PANDEMIA

Maior média móvel de mortes do ano no DF reforça importância de medidas

Número em alta reforça importância das medidas de restrição para conter circulação do vírus enquanto campanha de vacinação não alcança maior parte da população. Mais de 300 pessoas com suspeita ou confirmação da doença aguardavam por leito de UTI ontem

Ana Maria da Silva
postado em 22/03/2021 06:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

A crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19 não dá sinais de redução e os indicadores de contaminações, hospitalização e mortes pela doença seguem alarmantes na capital federal. A média móvel de óbitos atingiu o maior patamar do ano e está em 38, o que representa aumento de 114,7% na comparação com 7 de março. Apesar dos esforços do governo local para a abertura de novos leitos, 311 pacientes com suspeita ou confirmação da doença aguardavam, até ontem, por uma vaga em unidade de terapia intensiva (UTI) na rede pública. A taxa de ocupação permanece alta, acima de 96%. Para conter o avanço da doença, afirmam especialistas, manter as medidas de restrição de circulação e acelerar a vacinação são essenciais.

“Quanto maior for a circulação do vírus e quanto mais demorarmos a vacinar as pessoas, mais chance daremos para o surgimento de novos vírus mutados e resistentes às nossas defesas. Portanto, por pior que seja o cenário econômico, não há alternativa: temos que diminuir a circulação do vírus usando as medidas sanitárias já amplamente divulgadas”, avalia Andréa Maranhão, professora de imunologia no Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) (leia Artigo). Ontem, o Eixão do Lazer teve aglomerações. Mesmo com máscara, a indicação das autoridades sanitárias é para que se mantenha o distanciamento, evitando contaminações.

A partir de hoje, os 42 pontos de vacinação contra a covid-19 do DF passam a receber idosos de 69 a 71 anos. A ampliação do grupo prioritário foi possível com a chegada de 48,2 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde no sábado. A nova fase da imunização terá início às 13h, excepcionalmente. Nos demais dias, os pontos em unidades básicas de saúde abrem às 8h e, em drive-thru, às 9h. Não é necessário agendamento. De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, não há previsão de término desta etapa, mas há vacinas para imunizar todos as 42.924 pessoas que fazem parte desta faixa etária.

A notícia foi motivo de festa para a família da aposentada Ana Lúcia Antunes de Mello, 69 anos. “Fiquei muito feliz quando soube”, conta. Ela explica que o momento de espera foi de muita apreensão. “Eu faço parte do grupo de risco. Estou em isolamento social desde o ano passado e tenho saído apenas para comprar o essencial, com o uso de máscara e fazendo a devida higienização dos produtos que adquiro”, explica.

O anseio pela “picadinha” da vacina é grande, mas Ana afirma que ainda vai adotar as medidas sanitárias necessárias para manter sua segurança e a de toda a família. “Como é a primeira dose, continuarei mantendo os protocolos, usando máscara, mantendo a higienização, distanciamento e cuidado com o próximo”, determina. Para aqueles que ainda aguardam a imunização, a aposentada diz: “É só felicidade. Todos devem se vacinar. É a única saída para nossa segurança e solução para os momentos difíceis que temos vivido”, completa.

O objetivo do governo é seguir com a vacinação aos fins de semana. Ontem, a aposentada Sandra Rosa da Conceição, 73, aproveitou para receber a primeira dose do imunizante. “Há dois meses, eu não tinha vontade de vacinar, porque tinha medo da reação à vacina, mas depois fui vendo muitas pessoas se vacinando, e percebi que não estavam dando contraindicação. Aí, resolvi me imunizar”, explica. Acompanhada do filho, Sandra se diz confiante. “Pelo jeito que essa doença está no mundo, a gente tem mais é que se cuidar, vacinar pra ficar bem”, diz.

Os planos da aposentada para quando receber a segunda dose são simples. “Quero poder ir até a minha igreja, que não vou há certo tempo. Além disso, quero ir ao supermercado, porque amo fazer compra”, brinca. Após receber a vacina, Sandra deixa o recado para aqueles que, como ela, desconfiaram da procedência do imunizante. “Opte em se vacinar. É muito melhor se prevenir do que ficar na indecisão e acabar doente”, completa.

Ontem, postos drive-thru ficaram abertos, das 9h às 15h, para atender os idosos sem a necessidade de agendamento. São três locais: Estacionamento 13 do Parque da Cidade, Shopping Iguatemi e Faculdade Unieuro, em Águas Claras. Esses mesmos locais funcionarão aos sábados para receber o público que não conseguir se vacinar ao longo da semana. Durante a semana, o atendimento ocorre em 47 pontos de vacinação, sendo 14 de drive-thru.

A mão que pressiona o algodão após receber a primeira dose da vacina é motivo de orgulho para o aposentado José Rodrigues de Souza, 72. “Eu gostaria que tivesse sido antes”, conta. O idoso aproveitou o domingo para ir até a faculdade Unieuro, em Águas Claras, receber a primeira dose do imunizante. “Me deixou emocionado, porque é algo que estávamos esperando. Eu estava ansioso, porque já vivi até aqui, mas quero viver mais e com saúde”, explica. Agora, José espera a segunda dose. “Se pudesse receber amanhã, ia achar ainda melhor”, brinca.

Acamados

Dentro do grupo prioritário para receber a vacina contra a covid-19, estão os pacientes acamados, que podem agendar a vacinação por meio do site da Secretaria de Saúde, desde que estejam na faixa etária .
Segundo a pasta, o agendamento de vacinas para acamados deve ser feito pelo site: vacina.saude.df.gov.br. Ao acessar, é preciso informar os dados pessoais, como CPF, Cadastro Nacional de Saúde, endereço e o motivo de o paciente estar acamado. As equipes de saúde receberão os dados para checagem e posterior agendamento pelo número de telefone cadastrado. A pasta reforça que não serão solicitados dados pessoais, como número de CPF, no momento desse contato, “uma vez que as informações preenchidas no site estarão em poder dos profissionais”.

Colaborou Darcianne Diogo

 

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