MÚSICA

Péricles Cavalcanti revisita repertório para celebrar três décadas do álbum de estreia

No ano em que o álbum de estreia, 'Canções', completa três décadas, Péricles Cavalcanti revisita repertório

Devana Babu*
postado em 14/03/2021 06:00 / atualizado em 31/03/2021 21:07
 (crédito: Diego Ciarlariello/Divulgação)
(crédito: Diego Ciarlariello/Divulgação)

“Eu canto à maneira de Heráclito: o fogo, o transe, a transmigração. Você dormiu: nunca nos banhamos no mesmo rio.” Assim diz um trecho da canção Canto maneiro, de Péricles Cavalcanti, presente no álbum de estreia Canções, que completa 30 anos em 2021. A antepenúltima música do álbum se tornou a primeira do repertório de uma série de lives comemorativas dos 30 anos do disco.

O show foi transmitido, inicialmente em 27 de fevereiro, mas, pelos próximos quatro sábados, sempre às 18h, ele será reexibido com o acréscimo de faixas diferentes e novas versões das músicas, a cada edição. “O que está ali (no álbum) é o que podia ser feito, e o que ia ser feito. Depois disso, não é mais o mesmo eu. E eu gosto muito de experimentar coisas novas. Não há como repetir. O rio já não e mais o mesmo. E você já não é o mesmo”, correlaciona o compositor, em entrevista ao Correio.

Péricles compõe regularmente desde os anos 1970, quando foi lançado como compositor pela cantora Gal Costa, que gravou a música Quem nasceu?. Mas o primeiro álbum dele como intérprete só nasceu em 1991, incluindo a música lançada por Gal e o clássico Elegia, gravado pelo amigo Caetano Veloso, entre músicas da safra das décadas anteriores e músicas novas feitas para o trabalho. Caetano, inclusive, divide os vocais com Péricles na faixa Meu bolero, enquanto Lulu Santos participa do dueto no Blues da passagem.

Esse tipo de parceria é corriqueiro na carreira de Péricles, que foi regravado por Adriana Calcanhotto, Gilberto Gil, Simone, Arrigo Barnabé, Fafá de Belém, Tetê Espíndola e até Cássia Eller, na música Eu queria ser Cássia Eller. Pode-se dizer, portanto, que Péricles é responsável por alguns dos grandes títulos do cancioneiro popular brasileiro.

O álbum de estreia do compositor ganhou forma pelos esforços da amiga e cineasta Susana Moraes, para quem Péricles compôs a trilha sonora do filme Mil e uma, de 1996, e que prometeu batalhar pelo disco. “E o fez. E a coisa bacana é que eu tinha liberdade total para fazer o que eu quiser. E fui armando o disco enquanto a Susana, maravilhosamente, foi à frente e juntou a Universal, viabilizou o disco e um disco em que eu teria liberdade. Tudo o que eu pensei foi feito”, regozija-se o músico.

Plataformas

Desde o início da pandemia, Péricles vem apresentando uma série de lives domésticas, que contaram até com a participação de Adriana Calcanhotto e Arrigo Barnabé. Algumas dessas lives foram focadas no Canções, o que despertou a lembrança de que o álbum completava 30 anos e ensejou as comemorações, sem contar que a Universal, detentora dos fonogramas, liberou todo o disco nas plataformas digitais neste ano.

Péricles nunca parou de lançar álbuns e singles, compões com frequência, faz parcerias com nomes da nova geração e aprecia o funk, o rap e o trabalho de artistas como Ludmila e Anitta. Mas avalia que, apesar da qualidade musical, o nível das letras caiu muito nos últimos tempos. Para ele, a qualidade das letras e arranjos de Canções é o que justifica a longevidade do álbum. “Como diria o jogador Bruno Henrique, o futebol do Flamengo está em outro patamar. Então, eu acho que o meu disco está em um patamar elevado na música popular brasileira”, avalia, sem falsa modéstia. “Tanto que essa live eu fiz com muito prazer. Não me parecia estar recuperando uma coisa ultrapassada, mas revisitando uma coisa que, em si, tem frescor e qualidade.”

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

Celebrações

Lives comemorativas dos 30 anos do álbum Canções, de Péricles Cavalcanti. Nos próximos quatro sábados (20 e 27 de março, 3 e 10 de abril), sempre às 18h, pelo canal do artista no YouTube.

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