Eixo capital

Ana Maria Campos
postado em 12/03/2021 23:22
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Hospital da Criança vai ampliar leitos de UTI e da enfermaria
A Secretaria de Saúde do DF pediu ao Hospital da Criança José Alencar a ampliação de 10 leitos de UTI e 20 para enfermaria, no remanejamento que está promovendo para abrir vagas de atendimento para pacientes com covid-19. Até o momento, três crianças foram transferidas, e a ideia é tratar pacientes pediátricos até mesmo que não estejam enquadrados no perfil da unidade — dedicada a pacientes crônicos ou com doenças de alta complexidade. Para ressarcir essas despesas adicionais em relação ao enfrentamento da pandemia, a Secretaria de Saúde já deve R$ 9.574.214,84 ao Hospital da Criança, dentro do contrato de gestão. E a conta vai aumentando para salvar vidas. No ano passado, 135 crianças com covid-19 foram tratadas lá. Uma não sobreviveu.

 


Cuidados com os pequenos
Entre os casos infantis que assustam estão os que desenvolvem a chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, que afeta os vasos sanguíneos e atinge crianças e adolescentes entre zero e 19 anos. Trata-se de uma complicação rara. A Secretaria de Saúde informou, ontem, que suspeita de 45 casos desde o início da pandemia. Com uma morte. Foram 31 crianças com até nove anos e 14 até 19. O único paciente que morreu era adolescente. Os sintomas começaram primeiro de agosto, em evolução final em 25 dias depois. O número de mortes entre crianças e adolescentes no DF indica que a covid-19 não é uma doença típica dessa faixa etária. Entre os mais de 5 mil óbitos, oito tinham menos de 19 anos.

 


Parceria com ex do presidente
Desde que assumiu o mandato na Câmara, a deputada Celina Leão (PP-DF) ampliou a rede de contatos políticos. Principalmente no meio bolsonarista. Tanto é assim que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e mãe do filho 04, Jair Renan, agora é sua secretária parlamentar. A nomeação saiu nesta semana. “Ela é muito boa de política e do acompanhamento do Legislativo. É uma parte que conhece bem”, afirma Celina. As duas ficaram amigas no ano passado.

 


À QUEIMA-ROUPA

Rafael Sampaio
Presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciária (ADPJ)

 

Que ponto da PEC Emergencial causa contrariedade aos policiais civis e federais do país?
A PEC Emergencial é fundamental para a concessão do auxílio aos mais necessitados e, nesse ponto, concordamos com ela. Mas criar gatilhos fiscais permanentes que, quando acionados, impedem a contratação de pessoal, a recomposição salarial, a concessão de qualquer benefício aos servidores, reestruturação de carreiras, etc., independentemente de qualquer circunstância e por prazo indeterminado nos parece desarrazoado. Especialmente, quando a aprovação desses gatilhos é colocada como condição para a aprovação do referido auxílio. Entendemos que misturaram assuntos desconexos e isso não foi honesto. Assim, foi um claro ataque aos servidores públicos do Executivo, a “granada no bolso dos servidores” a que o ministro Guedes se referiu naquela malsinada reunião.

O governo Bolsonaro pede uma cota de sacrifício para as categorias nesse momento de pandemia. É uma exigência descabida?
Cremos que toda a sociedade está dando a cota de sacrifício, a inflação alta está de volta, basta ver o aumento dos preços dos combustíveis, arroz, feijão... A nossa moeda foi a que mais desvalorizou no mundo, ou seja, o empobrecimento é geral e a temida venezualização de nossa economia está aí. Não bastasse o enfrentamento dessas circunstâncias, os servidores civis foram os mais sacrificados na Reforma da Previdência, em 2019, que impuseram perdas reais de salário em volume considerável, a exceção foram os militares, que inclusive ganharam um reajuste com a reforma da previdência. Além disso, se tem que haver cota de sacrifício que seja geral e que alcance os mais favorecidos, o que não aconteceu, já que os gatilhos não se aplicam ao Legislativo, Judiciário, MP e Defensoria. Todos sabem onde estão os supersalários nesse país, esses não serão alcançados pela PEC Emergencial e todas essas medidas do governo de austeridade são cheias de exceções, ou seja, quem paga é só o servidor do Executivo.

Muita gente sem emprego e empresas quebrando. Servidores públicos estão em posição privilegiada?
A estabilidade no serviço público não se confunde com privilégio. É, na verdade, um método universal de proteção das políticas de estado e manutenção de serviços essenciais. Desse modo, pode parecer um privilégio para aqueles que perderam o emprego ter estabilidade, mas ela tem custos para nós, já que temos exclusividade, não temos FGTS, não temos participação em lucros e outros benefícios próprios da iniciativa privada. Temos que lembrar, também, que a iniciativa pública promove justiça social, visto que pulveriza recursos na economia. Hoje, com o achatamento salarial que sofremos, os servidores não estão se capitalizando, ao contrário estão se endividando, tanto que o Congresso aprovou o aumento da margem consignável, e esses recursos fazem girar a economia.

E a vacinação? Quando chega à área de segurança?
Eis a questão. Não sabemos, o que sabemos é que esse governo que foi eleito sob promessa de valorização da Segurança Pública, priorizou a vacinação dos presos em detrimento da vacinação dos policiais. Ressaltamos que os índices de contaminação dos policiais é quase quatro vezes maior do que a população comum e que não podemos exercer nossa função de home office. Se esse Governo fosse tão eficiente para vacinar como está sendo para destruir o serviço público, a população brasileira já estaria toda imunizada.

Há risco de rompimento com o governo Bolsonaro?
Sem dúvida. O que vemos no seio das forças, especialmente as civis (PF, PCs, PRF, guardas municipais, penitenciários, etc.) é desesperança com esse governo e um profundo sentimento de abandono.

 

Só papos

“Enfia a máscara no rabo”
Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

 

“Isso aí é o álibi que muita gente quer para terceirizar sua responsabilidade. O presidente, o filho têm um certo tropismo por essa região anal”
Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde

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