Eixo capital

Ana Maria Campos
postado em 11/03/2021 22:40 / atualizado em 11/03/2021 22:49
 (crédito: Breno Esaki/GDF)
(crédito: Breno Esaki/GDF)

A força da imagem da tragédia como forma de sensibilizar as pessoas

Uma bem-sucedida campanha de segurança no trânsito na Austrália obteve resultados na redução de acidentes por meio do terror. Cenas fortes de tragédias no asfalto sensibilizaram motoristas sobre os riscos de beber e pegar o volante ou descartar equipamentos de segurança no carro, como a cadeirinha que protege a criança. No Distrito Federal, o governo pegou carona na ideia. Uma campanha nas redes sociais relacionada à pandemia do novo coronavírus, que começou a ser veiculada ontem, impressiona bastante também, ao exibir imagens fortes de pacientes, como forma de sensibilizar as pessoas para a gravidade da situação no Distrito Federal.

 

O próximo pode ser você

Em cards postados nas redes sociais do GDF e do governador Ibaneis Rocha, as recomendações passadas são: use máscara, não aglomere, higienize as mãos. O apelo é forte. Um homem na UTI, com a mensagem “o próximo a precisar de um leito pode ser você”. Em outra postagem, a foto de um homem com auxílio mecânico para respirar, e o texto: “Isso é uma intubação”. Também se vê um idoso com traqueostomia, e o recado: “Essa foto poderia ser de alguém que você ama”. Uma cruz e a mensagem: “A dor que dói no outro também pode ser a sua”. A ideia do GDF é produzir também alguns filmetes com cenas de pacientes chegando em estado grave nos hospitais.

 

Tempestade perfeita

A ideia de tocar o terror nas fotos da campanha publicitária partiu do governador Ibaneis Rocha. Nos dias que antecederam a divulgação das peças, ele recebeu relatos sobre dribles no toque de recolher, festas clandestinas, crescimento da taxa de transmissibilidade, aumento do número de mortes e contaminações e fila de espera por leitos de UTI nos hospitais públicos. A tempestade perfeita.

 

Escolhas entre vidas e votos

O presidente Jair Bolsonaro aumentou o tom das críticas às medidas de restrição adotadas pelo governador Ibaneis Rocha para salvar vidas. Bolsonaro chamou de “estado de sítio” o toque de recolher entre 22h e 5h e disse que só ele ou o Congresso poderiam adotar tal medida. A pandemia está afastando dois aliados que poderiam estar juntos nas próximas eleições, possivelmente até na mesma chapa. Mas o colapso da saúde, se não forem tomadas medidas firmes e rápidas, pode também representar o desastre eleitoral, além da perda de vidas humanas. Ibaneis não quer afundar a biografia.

 

Missão de Izalci na pandemia

Na reunião de ontem, com governadores sobre o enfrentamento à pandemia nos estados, o presidente da comissão temporária criada para acompanhar as ações contra a covid-19, senador Confúcio Moura (MDB-RO), designou tarefas específicas aos colegas. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) foi designado para os contatos com o Ministério da Economia. Ele também vai analisar, ao lado do senador Marcos Rogério (DEM-RO), a carta em que 21 governadores defendem a ampliação da vacinação contra a covid-19 e manifestam apoio a medidas restritivas.

 

Vacina candanga vai pra Bahia

O governo da Bahia pode ser o primeiro a comprar a Sputnik V diretamente sem passar pelo Ministério da Saúde. A negociação deve avançar numa reunião marcada para hoje. Os baianos querem aproveitar a sanção pelo presidente Jair Bolsonaro do projeto que autoriza estados, municípios e empresas a adquirirem os imunizantes diretamente dos fabricantes. Sem perda de tempo. As doses serão produzidas no Distrito Federal e viajarão mais de mil quilômetros até a Bahia.

 

Aglomeração

Os rumores que circularam ontem sobre um possível fechamento de supermercados causaram alvoroço. Vários moradores correram para abastecer a casa. Resultado: aglomerações e filas.

 

Fila de espera

Até a noite de ontem, 225 pacientes aguardavam na fila por um leito de UTI na rede pública do DF. Nos hospitais particulares, a taxa de ocupação estava em 88%.

 

 

Só papos

“Você não precisa gostar do Lula para entender a diferença dele para o Bolsonaro. Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo. Um defende a vacina, a ciência e o SUS; o outro defende a cloroquina e um tal de spray israelense”

Deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)


“Tem diferença nenhuma com o Lula. Vocês são farinha do mesmo saco: estão sempre procurando formas de se dar bem às custas do povo brasileiro. Aliás, está com saudades do Mensalão na política doméstica e do trabalho movida por propina da Odebrecht na política externa, Botafogo?”

Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

 

 

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  • Breno Esaki/GDF
    Breno Esaki/GDF Foto: Breno Esaki/GDF
  • Ed Alves/CB/D.A Press - 3/2/21
    Ed Alves/CB/D.A Press - 3/2/21 Foto: Ed Alves/CB/D.A Press - 3/2/21
  • Najara Araujo/Camara dos Deputados - 1/9/20
    Najara Araujo/Camara dos Deputados - 1/9/20 Foto: Najara Araujo/Camara dos Deputados - 1/9/20
  • Mandel Ngan/AFP- 30/8/19
    Mandel Ngan/AFP- 30/8/19 Foto: Mandel Ngan/AFP- 30/8/19

… E Mourão diz que governo não pode causar pânico

 (crédito: Bruno Batista/VPR)
crédito: Bruno Batista/VPR

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro prevê caos com o lockdown decretado por estados e o DF, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o governo não pode fazer “um discurso de pânico”. Ele afirmou que o pronunciamento mais taxativo da cúpula do Executivo federal não aconteceu antes porque isso é “um processo”. Ontem, um ano depois da decretação da pandemia no Brasil e no mundo, Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, classificaram a situação da pandemia como “grave”.


“Na nossa forma de pensar, não compete ao governo causar pânico. Compete ao governo tomar as medidas necessárias para que se resguarde a saúde da população e também a sua capacidade de gerar renda”, enfatizou Mourão.


Questionado sobre a possibilidade de acontecer no Brasil o que vem ocorrendo nos Estados Unidos, onde planos de saúde e até mesmo o governo têm sido processados por conta do uso da cloroquina, Mourão disse não acreditar que o caso possa se repetir no país.


“Eu tomei ‘esse troço’ e ‘tô’ aqui. Então, faça uma enquete para valer com todas as pessoas que se curaram, qual foi o remédio que foi utilizado”, disse. O vice, porém, fez uma ressalva, frisando que a prescrição é sempre do médico: “Cada médico escolhe um protocolo no sentido de tentar curar um paciente”, argumentou.

Apuração

Na quarta-feira, o procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), informando que tramitam na instituição, para apuração disciplinar, quatro notícias de fato contra Bolsonaro e ministros do governo em razão da defesa da uso de cloroquina, azitromicina e ivermectina no tratamento da covid-19, sem comprovação científica.


A indicação foi feita à ministra Rosa Weber, que encaminhou à PGR uma notícia-crime do PDT contra o presidente. Aras indicou que a instituição já estava a par das questões levantadas pelo partido e pediu que a queixa-crime fosse negada, em razão das apurações preliminares já abertas.
“Os fatos narrados pelo noticiante já são de conhecimento da Procuradoria-Geral da República, no âmbito da qual tramitam, para apuração preliminar, a Notícia de Fato 1.00.000 014993/2020-01, instaurada em desfavor do noticiado, bem como outros procedimentos instaurados em desfavor de ministros de Estado em tese envolvidos nos fatos. Caso surjam indícios mais robustos da possível prática de ilícitos pelo requerido, serão adotadas as medidas cabíveis”, registrou o PGR no documento.


Na notícia-crime apresentada ao Supremo, o PDT acusou Bolsonaro de expor a vida ou a saúde de pessoas a perigo direto e iminente. “Houve excessiva difusão da cloroquina, com prováveis ilegalidades no gasto do dinheiro público, quando não há sequer estudo científico que comprove a eficácia do medicamento no combate e prevenção ao novo coronavírus”, alegou a legenda.

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