Onda empurra estados
Essa onda lulista representa o empurrão para as disputas regionais. No DF, PT vai querer ter cabeça de chapa, embora algumas tendências defendam a união das esquerdas. No PT, Geraldo Magela, Chico Vigilante, Arlete Sampaio, Ricardo Berzoini e Érika Kokay são algumas opções. O PT vai apresentar uma alternativa? Nos bastidores, fala-se na reitora da UnB, Márcia Abrahão, que tem cumprido agenda de candidata. Mas o mandato dela na universidade termina dois anos depois da eleição, em 2024, e isso deve ser um impeditivo. De qualquer forma, a onda lulista sempre carrega uma bancada maior de deputados distritais e federais.

Só papos

“Na semana que vem vou tomar minha vacina e vou fazer propaganda para o Brasil. Não siga nenhuma ordem imbecil do presidente da República”
Ex-presidente Lula

“Fomos e somos incansáveis desde o primeiro momento na luta contra a pandemia e um exemplo para
o mundo”

Presidente Jair Bolsonaro

À Queima Roupa

Gutemberg Fialho
Presidente do Sindicato dos
Médicos do Distrito Federal

“O surgimento de novas cepas, como a variante de Manaus, mostra uma maior velocidade de contaminação, maior comprometimento do organismo, recuperação mais lenta e a mudança do perfil etário atingido pelo vírus,
agora a população mais jovem”

Como está a vacinação entre os profissionais de saúde?
Só foram vacinados profissionais da rede pública e empregados dos hospitais privados que estão no enfrentamento da covid-19. Três em cada quatro médicos da cidade não foram vacinados. Essa desproporção é ainda mais grave quando se estende aos demais trabalhadores da saúde.

Quem não conseguiu ainda ser imunizado?
Quem atua em clínica privada, consultórios e ambulatórios particulares não foi vacinado, médicos da Subsaúde, da Secretaria de Economia e de outros órgãos públicos. Aí você tem uma multidão de médicos, enfermeiros, técnicos, dentistas, fisoterapeutas, enfim, profissionais das 14 profissões da saúde e ainda os trabalhadores que atuam nesses serviços em atendimento aos pacientes — todos previstos para a vacinação na primeira fase, de acordo com o Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19 do Ministério da Saúde.

Acredita que o lockdown e o toque de recolher são medidas eficientes?
Quando as políticas públicas adotadas são eficientes, as medidas restritivas são desnecessárias. Quando não são eficazes, não se faz a necessária conscientização da população para respeito ao distanciamento social e outras medidas sanitárias que precisam ser seguidas e quando se observam os exemplos do comportamento da pandemia ao redor do mundo, chega-se à situação em que as medidas restritivas tornam-se necessárias. O ideal é não deixarmos chegar a esse ponto novamente. Em setembro passado, quando a imprensa mostrava a segunda onda na Europa, eu já apontava que era precoce o fechamento de leitos de covid-19 e a desmobilização do hospital de campanha.

Qual na sua opinião deve ser a ordem de prioridades?
A prioridade número um é acelerar a aquisição e a aplicação das vacinas. Depois, garantir os insumos, como equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde, leitos hospitalares, oxigênio e insumos em quantidade adequada para assistência aos pacientes. Além disso, fazer campanha permanente de esclarecimento para a população respeitar o distanciamento social e as demais medidas sanitárias indicadas e ser mais rígido na fiscalização das aglomerações.

Por que a segunda onda veio tão forte?
Já era esperado que a segunda onda fosse tão severa ou pior que a primeira. O noticiário mostrava isso na Europa, enquanto estavam desmobilizando o hospital de campanha e os leitos covid aqui. A insuficiência de leitos torna tudo mais grave. Também ocorreu um relaxamento exagerado das medidas de distanciamento social.

Há elementos para confirmar que o vírus está mais letal?
O surgimento de novas cepas, como a variante de Manaus, mostra uma maior velocidade de contaminação, maior comprometimento do organismo, recuperação mais lenta e a mudança do perfil etário atingido pelo vírus, agora a população mais jovem. Quanto maior a velocidade de contaminação, maior a demanda por leitos, oxigênio, EPIs e outros insumos necessários à assistência. Preocupam-nos especulações sobre eventual falta de oxigênio.

 

 

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