CB.PODER

"A batalha é reabrir lojas", diz presidente da Fecomércio-DF

Empresário José Aparecido Freire destaca a importância de o setor produtivo ficar aberto, cumprindo todas as exigências de segurança contra a covid-19, para evitar mais desemprego. Renegociação de dívida está entre as prioridades

Jéssica Cardoso*
postado em 16/03/2021 06:00
 (crédito:  Vivien Dohety Luduvice/TV Brasília)
(crédito: Vivien Dohety Luduvice/TV Brasília)

Após a morte do então presidente Francisco Maia, em razão de complicações causadas pela covid-19, José Aparecido Freire foi escolhido o novo responsável por comandar a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) até 31 de maio de 2022. Em entrevista, ontem, ao jornalista Carlos Alexandre para o programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — o novo gestor se disse preparado e garantiu estar à disposição para lutar a favor do setor produtivo da capital, que vem passando por diversas dificuldades graças à pandemia. O empresário também comentou sobre as ações voltadas para pequenos comerciantes, das dificuldades enfrentadas especialmente pelo setor de bares e restaurantes e da necessidade de diálogo constante entre a Fecomércio e os sindicatos desses setores, além do Governo do Distrito Federal (GDF). Confira os principais trechos da entrevista.

 

O comércio é um segmento que emprega muito, e o desemprego está aí. A Fecomércio está atenta a essa questão? E o que ela pode fazer para ajudar?

Em primeiro lugar, a grande batalha é a reabertura das lojas. Sem a reabertura não há como se falar em emprego. Também o próprio governo federal está acenando para algumas medidas, como houve no ano passado, de fazer os acordos trabalhistas. Essas são as alternativas que nós estamos buscando, e uma delas é a prorrogação dos pagamentos de empréstimos. Inicialmente, quando esses empréstimos foram feitos ano passado, seriam para começar a vencer agora em abril, mas como as empresas vão pagar se elas estão fechadas? Nós precisamos construir uma forma para que as empresas possam honrar seus pagamentos, continuar funcionando e gerar emprego. Temos hoje no Distrito Federal mais de 290 mil desempregados, então é uma preocupação muito grande.

 

A Fecomércio está pensando em alguma ação específica para atender o pequeno comerciante que está passando por dificuldades?

Nós buscamos nos juntar ao BRB (Banco de Brasília), fizemos um convênio de juros baixos e estamos conversando sobre a prorrogação dos pagamentos que venceriam agora em abril. Estamos dialogando para ajudar. Quando se fala “vamos emprestar”, (a questão está em) como é que esses lojistas podem pegar empréstimo se eles já estão em dificuldade? A Fecomércio tem ouvido representantes de sindicatos e vendo a necessidade de cada setor. Nós temos sindicatos menores, que tem micro e pequenas empresas, e temos sindicatos grandes, então a nossa luta é constante. O nosso diálogo com esses sindicatos, ouvindo as demandas e correndo atrás, vai ser até o último dia. Na sexta-feira mesmo, o governador editou um decreto parcelando os IPTUs das empresas de bares e restaurantes e de algumas outras, isentando a cobrança das taxas de puxadinhos. São essas demandas que os sindicatos vão levando para a Fecomércio e que nós vamos trabalhando no dia a dia. É muito difícil, neste período de pandemia, a gente até fazer um planejamento semanal, porque cada dia é uma demanda diferente, mas nós estamos dispostos a isso. Eu estou preparado. Sou do sistema há mais de vinte anos, conheço o sistema, a realidade do sindicato e todo o setor de comércio do Distrito Federal.

 

No segmento varejista como um todo, existem alguns nichos que o preocupam mais por estarem mais fragilizados? E o que se pretende fazer com eles?

Os bares e restaurantes e os salões de beleza são alguns. Nós estamos em constante conversa com os presidentes desses sindicatos, vendo qual é a realidade, o que eles precisam no momento. Estamos levando essas demandas individuais para o governo, que tem sido sensível. A dificuldade desses setores tem sido muito grande, principalmente nas empresas menores.

 

Tem pontos específicos sobre esses setores que eu gostaria de saber a sua opinião. Por exemplo, em São Paulo, há uma discussão dos bares e restaurantes abrirem pelo menos no horário do almoço. O que o senhor pensa dessa e de outras ideias?

São ideias boas. É a questão da flexibilização e alternância de horários. A minha sugestão para Brasília é a que foi utilizada no ano passado: que os shoppings abram de segunda a sábado, das 12h às 20h. Já seria um gargalo muito grande. No domingo, (os shoppings) ficariam fechados e, realmente, retiraria a aglomeração, porque os shoppings cumpriram todos os protocolos, inclusive contadores de pessoas que entravam no shopping. Quando o número de pessoas excedia, ninguém mais entrava enquanto não desafogasse, então são protocolos que foram cumpridos. Os bares e restaurantes também fizeram o cumprimento de todos os protocolos. O grande problema que temos são os botequins, que muitas vezes não têm licença e funcionam de qualquer maneira: as pessoas andam sem máscara, inclusive quem está atendendo, não cumprem os protocolos, não tem álcool em gel. São esses que a gente tem visto nos fins de semana e no período noturno sendo autuados e, muitas vezes, até fechados.

 

Em relação aos comportamentos inadequados dos clientes que geram punições aos comerciantes, como a Fecomércio vê isso?

Os comerciantes cumprem os protocolos. Durante o ano passado, a Fecomércio teve várias reuniões com o governo, várias sugestões de protocolo e a grande maioria (do comércio) cumpre. Só que quando é penalizado, ocorre no total: são todas as empresas de um determinado ramo que são penalizadas. É difícil analisar individualmente cada empresa, então o governo geralmente analisa pelo setor.

Nesse caso, não seria mais interessante dividir por aglomeração no lugar de segmento? Por exemplo, estabelecimentos que recebem até 200 pessoas é uma regra, e os que recebem acima seria outra.

É uma ideia interessante que a gente precisa discutir e construir junto com o governo, até para facilitar a fiscalização. Quem tem o poder de fiscalizar é somente o DF Legal. Os sindicatos não têm esse poder, então fica um pouco complicado do sindicato falar que não são todos os comércios. É uma coisa que tem que ser bem conversada, detalhada, e, com certeza, nós vamos chegar a um ponto de abrir todo o comércio do Distrito Federal.

 

Confira a íntegra do programa:

 

* Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

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